Na última década, as empresas de telecomunicações não conseguiram crescer ao mesmo ritmo da economia nem conseguiram refletir o crescimento conquistado em valorização bolsista, ficando abaixo do desempenho do resto do sector tecnológico. Um novo estudo fez as contas e revela que as telecom cresceram menos 680% que o resto das tecnológicas no índice S&P 500 na última década e aponta o caminho para reforçar essa capacidade de crescimento.

Segundo o relatório The Ideal Telco da Oliver Wyman, divulgado no Mobile World Congress, as empresas de telecomunicação para crescer têm de melhorar a posição no mercado a longo prazo e otimizar a capacidade de converter receitas em liquidez.

Para pôr no terreno a primeira condição é preciso que exista “uma visão partilhada entre operadores e responsáveis políticos”, capaz de garantir dinâmicas de concorrência sustentáveis, uma diferenciação clara entre marcas premium e de baixo custo e capacidade para fomentar a lealdade dos clientes.

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Já no que se refere à capacidade de otimizar valor, a pesquisa diz que os operadores devem implementar estratégias comerciais e multimarca diferenciadas, aproveitar tecnologias como a inteligência artificial para melhorar a segmentação e a personalização das suas ofertas, e procurar expandir-se para além do negócio principal. A sugestão aqui vai para as ofertas B2B, entre empresas.

Para atingir estes objetivos com menor esforço de investimento devem tirar partido das tecnologias disponíveis e simplificar o negócio. O investimento em infraestruturas também é apontado como crítico, mas sublinha-se que deve ser gerido de forma estratégica, para maximizar o impacto. Isto é, deve estar focado nas “capacidades que sustentem uma diferenciação competitiva e fazendo investimentos inteligentes para reduzir o custo total”.

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Os autores do estudo acreditam que esta visão vai ajudar as empresas a assegurar um crescimento anual das receitas entre 2% e 3%, e um crescimento do cash flow entre 3% e 5%. Vai contribuir também para aumentar as suas avaliações de seis a sete vezes o EV/EBITDA para nove a onze vezes o rácio entre os mesmos indicadores. O EV/EBITDA relaciona o valor da empresa com o EBITDA, que apura o lucro antes de juros e impostos. É um indicador popular na avaliação da solidez das empresas cotadas.

A pesquisa aponta ainda um conjunto de fatores de considera chave para favorecer o desempenho das operadoras de telecomunicações e melhorar os seus EV/EBITDA. Entre eles, recorda que as redes de telecomunicações passaram de simples fornecedores de conectividade a ativos estratégicos para a segurança nacional. Ao nível da regulação, destaca a tendência para um repensar das estruturas de mercado atuais, olhando para aquelas onde os níveis de investimento não são os desejados e para a qualidade de serviço que se pretende manter.

Os autores do estudo acrescentam ainda que a próxima onda de inovação tecnológica será mais longa, previsível e incremental, em comparação com os avanços tecnológicos anteriores. Também notam que os operadores tradicionais, em mercados maduros, estão hoje mais focados na expansão do mercado e dos seus serviços, do que no crescimento da sua quota de mercado.