http://imgs.sapo.pt/gfx/194561.gifO DSL Fórum é uma associação da indústria que contam com cerca de 200 membros entre operadores de telecomunicações, construtores de equipamento de rede e fornecedores de serviços. Na semana passada esta associação realizou em Lisboa uma reunião de trabalho que deu a oportunidade ao TeK de fazer uma entrevista ao seu presidente, Tom Starr, na qual também participou o Vice-Presidente David Greggains.
Questões sobre o mercado do DSL no mundo e especialmente na Europa, a concorrência do cabo e a evolução da tecnologia dominaram a entrevista. Durante o ano de 2002 Portugal foi o país que apresentou um dos crescimento mais rápido de ligações ADSL no mundo, com uma taxa de 1658%, que permitiu chegar aos 52.800 assinantes embora a maioria das ligações de banda larga seja ainda dominada pela tecnologia de cabo.
A experiência de Tom Starr no desenvolvimento de tecnologias de comunicação de rede, quer na implementação das redes da SBC, quer nos 12 anos em que trabalhou nos laboratórios Bell da AT&T dão-lhe um conhecimento tecnológico que é enriquecido com uma visão global adquirida pela presidência do DSL Fórum. Esta associação tem ao longo dos últimos 9 anos promovido a disseminação da tecnologia DSL, mas também o desenvolvimento do standard, estando actualmente a realizar testes para o ADSL2 e ADSL2plus.
TeK: A tecnologia DSL já existe há mais de uma década, mas na Europa o seu desenvolvimento aconteceu há poucos anos, assim como em Portugal onde o serviço comercial existe há apenas dois anos. Quais pensa que são as razões do atraso na implementação desta tecnologia?
Tom Starr: Temos visto a tecnologia DSL evoluir em diferentes países de formas diversas. Os Estados Unidos são um bom exemplo, já que é um país em que a tecnologia é popular e está disponível a um grande número de clientes há pelo menos 5 anos. Normalmente demora algum tempo aos fornecedores de serviços a implementar a tecnologia e levá-la ao mercado. É preciso desenvolver a infra-estrutura e os procedimentos de serviços, assim como o treino técnico do pessoal de suporte.
David Greggains : Na Europa, apesar de ter começado mais tarde, a tecnologia DSL evoluiu mais rapidamente quando foi implementada pelos operadores de telecomunicações. A Europa apresenta um cenário de fragmentação, com diferentes situações regulatórias, e os reguladores em algumas situações atrasaram a implementação da tecnologia. Em alguns países as operadoras de telecomunicações estavam a sair de situações de monopólio e a prepararem-se para se tornarem empresas públicas. O timming foi muito próximo da privatização das empresas, o que atrasou a implementação de tecnologias como o DSL, além de que o 3G estava já a absorver muito do dinheiro disponível para o investimento das empresas...
Porém, quando a infra-estrutura ficou preparada - porque os europeus em muitas medidas não quiseram aprender com os erros dos americanos, gostam de fazer os seus próprios erros - a disseminação da tecnologia começou a desenvolver-se rapidamente. Actualmente Portugal é um dos países de mais rápido desenvolvimento do mundo em termos de crescimento de número de clientes.
Tom Starr: O trabalho do DSL Fórum, com o fornecimento de uma série de documentação sobre as melhores práticas e casos reais de implementação da tecnologia deram também uma ajuda para que a adopção do DSL na Europa fosse mais rápida do que nos Estados Unidos.
TeK: Entre os quase 200 membros do DSL Fórum existe algum português?
Tom Starr: Não, não temos ainda nenhum associado português, embora a Portugal Telecom tenha colaborado connosco nesta reunião de trabalho que realizámos em Lisboa, tendo estado presente para fazer uma apresentação técnica.
Gostaríamos de ter entre os nossos associados membros portugueses, porque o DSL Fórum é uma associação global.
TeK: O ADSL é a tecnologia mais popular dentro das diversas opções disponíveis com o DSL, embora não a que garante maior largura de banda e mais potencial em termos de tecnologia de comunicação. Pensa que os operadores vão começar em breve a disseminar outras tecnologias ligadas ao DSL?
Tom Starr: O ADSL, ao ser uma tecnologia assimétrica com uma taxa de download superior à de upload mostra-se adequada às necessidades actuais dos utilizadores residenciais, que normalmente utilizam estas ligações para navegar na Internet ou fazer downloads. Para estas necessidades o ADSL é uma excelente resposta, para além de permitir que se mantenha a linha livre para realização de chamadas de voz em simultâneo com a comunicação de dados.
O mercado residencial tem uma dimensão muito superior à do mercado empresarial, embora este traga maior valor, o que justifica uma implementação mais alargada do ADSL na infra-estrutura de telecomunicações. Isto embora em muitos países o que se oferece ao mercado empresarial seja SHDSL, uma tecnologia simétrica que se torna ideal para as empresas.
No caos do VDSL estamos a assistir a implementações interessantes. Um dos casos a seguir é o da Coreia, que actualmente está a fazer a evolução da sua rede de ADSL para VDSL de forma a conseguir fornecer diferentes serviços em simultâneo, como vídeo e música sobre a rede, em triple-play services. Já têm 250 mil ligações actualmente com VDSL.
Também em Phoenix, no Arizona já existe em zonas residenciais há cerca de 4 anos.
TeK: Mas também existem algumas exigências técnicas na infra-estrutura de telecomunicações para permitir o suporte do VDSL...
Tom Starr: Sim, o VDSL garante maior velocidade de ligação, mas a linha tem de ser mais curta, pelo que tem de se colocar o nó de telecomunicações muito mais perto do consumidor. Na Coreia colocaram o nó de VDSL dentro da estrutura dos prédios de apartamentos.
Mas, em casos onde não é possível garantir esta proximidade, há outras alternativas. A indústria, com o apoio do DSL Fórum, está a trabalhar no desenvolvimento de uma nova tecnologia ADSL que permite fornecer serviços em linhas mais longas e que deverá estar disponível rapidamente.
TeK: Está a referir-se ao ADSL 2 ou ADSLplus? Quais as vantagens que trazem estes novos protocolos e quando estarão disponíveis ao mercado?
Tom Starr: O protocolo do ADSL2 foi recentemente aprovado pela União Internacional de Telecomunicações e temos vindo a realizar alguns testes de interoperabilidade e compatibilidade com os actuais standards de ADSL. Já conduzimos alguns testes de laboratório que correram bem. Não existe ainda uma data para a disponibilidade comercial, mas acredito durante este ano estejam prontos os equipamentos necessários, o que permitirá o desenvolvimento dos serviços.
A tecnologia ADSL2plus será interoperável com as actuais mas garante suporte a linhas mais longas, o que assegura aos operadores uma forma mais efectiva em termos de custos para chegar a mais clientes. Ao mesmo tempo integra uma melhor capacidade de gestão da rede, com diagnósticos mais efectivos do estado da linha e da ligações do cliente sem exigir tanto trabalho manual como o actual protocolo de ADLS.
O ADSL2 e ADSL2plus permitem a prestação de uma serviço multimédia mais efectivo e também um alargamento do mercado num curto período de tempo. Em termos de velocidade de transmissão de dados trazem também algumas vantagens, com o ADSL2plus a duplicar a frequência utilizada e a garantir taxas de 25 Mbits em linhas de 1,5 quilómetros.
Muitos operadores de comunicações que já fornecem serviços ADSL mostraram claramente que vão adoptar o ADSL2 e ADSL2plus o mais rapidamente possível, estando apenas à espera de que o equipamento esteja disponível. E uma das grandes vantagens é que as duas tecnologias podem coexistir na mesma rede, permitindo manter linhas ADSL e adicionar novos clientes em ADSL2 e ADSL2plus.
TeK: Na Europa o cabo tem sido o maior rival do ADSL. Em Portugal o número de clientes da tecnologia de cabo é ainda muito superior à do DSL. Na sua experiência qual pensa que poderá ser a evolução entre as duas tecnologias de comunicação?
Tom Starr: Globalmente existem já mais ligações DSL do que de cabo, embora este equilíbrio varie de país para país. Os números que recolhemos no DSL Fórum mostram este cenário de domínio das ligações DSL na maior parte do mundo e Portugal é um dos países onde se nota claramente ainda um grande peso das ligações de cabo, mas o DSL também teve um crescimento muito significativo no ano passado, como já tinha referido.
As duas tecnologias têm vindo a concorrer pelos mesmos clientes, fornecendo os mesmos tipos de serviços e ao mesmo nível de preços. Penso que existem razões para acreditar que se alinharmos as diferenças tecnológicas com o ADSL conseguimos melhor qualidade de serviço, largura de banda e segurança do que com a tecnologia de cabo. A arquitectura ADSL é mais fiável e permite um upgrade mais fácil para suportar um maior crescimento de clientes porque esse upgrade é feito no nó de comunicações.
David Greggains: É interessante que algumas empresas de cabo no Reino Unido estão actualmente a oferecer serviços ADSL no âmbito dos seus serviços telefónicos e or argumentos que apresentam aos seus clientes para optarem pelo ADSL são precisamente esses. Em muitos casos as redes desses operadores de cabo estão tão sobrecarregadas, e os custos de upgrade são tão elevados, que eles preferem oferecer serviços de ligação de dados por DSL, indicando também aos clientes que existem vantagens em optar por esta tecnologia.
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