Durante anos, as mulheres debateram-se por um papel mais activo na sociedade. A luta continua a ser travada e Viviane Reding, comissária europeia com a pasta dedicada à Sociedade de Informação, continua apelar à igualdade dos sexos no sector das Tecnologias de Informação e Comunicação.

Segundo a responsável, mantém-se o estigma que liga os homens às profissões mais tecnológicas, uma tendência errada e que coloca de lado o "potencial feminino", explicou em França no âmbito de um encontro mundial dedicado a mulheres com papéis de destaque no panorama político e industrial.

Neste apelo, a comissária explica que são necessárias mais "Cyberellas", um termo que à primeira vista remete o pensamento para a personagem dos contos infantis… a Cinderela.

Seja ou não um apelo feminista, Viviane Reding considera que o aproveitamento do potencial feminino será suficientemente forte para que se chegue a 2010 com uma das metas cumpridas: 300 mil funcionários qualificados ao serviço das TIC.

O objectivo de Reding é simples e passa apenas por incentivar as mulheres a abraçarem profissões nas TIC e a ajudarem a combater a falta de profissionais qualificados no sector.

" A capacidade da Europa recuperar após a crise económica e financeira dependerá de uma forma alargada […] da inovação competências do sector das TIC", explicou a comissária frisando que este segmento, que representa actualmente 5 por cento do produto interno bruto europeu, contribui para 50 por cento do total do crescimento da produtividade, sendo por isso um dos sectores com mais dinamismo.

Dada a importância do segmento, Viviane Reding classifica a escassez de pessoal qualificado no meio de "alarmante". Segundo a responsável faltam 10.100 funcionários qualificados em TIC na Bélgica, 18.300 na Polónia, 2.800 em Itália, 4.300 em França, 41.800 em Espanha e 87.800 na Alemanha, algo preocupante tendo em conta que este último país é "a maior economia europeia", frisou.

Actualmente, o número de licenciadas em engenharia "representa menos de 20 por cento do total […] e apenas 30 por cento dos cientistas e engenheiros a trabalhar na Europa são mulheres", salientou.

Posto isto, a comissária insiste que "há que olhar de frente" para as adversidades e por em prática todo o potencial das mulheres que, actualmente representam apenas pouco mais de 16 por cento do total de funcionários em TIC na Europa.

"Precisamos de mais Cyberellas", ou seja, mulheres "que utilizarão as suas qualificações cientificas para obter um emprego atractivo no segmento das TIC, construindo o seu caminho para uma posição de topo", explicou referindo que estas serão as responsáveis pela "moldagem" do panorama económico-social do futuro.

É com base nesta realidade que Viviane Reding quer levar os incentivos mais longe lançando, em parceria com a indústria, um "Código Europeu das Melhores Práticas para as mulheres no sector das TIC", que tem como objectivo acabar com os estereótipos relativos ao trabalho neste sector. Espera-se que a indústria dê o seu parecer ao código antes do Dia da Mulher de 2009.