As ferramentas de videoconferência tornaram-se essenciais durante a pandemia de COVID-19, especialmente durante os períodos de confinamento que obrigaram ao teletrabalho e ensino em casa. E se não seria de estranhar que as gigantes tecnológicas como a Microsoft expandisse o Teams, o Google o Meets e o Facebook o seu Messanging, há um ano atrás talvez ninguém tivesse ouvido falar no Zoom. É atualmente uma das ferramentas mais populares do mercado.

Começou com 10 milhões de reuniões diárias em dezembro de 2019, e em abril tinha 300 milhões de utilizadores a fazer chamadas numa base diária, originando 3 biliões de minutos em videoconferências no Zoom. No último quarto, a empresa gerou mais receitas do que todo o ano fiscal de 2019. Mas qual seria o seu pensamento em janeiro de 2020, quando estava a planear o seu ano com a equipa, e longe de pensar que ia “estalar” uma pandemia? A resposta parece óbvia: estaria a prever resultados em linha com os de 2019 ou anteriormente 2018. Longe de esperar o sucesso que chegou com a pandemia.

Com o sucesso demonstrou-se bastante excitado, por um lado, pelo resultado de um trabalho de anos que traria muitos frutos. E todos os empregados partilhavam dessa felicidade. Por outro, a responsabilidade de como lidar com o sucesso e crescimento da plataforma trouxe-lhe algumas “preocupações” acrescidas, pois a plataforma tinha de acompanhar esse sucesso.

Zoom
Zoom Eric Yuan, fundador e CEO do Zoom

Eric Yuan chegou aos Estados Unidos da China há cerca de 20 anos, e conseguiu-se estabelecer depois de ver rejeitado oito aplicações de visa. Chegou no período da explosão da internet, repleto de ambições para acompanhar essa evolução, mesmo sem saber bem como o fazer. Acabou por entrar na equipa da Webex como um dos primeiros empregados, migrando para a Cisco onde ficou à frente de uma equipa de 800 colaboradores, saindo depois para começar a sua própria empresa em Silicon Valley.

Até conseguir lançar a sua tecnologia do Zoom, Eric Yuan viu muitas rejeições de investimento, mas as soluções de videoconferência, na sua opinião não eram muito boas e acabou por manter a sua visão para a sua plataforma. Antes de se tornar uma empresa pública, o crescimento era orgânico numa linha ascendente, mas nunca esperava que esse crescimento disparasse, potenciado pela pandemia e a necessidade das pessoas se conectarem.

Em jeito de brincadeira, confessou estar divertido por ser o “caloiro” no mundo de Wall Street, depois da Zoom se ter tornado uma empresa pública. E como mudou a sua rotina depois do sucesso? Na sua resposta, não mudou muito, mas sim, olhou para dentro e teve de reajustar algumas rotinas do seu dia-a-dia, por ter mais reuniões (via Zoom) mas nunca deixou de guardar alguns minutos para meditar.

Falando das questões de segurança de que foi criticado, o líder da empresa afirma que fez sempre tudo para manter a plataforma segura, mas foi obrigado a aprender muito rapidamente com os erros. Outro impacto na empresa com o sucesso foi o aumento de trabalhadores, o que obrigou a novas formas de comunicação interna e claro, a passagem da cultura aos novos colaboradores. E a equipa que começou a empresa será “competente” para continuar a liderar este novo “monstro”? Essa pergunta sempre foi considerada, mesmo a nível interno e privado, e o desafio foi adaptar-se e melhorar, mas ao mesmo tempo potenciar os novos colaboradores para que possam igualmente crescer. “Todos nós aprendemos sempre algo novo, todos os dias”.

E que conselhos daria agora, que gostaria de ter recebido antes da pandemia? Na sua resposta, continuar a fazer o que faz melhor e com gosto, mas manter a paciência para os novos desafios que surgem. Sobretudo deve-se gostar do que se faz. Olhando para si, continua a ser a mesma pessoa, a ser feliz no que faz, e tem como principal preocupação fazer feliz os seus empregados. E quanto mais bem-sucedido mais quer trabalhar “porque é aquilo que mais gosto de fazer”. Deixa o conselho a quem tem uma ideia: execute.

E depois da pandemia? O que vai acontecer ao Zoom depois desta crise? Talvez seja a menor das preocupações do líder da empresa, desejoso que se encontre a cura para a doença. Eric Yuan acredita que o futuro passe não pelo regresso definitivo ao escritório, mas sim a um conceito híbrido, e por isso, para as empresas e trabalhadores que continuam a trabalhar em casa, continuem a utilizar o Zoom. Dando um exemplo, antes da pandemia perdia-se demasiado tempo em viagens, quando se poderia fazer videochamadas. Acredita que no mundo pós-pandemia continuará a explorar as vantagens das comunicações em vídeo.