A Maksen anunciou recentemente a abertura de um escritório no Brasil, uma decisão que coloca a empresa, de forma direta, em 3 continentes. António Lagartixo, global managing partner da consultora portuguesa, explicou ao TeK as prioridades da empresa no que se refere à internacionalização. Metade do negócio da Maksen já é feito fora de Portugal e o plano é continuar a reforçar o peso dos negócios realizados fora do país.

Hoje a empresa conta com 200 colaboradores em Portugal e pretende recrutar mais 30 este ano. Faz consultoria TI em várias áreas, um tipo de serviço que, assegura António Lagartixo, as empresas continuam a comprar, ainda que o momento económico possa ter tornado as decisões de investimento mais criteriosas.

TeK: A Maksen anunciou recentemente a abertura de um novo escritório em São Paulo no Brasil para consolidar a presença da empresa neste país. O que representa hoje o Brasil no vosso negócio e quais são as expectativas com esta nova presença?

António Lagartixo: O lançamento da atividade operacional da Maksen no Brasil e a posterior abertura do nosso escritório em São Paulo constituiu uma decisão inserida na estratégia global da Maksen de internacionalizar a sua operação e de construir uma rede de member firms o mais alargada possível. Com esta nova estrutura, passamos a estar presentes com escritórios em 3 continentes, reafirmando a nossa estratégia de globalização.



Esta decisão foi tomada antes da deterioração mais acentuada do ambiente económico em Portugal, sendo que naturalmente a crise que atualmente se sente nos mercados europeus acentua o rigor e pragmatismo que é necessário assegurar em todas as decisões de gestão relacionadas com a abertura de novas operações internacionais da Maksen.



Entendemos que é fundamental para uma empresa de consultoria como a nossa possuir uma rede global de operações que providencie know-how especializado nas diversas temáticas que trabalhamos. Hoje em dia, a globalização dos recursos é total uma vez que é necessário possuir uma capacidade de mobilização rápida e eficaz permitindo oferecer as melhores soluções aos nossos clientes.



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TeK: Em termos globais qual o peso dos negócios internacionais na atividade do grupo?



António Lagartixo:
O peso da atividade da Maksen em Portugal na operação global ainda é considerável uma vez que a nossa presença em território nacional já se encontra numa fase mais madura que as outras operações, ainda numa fase mais jovem de crescimento ou de lançamento.



Assim, o peso da atividade internacional face à atividade desenvolvida em Portugal é hoje de aproximadamente 50 ou 60% desta - sendo que face às elevadas performances conseguidas pelas primeiras, estou certo que o peso de Portugal no global da nossa operação irá continuar a diminuir.


TeK: Pelo que percebo os PALOP e alguns mercados europeus são os mais importantes na estratégia de internacionalização da empresa, quais as principais áreas dos projetos desenvolvidos nestes países?

António Lagartixo:
A nossa estratégia de internacionalização baseia-se numa lógica de crescimento sustentado em zonas do globo onde consideramos ter alguns fatores distintivos. O facto de termos atualmente escritórios em países de língua oficial Portuguesa foi apenas uma consequência desta orientação, e não um fim em si mesmo.



Em todos os países e mercados onde operamos, a Maksen apresenta-se organizada da mesma forma, ou seja, é composta por três divisões (Consulting, Engineering e Outsourcing) que agrupam tipologias de serviços e grupos de especialistas por setores de atividade.



Dependendo do mercado em questão, os setores de atividade primordiais na nossa atuação, variam. Por exemplo, na Europa os setores de "Telecomunicações e Media", "Serviços Financeiros" e "Energia" são os mais relevantes na nossa operação. Já no continente africano, aos setores primordiais que referimos para a Europa, adicionaria o setor da "Administração Pública e Governo" e o setor de "Infraestruturas e Recursos Naturais".



Sendo a zona do globo onde estamos mais recentemente, na América do Sul, a Maksen está, naturalmente, a capitalizar o know-how especializado existente nas indústrias trabalhadas nos outros países. Desta forma, fará todo o sentido que algumas das organizações multinacionais com as quais trabalhamos nesses países, possam vir também a ser nossos clientes naquela zona do Mundo.


TeK: Ao longo deste ano têm planos para reforçar a presença noutros mercados internacionais? Que estratégia de expansão têm delineada?

António lagartixo:
Como anteriormente referido, a estratégia global da Maksen assenta num caráter multinacional cada vez mais forte, e consequentemente, continuaremos a analisar em permanência oportunidades de entrada em novos mercados/países.



No entanto, tendo presente o estágio de maturidade atual de algumas das nossas mais recentes operações, consideramos que em 2012 será mais importante estarmos concentrados em potenciar a atividade operacional e em estruturar de forma sólida estas operações do que em despender demasiada energia no lançamento de novas operações - embora a análise contínua de oportunidades de entrada em novos países não seja descurada em momento algum.



TeK: Como olham neste momento para o mercado nacional, em termos de oportunidade de negócio para uma empresa com atividades na vossa área. Quem está a investir e no quê?


António Lagartixo:
As áreas nas quais desenvolvemos a nossa atividade de consultoria continuam a apresentar sinais claros de relevância para os nossos clientes, sendo que, em particular na Europa e em Portugal, sente-se naturalmente um maior rigor e critério na aquisição de todo o tipo de serviços.



No entanto, como atualmente estamos presentes em diferentes zonas do globo, com momentos económicos distintos, o comportamento das nossas operações não será necessariamente idêntico em todas elas nos próximos tempos.



Na Europa e em Portugal, face ao atual contexto socioeconómico, as estratégias das empresas nossas clientes têm de ser cautelosamente delineadas considerando por vezes cenários altamente arriscados e o recurso aos nossos serviços em áreas de desenvolvimento de estratégias de mercado, reorganização e otimização de estruturas e funções, programas de redução de custos, entre outras, tem demonstrado ser uma mais-valia.



Por outro lado, existe ainda um grande espaço de evolução ao nível dos sistemas, arquiteturas e tecnologias de informação. Na maioria dos casos, quando olhamos para as grandes empresas, os sistemas de informação constituem um elemento essencial no seu próprio negócio, pelo que a constante evolução dos mesmos será em si mesmo um desafio a vencer.


TeK: Qual a vossa estrutura neste momento (número de pessoas) e como se distribuem, pelas três áreas onde a empresa atua?

António Lagartixo: Em Portugal ultrapassamos atualmente os 200 colaboradores. O crescimento do nosso número de consultores tem vindo a acompanhar o desenvolvimento da Maksen e a expansão de volume de negócio que progressivamente se tem vindo a verificar.



O peso das 3 divisões (Consulting, Engineering e Outsourcing) no número de colaboradores está neste momento adequado ao tipo de posicionamento que queremos para a firma em Portugal, sendo que a maior divisão continua a ser Consulting com mais de 50% do número total de consultores.



TeK: A Maksen foi eleita uma das melhores empresas para trabalhar no ranking do Great Place do Work. Que políticas garantem esse posicionamento e quanto investem anualmente na formação dos colaboradores ou outras iniciativas de valorização dos vossos profissionais?

António Lagartixo:
É de facto um enorme orgulho sermos distinguidos três anos consecutivos como a melhor empresa para jovens trabalharem em Portugal e uma das melhores a nível global.



Na Maksen, oferecemos a cada novo consultor o espaço e a oportunidade para construir um percurso próprio dentro da firma. A possibilidade de desenvolver experiência profissional internacional, integrando projetos noutros países ou equipas locais, e a possibilidade de evolução rápida na carreira constituem elementos notoriamente motivadores para qualquer profissional e principalmente um jovem em início de carreira.



Acresce o facto de, na Maksen, realizarmos um esforço constante para fazer com que cada consultor seja integrado através da familiarização com os processos de trabalho que desenvolvemos. Após o processo de recrutamento altamente minucioso, o nosso programa de acolhimento, que comporta o acompanhamento próximo de cada novo profissional, tem como propósito fazer do consultor um membro da nossa equipa e enquadrá-lo rapidamente nos valores que definem a nossa atuação.



Naturalmente que temos diversos programas e outras ações pensadas no bem-estar e motivação dos nossos colaboradores (programas de formação nacional e internacional, protocolos com entidades diversas, apoios financeiros, eventos, oferta de café, chá e fruta, etc.) mas estamos convencidos que é este sentimento de pertença a uma equipa especial e coesa que nos distingue e que mais é valorizada.



Na Maksen, tentamos oferecer boas condições, mas apostamos essencialmente na gestão da carreira, na formação e na avaliação transparente e justa como o pilar de uma empresa de excelência para se trabalhar. Reconhecimento com base no mérito e performance (individual e de equipa) é o fator-chave.


TeK: Na informação que consultei sobre a empresa indica-se que o plano operacional prevê crescimento nas três áreas em que dividem o negócio. Durante este ano planeiam reforçar as equipas, estão a contratar?

António Lagartixo:
O crescimento da estrutura de profissionais da Maksen tem sido bastante significativo nos últimos tempos, tendo-se verificado um aumento relevante do número de professional headcounts em todas as divisões e países onde temos operações.



Temos tido capacidade de gerar emprego graças às taxas de crescimento da estrutura verificadas, reforçando a nossa convicção sobre a eficácia da estratégia de abordagem ao mercado definida em cada país.



O nosso processo de recrutamento anual deste ano de recém-licenciados está em fase terminal (estimando-se contratar aproximadamente 30 novos consultores em Portugal). O recrutamento de profissionais com experiência ou por necessidades específicas encontra-se permanentemente em aberto, sendo ativado pontualmente quando as circunstâncias o exigem.



TeK: A Maksen é especializada na área das TIC, campo em que o Governo pretende atuar para conseguir milhões de euros em poupanças anuais. Como vê o plano estratégico para as TIC e as medidas que este integra?

António Lagartixo:
Na minha opinião, é fundamental implementar um plano estratégico de sistemas e tecnologias de informação para o Governo e Administração Pública que operacionalize medidas radicais de racionalização e otimização destas áreas nos diversos organismos e instituições públicas.



O plano estratégico conhecido parece tocar em áreas fulcrais para a melhoria das TIC na Administração Pública como sejam os temas de governance, redução de custos ou adesão ao open source software, procurando desta forma estimular o crescimento económico no nosso país e a redução dos gastos públicos.



Parece-me um plano extremamente ambicioso uma vez que pretende poupar cerca de 3.000 milhões em 5 anos, mas os objetivos são claros e por conseguinte diria que o cerne do sucesso está na sua boa implementação, gestão de vários interesses (trabalhadores, áreas de negócio, ministérios com diferentes leis orgânicas, interesses políticos, concorrência aguerrida de fornecedores, etc.) que podem chocar com a capacidade de execução dos milestones planeados nos prazos apresentados.



Outra área delicada prende-se com a redução de custos que não deve ser realizada de forma descoordenada ou numa lógica de curto prazo - as decisões de corte devem ser sempre bem fundamentadas e podem acrescer outros custos pontuais necessários para uma redução sustentada de gastos (por ex. a aposta na integração informática, à semelhança do que tem sido feito em vários países europeus, trará enormes economias e ganhos de eficiência com toda a certeza).



Por conseguinte, a gestão deste 'mega' projeto deve ser levada com muita determinação, de forma rigorosa e independente e com capacidade de decisão e execução rápidas (o empowerment desta equipa é essencial).

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico




Cristina A. Ferreira