TeK: Como vê a evoluções das soluções cloud no mercado europeu, no que se refere aos níveis de adoção e à forma como as próprias soluções têm evoluído. Estamos a ser tão ambiciosos quanto a tecnologia nos permite ser neste momento, ou a crise tem condicionado indústria e clientes?
Matt Watts:
A adoção global de soluções de Cloud Computing tem sido particularmente forte nas infraestruturas partilhadas. Uma das características chave de qualquer infra-estrutura de cloud é a sua capacidade de aglomerar vários locatários. O facto de existirem infraestruturas partilhadas permite também a partilha do capital investido e dos recursos, e também dos custos, o que diminui o preço por equipamento e incrementa o rendimento.
No que diz respeito aos desafios económicos globais, estes forçaram as empresas a encontrar formas de se reinventarem constantemente (e em maior escala que os seus concorrentes) e a trazer inovação e produtos para o mercado, lidando, ao mesmo tempo, com recursos financeiros mais limitados.

Este foi também um dos grandes eixos da tecnologia Cloud, uma vez que incrementou a capacidade de armazenamento e o desenvolvimento, reduzindo custos, quer através de economias de escala (infraestruturas partilhadas) quer através de um modelo de custo operacional (Opex) em vez de um modelo de investimento (Capex).

[caption]Matt Watts - NetApp[/caption]

TeK: Nos últimos meses o tema da segurança assumiu lugar de destaque com o PRISM. Na Europa esse debate e essas preocupações alteraram a forma como as empresas olham para a cloud?

Matt Watts:
A segurança é uma questão constantemente abordada quase desde o nascimento do primeiro computador. À medida que mudamos para um modelo TI onde a computação não acontece apenas numa infraestrutura em silo mas é distribuída por vários fornecedores de software e de cloud, também o panorama que é preciso controlar e dar segurança se amplia. Na NetApp procuramos ajudar os nossos clientes a gerir e a controlar os seus dados, independentemente no número e do tipo de infra-estruturas que estiverem a ser utilizadas.
Através do Data ONTAP, que atua de forma precisa nas três áreas do Cloud Computing mais em voga - o Service Provider Cloud (Cloud Publica), o Private Cloud (Cloud Privada) e o Hyperscalar Cloud (exemplo: Amazon Web Services) - oferecemos aos nossos clientes a possibilidade de controlar e gerir dados independentemente da localização dos recursos de Cloud que se estejam a utilizar.

TeK: As medidas que muitas empresas - e até Estados europeus - se preparam para adotar na sequência do escândalo do PRISM podem vir a criar uma realidade diferente na região, face a outros pontos do globo, em termos de proteção da informação digital?

Matt Watts:
A Europa é muito heterogénea, com muitos desenvolvimentos económicos e empresariais a utilizar serviços e competências específicas de um determinado país. A legislação e a privacidade dos dados são diferentes nos vários Estados da União Europeia, e, à medida que as empresas adotam serviços e colhem benefícios fora das fronteiras dos seus países torna-se importante o controlo de um dos elementos estáticos do seus negócio: os seus dados.

TeK: O armazenamento é uma das áreas centrais no negócio da NetApp e é também uma das áreas onde o mercado tem mudado muito. A descida de preços das memórias e o aumento exponencial do volume de dados digitais marcam esta era. O que marcará a próxima, no mundo do storage?
Matt Watts:
O mundo do armazenamento de dados vive atualmente sob várias tendências, para as quais a NetApp se encontra totalmente preparada. A utilização de tecnologia Flash está a ter um crescimento exponencial, enquanto os preços descem, e a necessidade por parte dos clientes de obterem prestações melhores cresce.
Enquanto isto vai acontecendo, nós misturamos Flash com outras tecnologias de disco em arrays híbridos há vários anos, e já expedimos mais de 51 PetaBytes de Flash até à data. Além disso, temos também o equipamento NetApp EF540 e estamos atualmente a trabalhar no FlashRay, o nosso array de armazenamento totalmente Flash. Sempre estivemos, por isso, bem posicionados na Revolução do Flash.
Existe também uma necessidade crescente da parte das empresas de conseguirem complementar as suas capacidades TI tirando partido das suas ofertas de Cloud, quer estas venham de Service Providers ou de Providers de escala massiva, como o são a Amazon e a Microsoft. Já fizemos uma parceria com a Amazon, criando o NetApp Private Storage for Amazon Web Services, que permite às empresas replicarem dados para a cloud da Amazon, de forma a beneficiar dos recursos de processamento massivo de que a empresa dispõe.
A gestão de dados nestas Clouds será uma área em grande crescimento, e, associadas ao software de armazenamento Data ONTAP, que corre em várias plataformas, permitirá às empresas a construção de uma plataforma de dados que abranja estas clouds, de forma a que os dados possam ser fácil e eficientemente transferidos para o sítio certo e de forma segura, e a tirar partido das aplicações e recursos disponíveis.

TeK: Em Portugal foi recentemente inaugurado um dos maiores centros de dados da Europa - da Portugal Telecom na Covilhã. Como vê a fixação desta infraestrutura no país e o peso que pode ter na Europa?
Matt Watts:

Como a direção do IT mundial é no sentido da Cloud, torna-se extremamente importante que surjam no país centros de dados de classe mundial que ofereçam este tipo de serviços duma forma competitiva internacionalmente.
O centro de dados da Portugal Telecom é, sem dúvida, um bom exemplo disto. Acreditamos que o mesmo irá ter um papel extremamente relevante, não só a nível nacional como internacional.
O grande desafio para estes centros de dados com clouds públicas será o terem que estar totalmente preparados para interoperar quer com clouds privadas quer com outros Service Providers de Cloud de larga escala (Hyperscale Cloud Providers). A NetApp, com a sua oferta para Cloud, posiciona-se exactamente nesta área, tendo uma das ofertas mais completas do mercado na área do armazenamento e gestão da informação.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira