No primeiro trimestre do ano a Nokia perdeu terreno para os principais concorrentes vendo a sua quota de mercado global na área dos telemóveis passar dos anteriores 34,6 por cento, para 28,9 por cento. Os dados foram revelados pelo Gartner Group e são atribuídos à pouca diversidade de modelos lançados no período, mesmo esses com pouco sucesso, e a algumas dificuldades de relacionamento com os operadores.



Só na Europa Ocidental a fabricante finlandesa perdeu 10 por cento da sua quota de mercado, revela o documento que é visto como um dos principais indicadores mundiais sobre o crescimento do mercado móvel.



Ben Wood, analista do Gartner, justificou à Reuters que o actual portfólio de equipamentos da Nokia é pouco competitivo face à oferta dos seus principais concorrentes e a dificuldade da operadora em conseguir oferecer equipamentos personalizáveis a cada fornecedor de serviços tem também dificultado a manutenção da sua quota.



Por oposição aos resultados obtidos pela Nokia, o estudo revela que o mercado de telemóveis está a crescer, tendo mesmo recuperado algum vigor face a trimestres anteriores, com o contributo dos mercados emergentes. No período em análise o Gartner registou um crescimento de 34 por cento nas vendas globais de telemóveis, para os 153 milhões de unidades.



Para alguns analistas a perda de terreno da Nokia coloca em causa as previsões de resultados da operadora para o segundo trimestre do ano, que poderão vir a ser revistas em baixa. A Nokia havia já alertado para falhas no seu portfólio de produtos para a gama média, admitindo (no início do ano) que teria de sacrificar a sua rentabilidade até que a questão estivesse resolvida, enquanto iniciava uma política de redução de preços por forma a compensar a diminuição das vendas.



Ainda assim os números da Nokia pouco coincidem com os indicadores do Gartner. No final do primeiro trimestre do ano a fabricante anunciava uma subida de 19 por cento nas vendas terminais (o correspondente a 44 milhões de equipamentos), valor que ficava abaixo do crescimento do mercado, mas que nas contas da Nokia representava uma queda na quota de mercado da ordem dos 2 por cento.



Os números do Gartner, que são definidos com base nas vendas ao consumidor, indicam ainda que a Motorola terá, no mesmo período, aumentado a sua quota de mercado global de 14,7 por cento, para os 16,4 por cento. Da mesma forma, a Samsung atingiu uma quota de 12,5 por cento do mercado, contra os anteriores 10,8 por cento. A Siemens ocupa o quarto lugar da tabela com uma quota de 8 por cento e a Sony Ericsson está em quinto lugar nas vendas mundiais com 5,6 por cento.



O estudo do Gartner destaca ainda mercados como o brasileiro e russo pelo crescimento acelerado que certamente contribuirão para a previsão de vendas globais anuais de 600 milhões de equipamentos.



Por sua vez, os mercados norte americano e da Europa Ocidental são também mencionados pelos ritmos de vendas no mercado de substituição. De sublinhar que já em 2003 o mercado de substituição foi o grande motor de crescimento das vendas de equipamentos móveis, prejudicando também neste caso a Nokia, que colocou no mercado modelos pouco ousados e pouco competitivos com os seus concorrentes, iniciando a trajectória de redução da quota de mercado que agora acentua.



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