Entrar no mercado móvel é mais fácil do que desenvolver títulos para consolas e esta é uma oportunidade que os programadores e estúdios portugueses devem aproveitar, mas também com o apoio do Governo, sobretudo numa altura em que se fala de internacionalização.

Estas são algumas das ideias partilhadas pela equipa do Bica Studios na semana em que o TeK dedica uma atenção especial ao sector dos videojogos que está em desenvolvimento acelerado. Para tomar o pulso ao mercado falámos com vários dos intervenientes e publicámos uma montra sobre quem dá cartas no mundo dos videojogos em português, a que se somam cinco curtas entrevistas a players do mundo dos jogos de consolas e telemóveis.

As três primeiras já estão online, com Miguel Vicente a explicar a visão da Microsoft, Ivan Barroso a dar uma perspectiva da evolução nos últimos anos e Ricardo Flores a pôr os pontos nos is com a experiência da Biodroid.

Hoje publicamos as respostas da equipa do Bica Studios que já está a testar o mercado com o seu primeiro jogo móvel em Portugal, Nova Zelândia e Espanha mas que quer conquistar mais espaço para o Smash IT!.

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TeK: Já é possível fazer dinheiro com o desenvolvimento de jogos em Portugal? Como tem sido a vossa experiência?

Bica Studios:

No caso da Bica Studios ainda não, pois o nosso primeiro jogo, o Smash IT! Adventures ainda não foi lançado no mundo. Está disponível apenas em Portugal, Espanha e Nova Zelândia, ao nos encontrarmos em fase de teste para analisar métricas e recolher o feedback dos Jogadores, a fim de fazermos os melhoramentos necessários e nos mostrarmos competitivos na altura do lançamento mundial.
Mas já há algumas empresas em Portugal a subsistirem das receitas gerados pelos seus videojogos.

TeK: Os jogos móveis contribuíram para facilitar o acesso a uma rede mundial onde se pode rentabilizar mais rapidamente o investimento ou as consolas continuam a “mandar”, sobretudo com a nova geração?

Bica Studios:
São duas ligas totalmente diferentes. Fazer jogos para consolas, em especial a nova geração, ainda obriga a grandes investimentos, nomeadamente em temos de produção e com equipas que chegam às centenas de trabalhadores para fazer um jogo.
No caso dos jogos mobile, uma equipa de 5 a 10 pessoas (às vezes) conseguem fazer jogos competitivos em menos de 1 ano e têm de imediato a vantagem de poder lançar e distribuir um jogo para todo o mundo com apenas dois "clics" através da App Store, GooglePlay ou Windows Phone.
No entanto e por enquanto, quem continua a "mandar" em termos de receitas são as consolas.

TeK: Parece-lhe que o governo deveria focalizar mais investimento para apoiar as empresas e startups que desenvolvem jogos e aplicações para ajudar a criar um cluster nesta área e massa crítica?

Bica Studios:
Mas é claro! Da mesma forma que Inglaterra já o faz através de apoios a empresas de jogos que, por exemplo ficam livres de impostos no primeiro ano. Numa altura que se fala tanto em exportação é inacreditável a falta de atenção a este meio tecnológico que garante uma distribuição sem precedentes em termos de custos e eficácia. Se pensarmos hoje na Finlândia, o 1º nome que nos surge de imediato é o Angry Birds. Aliás, a Europa é líder neste momento em jogos mobile como podemos ver pelo top dos títulos mais rentáveis nas AppStores, como o Clash of Clans também da Finlândia, Subway Surfers da Dinamarca e Candy Crush da Inglaterra.
Portugal não devia ficar para trás. Temos pessoas capazes de fazer o mesmo. Só falta os incentivos, os apoios para assegurarem uma aposta mais segura nesta área.

TeK: E formação específica nesta área? Existe talento suficiente para esta massa crítica?

Bica Studios:
Sim. Em termos técnicos Portugal tem ótimos programadores e na parte mais artística o mesmo acontece. Fica a faltar o conhecimento do mercado, mas estando este sempre a mudar, podemos entrar e nos adaptar rapidamente.
E já há e começam a surgir vários cursos dedicados à produção de videojogos, inclusive licenciaturas e um mestrado. Há cada vez mais pessoas a querer fazer jogos, e embora a formação possa não ser sempre a melhor, visto basear-se ainda muito na teoria, serve de preparação a todos os estudantes que queiram entrar no mercado.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador