http://imgs.sapo.pt/gfx/266975.gif A IBM apresentou esta semana dois novos sistemas de storage que pretende sejam os alicerces para a conquista do primeiro lugar no ranking mundial de soluções de armazenamento e gestão de dados.



Entre os principais trunfos dos dois produtos, devidamente sublinhados pela marca, contam-se o facto de partilharem em mais de 90 por cento o código, o que permite que sejam operados a partir de um mesmo interface, partilhem algumas funções e obedeçam à mesma lógica de software aberto.



Tom Hawk, General Manager of Enterprise Storage da IBM, em entrevista ao TeK, salienta o trabalho de investigação que esteve na base do lançamento dos dois produtos, encarados pela IBM como o seu mais importante anúncio na área de storage da última década e considera que estes endereçam as principais necessidades do mercado na actualidade que passam pela virtualização, standartização, simplificação da infra-estrutura e gestão da informação, tendo como critério o seu ciclo de vida.



Sobre a liderança do mercado o responsável não aponta uma data para atingir o objectivo, que implica a tomada de posições à EMC e à HP, que ocupam as primeiras posições de ranking mundial de vendas de sistemas storage de disco, mas diz que estão reunidas as condições para que assim seja.



A opinião parece contar com algum apoio dos analistas que receberam de forma positiva os anúncios da IBM que decorreram de em simultâneo na Europa, Japão e Estados Unidos.



TeK: Que principais atributos caracterizam os produtos apresentados pela IBM para a área de storage esta semana?

Tom Hawk:
No caso do DS8000 tenho de destacar a sua performance, a capacidade de processamento, garantida pelos Power5 que suportam o sistema, e que são uma das mais inovadoras tecnologias de chip hoje disponíveis no mercado. Por outro lado, destaco a escalabilidade que pode ser encarada de dois pontos de vista distintos: as possibilidades de configuração da capacidade física do sistema que acompanha o crescimento das organizações, mas também a capacidade de particionamento lógico que contribui igualmente para multiplicar as capacidades do sistema.

Esta última é uma característica bastante importante sobretudo para clientes que pretendem usar a tecnologia de forma diferente com aplicações ou funções especificas de negócio e que por isso precisem de usar múltiplas partições.

No caso do DS600 considero que os seus principais atributos passam pela elegância, design e o tamanho. Além destas sublinho os seus níveis de performance e a flexibilidade que permitem a ligação a mainframes e sistemas abertos.



TeK: Que tipo de reacção esperam do mercado a estes produtos, sobretudo da parte das PMEs?

T.H.:
Esperamos um elevado nível de interesse e de aquisição por parte do mercado. O DS8000 é uma óptima escolha para as empresas que necessitam de sistemas enterprise class de elevada escalabilidade e funcionalidade. O DS6000 sendo também uma oferta enterprise class dirigida a clientes com menores necessidades de storage enquadra-se perfeitamente nas necessidades das PMEs e dos negócio emergentes.
Acreditamos que os grandes clientes IBM irão manter-se connosco e evoluir para um dos dois modelos DS8000 e que a prazo podem também ser seduzidos pelas características do DS6000. Relativamente a este último achamos ainda que está muito bem posicionado para competir no mercado de storage pela sua flexibilidade e preço.



Tek: Quanto tempo a IBM precisa para chegar à liderança do mercado de storage?

T.H.:
Não sei. Temos de facto planos para atingir a liderança do mercado nos próximos anos. Não vai acontecer no próximo ano e certamente também não demorará 20 anos, mas numa perspectiva de quem tem trabalhado bastante nesta área, o mercado de storage e o negócio do storage estão a crescer de forma acelerada e são uma grande oportunidade para nós, pelo que continuamos a fazer grandes investimentos para recuperar a liderança que já tivemos há alguns anos atrás.

Em suma, é possível que leve algum tempo, mas com as decisões que temos tomado nos últimos cinco ou seis anos, baseadas na nossa tecnologia e arquitectura de servidores e agora com o lançamento destas duas ofertas, que actualizam o nosso portfólio na gama alta e o reforçam na gama intermédia, estão reunidas as condições para nos tornarmos lideres num futuro não muito distante.



TeK: Segundo números da IDC relativos ao segundo trimestre deste ano a IBM perdeu quota no mercado global de storage. Já foi recuperada?

T.H.:
Não reconhecemos esses números. Os dados que temos apontam para um crescimento de 0,5 pontos percentuais no segundo trimestre deste ano. De qualquer forma mesmo este número não nos deixa satisfeitos, pois o nosso objectivo é a liderança e é com esse objectivo que continuaremos a trabalhar.



TeK: A colocação no mercado destes produtos implica alterações significativas no vosso relacionamento com a rede de parceiros, ou na estratégia de canal?

T.H.:
Não requer uma reorganização significativa do canal de parceiros, mas somos muito sensíveis a esse assunto já que uma grande percentagem dos nossos produtos são vendidos através de parceiros, cerca de metade do nosso portfólio. Chegámos mesmo a pensar em vender o DS6000 só através de canal devido à facilidade de instalação do sistema, mas acabámos por não tomar essa opção.



TeK: Quanto tempo e dinheiro gastou a IBM para desenvolver os produtos agora apresentados?

T.H.:
Creio que passaram entre 18 e 24 meses desde o período em que iniciámos o trabalho de engenharia, embora o grosso do trabalho tenha sido realizado nos últimos 12 meses. No que respeita ao investimento gastámos muito, mas consideramos que foi o valor apropriado já que é um segmento importante para nós. Gostaria também de salientar que os produtos que apresentamos agora são o culminar de um conjunto de decisões que tomámos há seis ou sete anos atrás quando avançamos com a linha ESS, baseada na nossa arquitectura de servidores.



TeK: Na sua perspectiva quais os principais desafios para as empresas que desenvolvem soluções de storage, como a IBM, no futuro?

T.H.:
Penso que há um conjunto de aspectos que podemos encarar como um desafio. Um deles é continuar a simplificar a gestão das infra-estruturas para os nossos clientes porque a tecnologia é muito interessante, mas a sua aplicabilidade e facilidade de utilização são ainda mais importantes. Penso que os dois produtos que apresentamos agora são um bom exemplo desse esforço.

Se olharmos hoje para os balanços das empresas percebemos que grande parte das despesas têm a ver com as pessoas mas uma fatia também bastante relevante tem a ver com os esforços de integração e temos de ter isto em conta quando desenvolvemos os nossos produtos. Por outro lado, existe a explosão do volume de dados nas empresas.

Para responder a esta explosão temos de desenvolver soluções que respondam a esses novos requisitos, preocupando-nos com as questões de business continuity, gestão adequada do ciclo de vida da informação e outros aspectos que facilitem a gestão de volumes tão grandes de informação.



Cristina Alexandra Ferreira