Se a poluição dos céus desceu a olhos vistos durante os períodos de confinamento devido à pandemia de COVID-19, houve uma aceleração digital sem precedentes para fazer frente às necessidades das pessoas isoladas: o teletrabalho, o ensino digital, o e-commerce e a procura geral de comunicações digitais. E por isso, o sector das tecnologias de informação e comunicação (TIC) são agora responsáveis por 3 a 4% das emissões de carbono, a nível global, representando, por exemplo, o dobro do nível do sector da Aviação, segundo um estudo da Boston Consulting Group.
O sector das telecomunicações vai estar sob escrutínio nos próximos anos pelo seu impacto ambiental. Isto porque se prevê um crescimento de 60% de utilização de dados a nível global este ano, e que mantendo este ritmo, o sector pode ser responsável por até 14% das emissões globais até 2040.
É assim necessário, segundo os especialistas, que sejam feitos investimentos em eficiência energética, assim como energias renováveis para compensar esse efeito. Estima-se que o uso de data centers vai consumir 8% da eletricidade global até 2030.
O que fazer para tornar as TIC mais “verdes”?
O estudo avança que para contrariar as previsões dos especialistas, as empresas devem adotar medidas concretas para diminuir o seu impacto ambiental. E até agora têm faltado normas e políticas comuns para acompanhar este flagelo para o planeta. Estima-se que, no sector das telecomunicações, 90% das suas emissões sejam geradas em atividades da cadeia de distribuição, tais como o consumo de energia dos seus fornecedores. As empresas devem começar a exigir uma maior transparência na pegada feita pelos seus fornecedores. Estes devem comprometer-se a melhorar, e ter este problema em mente durante o processo de seleção dos fornecedores.
Existe um indicador que foi criado para captar as quatro dimensões mais relevantes para a estratégia ambiental de uma empresa de telecomunicações, o Telco Sustainability Index. Este acompanha o compromisso das organizações com a sustentabilidade, eliminação de resíduos, capacitação dos seus clientes e a intensidade de emissões, tanto da empresa, como parceiros em toda a cadeia de distribuição.
Felizmente, a indústria está consciente desses fortes indicadores e tem vindo a aumentar a preocupação dos decisores em diminuir a sua pegada carbónica, seja de forma direta como indireta. “A maioria das grandes empresas de telecomunicações comprometeram-se a reduzir a energia necessária por unidade de tráfego em cerca de 70% até ao final desta década”, refere o estudo. A BCG estima que a tomada de ação da indústria das TIC poderá eliminar até 15% de todas as emissões globais até 2030, correspondente a mais de um terço do total das reduções necessárias para cumprir os objetivos de sustentabilidade global. Os especialistas dizem que, no total, poderiam ser poupados 12,1 gigatoneladas de carbono, o equivalente a mais de 5 mil milhões de euros.
Também prevê um crescente interesse e pressão dos próprios consumidores sobre as empresas de TIC, para que acelerem as suas estratégias de sustentabilidade. Já as gerações mais jovens demonstram predisposição em pagar mais 10% por produtos de telecomunicações que sejam mais sustentáveis e “verdes”.
Segundo José ferreira, managing director e partner da BCG, a sustentabilidade começa a ser cada vez mais um fator de escolha ou exclusão dos produtos de telecomunicações por parte dos consumidores. E por isso, o sector vai enfrentar uma grande pressão nos próximos anos. Conclui que as empresas que se transformarem e liderarem as políticas de sustentabilidade, não só vão beneficiar de condições mais competitivas, como fidelizar mais clientes.
Conclui que é necessário que as TIC olhem para a sustentabilidade como uma oportunidade para gerarem valor, captarem investimento, e como uma ferramenta para gerar poupanças de custos ou obter novas receitas, através da eficiência energética, dos possíveis preços a praticar e da fidelização dos seus clientes.
Nota de redação: notícia atualizada com mais informação. Última atualização 12h08.
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