A CEIIA é a nova parceira do Projecto Magalhães, que a JP Sá Couto quer tornar cada vez mais sólido e mais português. No dia em que foi assinado o Memorando de Entendimento entre as duas entidades e a Intel, João Paulo Sá Couto, administrador da JP Sá Couto, respondeu a algumas perguntas do TeK sobre esta parceria e os desenvolvimentos do portátil para as escolas.

[caption]João Paulo Sá Couto, administrador da JP Sá Couto[/caption]

TeK - Pode explicar a razão da integração da CEIIA no projecto Magalhães?
João Paulo Sá Couto -
A CEIIA tem um grande know-how e experiência na concepção de produtos, mais na área automóvel, e neste momento aportamos a CEIIA porque achamos que é uma grande mais valia para o projecto Magalhães e que os seus engenheiros e designers vão fazer com que o projecto Magalhães seja cada vez mais sólido e cada vez mais português.
Desde o início do projecto tentámos cativar o máximo de entidades portuguesas e temos óptimas empresas de concepção e design que podem trazer mais-valias no projecto Magalhães. Começamos aqui uma nova etapa. Muita gente falava que o nosso projecto não é um projecto português. Evidentemente que é um projecto português e cada vez mais português. E no futuro todos irão ver o que as empresas portuguesas, e a sinergia entre elas, poderão fazer.

TeK - Como se vai concretizar esta parceria?
JPSC -
Hoje assinámos o memorando, mas a CEIIA já trabalhou com a JP Sá Couto na concepção de outros produtos. O que estamos aqui a dizer é que vamos ter um empenho e uma obrigação neste projecto, criando uma focalização e com certeza que vamos ter novos produtos fruto dessa sinergia...

TeK - O desenvolvimento do Magalhães será na continuação do conceito do Classmat, ou na reinvenção desse conceito?

JPSC - O computador Magalhães dentro do projecto Magalhães é apenas uma ferramenta. O computador portátil Magalhães é baseado na primeira geração do Classmate. O que nós queremos é idealizar e conceber um design português desde o início para futuros produtos Magalhães. Não lhe posso dizer que será uma substituição. Vem no seguimento do projecto, e este é um projecto que irá durar muitos anos e não é um projecto estático, é dinâmico – e este know how que a CEIIA nos vai trazer é fundamental no desenvolvimento destes novos produtos.

TeK - O que seria expectável agora era a evolução do Magalhães para a segunda geração do Classmate. Não é essa a vossa opção? Este projecto corre em paralelo?
JPSC -
Veja uma coisa, o Classmate é um produto da Intel. O Magalhães é um produto português, e será cada vez mas português. No próximo ano já iremos estar a fabricar as motherboards para os computadores – ou seja mais componentes e mais mão-de-obra e mais indústria portuguesa. E pode chegar um dia, não sei, em que o Classmate tenha um caminho e o Magalhães tenha outro. Não posso estar a falar nisso porque uma coisa é a estratégia da Intel, e nós temos a nossa estratégia do nosso projecto Magalhães. Podemos dizer é que vamos tentar sempre desenvolver e ter bons produtos no nosso projecto Magalhães.

TeK - Neste novo Magalhães quais são os requisitos e desejos que gostavam de ver aplicados?
JPSC -
A nível de características técnicas ainda é cedo para avançar... O que dissemos, já na parte final do desenvolvimento do Magalhães, é que queriamos um computador com uma estrutura básica necessária para o nosso projecto.
Achávamos que um ecrã de 7 polegadas e um portátil sem disco para integrar conteúdos não era viável para o nosso projecto, por isso, ai houve uma alteração a nível do hardware, e todo o projecto é completamente diferente do Classmate. Neste momento naturalmente que irá evoluir tecnologicamente, mas acho que ainda é um bocado cedo para dizer quais irão ser as características do futuro computador Magalhães.

TeK - Mas não quer só especificar uma ou outra característica que gostava de ver melhorada? Por exemplo o ecrã, ou o disco... características em que sente que este Magalhães já não corresponda aos requisitos...
JPSC -
Neste momento o Magalhães ainda responde a todos os requisitos. O que lhe posso dizer é que tenho andado por vários países, e ainda agora voltei de África, e a notoriedade que este projecto tem a nível mundial é muito grande.
Noutros países o Magalhães até poderá ser usado por crianças de um nível etário superior. Esses países acharam que o Magalhães tinha perfeitamente as capacidades para ser o primeiro computador de um nível de introdução num projecto educacional.
Neste momento este Magalhães tem todas as características necessárias para este projecto educacional.

TeK – Falou na produção em Portugal das motherboards. Uma das coisas que mais polémica gerou foi a afirmação do Primeiro-ministro de que este ia ser a curto prazo um projecto 100% português...
JPSC -
Mas veja uma coisa, o senhor Primeiro-ministro estava a falar do projecto, e este é português mesmo, é único, é espectacular. Não podemos estar a falar propriamente do hadware quando este é uma parte do projecto todo. Mas mesmo a nível do hardware podemos dizer que este vai ser cada vez mais português. E durante o ano de 2009 tudo o que vamos fazer e construir no Magalhães tornam o projecto mais português.
É evidente que há algumas coisas que é quase impossível ter português: o disco rígido, o processador da Intel... Neste momento a memória RAM já é portuguesa, é da Qimonda como já é sabido, por isso tudo o que seja possível e competitivo fazer no nosso mercado nós vamos introduzir. Agora não tenha dúvidas de que o projecto em si é bem português e eu fico orgulhoso de ver como os outros países dão valor a este projecto concebido em Portugal.

TeK - Antes da CEIIA, e depois do acordo inicial, não houve mais nenhuma entidade a entrar no projecto?
JPSC -
Não, neste momento não, mas em 2009 vão entrar. O próximo ano será de grande alteração no projecto Magalhães.

Fátima Caçador