Presente em 10 países, a GFI está em Portugal desde 1999, através da aquisição da Compuquali, e tem vindo a fazer crescer o seu negócio de ano para ano, contando actualmente com um volume de negócios na ordem dos 31 milhões de euros.

Consultoria, integração de sistemas e outsourcing em tecnologias de informação são as áreas de actuação eleitas desta empresa do grupo francês GFI Informatique, mas é à última que estão adjudicados a maior parte dos recursos humanos da empresa a nível nacional, 470 de um total de 640 colaboradores.

O Tek falou com João Lourenço, marketing & relationship manager da GFI Portugal sobre a estratégia da empresa para o curto prazo, numa altura de clima económico pouco favorável ao investimento.

João Lourenço: Encaro com serenidade e alguma prudência. Sinto que o momento é de consolidação e de foco em áreas de maior expertise.

TeK: As vossas previsões estão em linha com as estimativas das consultoras? Estão preparados para um decréscimo de tal ordem?

J.L.:
Sentimos que poderemos vir a enfrentar uma quebra no crescimento, mas não temos evidências que possam confirmar esta mesma ordem de grandeza. Acreditamos que o sector pode crescer a um menor ritmo, mas não deixará de crescer.

TeK: Como encaram a recessão que se vive actualmente?

J.L.:
A crise financeira já está a afectar os investimentos a todos os níveis. A prudência nas decisões de avançar com grandes investimentos é uma atitude responsável. Penso, no entanto, que haverá um lado positivo. As empresas vão concentrar os seus investimentos em soluções e serviços que lhes tragam resultados claros aos seus processos e ao seu negócio, assim como concentrar os seus esforços internos no sucesso rápido desses investimentos. Em resumo, vamos todos aprender a trabalhar melhor.

Por outro lado, as reestruturações económicas que a actual crise vai provocar irão implicar mudanças nos sistemas de informação, optimização de recursos, partilha de serviços, globalização, que serão oportunidades para as TI.

TeK: Face ao clima económico, que avaliação faz do mercado nacional neste momento? O que mudou nos últimos anos? Perspectivas para os próximos?

J.L.:
As TI hoje fazem parte do quotidiano das organizações. A sua utilização está completamente banalizada. Por isso o momento actual é muito mais de optimização e de inovação. Sentimos que os vários sectores procuram uma lógica de maior eficácia em todos os processos, de forma a enfrentar os novos desafios com confiança. O valor dos serviços de outsourcing provém da possibilidade dos clientes centrarem os seus recursos internos e estratégia nas actividades core da empresa, delegando em especialistas a gestão diária das suas tecnologias de informação.

TeK: Qual o volume de facturação previsto para 2009? É superior ou inferior ao registado em 2008?

J.L.:
Fechámos 2008 com um VN na ordem dos 31 milhões de euros e estimamos um 2009 na ordem dos 33 milhões de euros.

TeK: Que diferenças notam em Portugal relativamente a outros mercados onde actuam?

J.L.:
O Grupo GFI actua em 10 países (Alemanha, Bélgica, Canadá, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Marrocos, Portugal e Suíça), actualmente com cerca de 10.000 colaboradores e apresenta um volume de negócios na ordem dos 768,1 milhões de euros. Apesar da heterogeneidade destes 10 mercados, a crise de facto é global, afectando de uma forma homogénea todos os mercados. Acreditamos assim que os desafios que cada um dos mercados enfrenta serão comuns e passarão por estratégias de alguma prudência no investimento e consolidação do negócio.

TeK: Em termos de facturação, qual a quota do negócio da GFI Portugal no bolo total do grupo?

J.L.:
A GFI Portugal representa 12,1% do total do VN da GFI Internacional (todos os países com excepção de França).

TeK: Como têm evoluído em Portugal os sectores onde actuam? Entre as áreas que trabalham, qual a de maior relevo em termos de facturação?

J.L.:
Sentimos algum abrandamento no investimento de uma forma global, essencialmente no novo investimento, não tanto no negócio em si. O Sector Financeiro é, provavelmente, o sector mais alerta.

TeK: Um estudo da IDC apontava o outsourcing como um dos sectores das TIC que em 2009 apresentaria maior potencial de evolução, concorda? Os vossos negócios apontam para tal?

J.L.:
Actualmente as empresas recorrem a serviços de outsourcing essencialmente por três grandes motivos: Gestão de Custos, Gestão de Riscos e Aceleração do Negócio. No momento que se vive actualmente, estes três argumentos vão ao encontro das necessidades das organizações num período de crise financeira, permitindo às empresas procederem a transformações no negócio, concentrando-se apenas no seu core business.

TeK: Em termos de oferta, esta é a área onde têm apostado mais?

J.L:
O outsourcing é umas das ofertas de maior relevo na GFI Portugal. No entanto, áreas como Business Solutions, Payment Solutions e Engineering & Systems Integration são igualmente fortes apostas, procurando oferecer soluções de valor acrescentado sustentado na vasta experiencia e expertise que o Grupo tem vindo a demonstrar ao longo dos anos.

TeK: Que tendências se avizinham ou se podem acentuar neste mercado nos próximos anos? O outsourcing veio para ficar?

J.L:
O desenvolvimento, a Manutenção, a Operação e a Optimização de processos e Aplicações, o Suporte e Manutenção de Sistemas e Redes, o Apoio a utilizadores ou Helpdesk, a definição e implementação de políticas de segurança e a Assistência Técnica à Produção são alguns dos serviços comuns prestados em regime de outsourcing, sempre adaptados à realidade dos nossos clientes, alinhando as nossas propostas com os seus objectivos, valores e aspirações. Pelos motivos apresentados, sentimos que o outsourcing, especialmente em TI, fará cada vez mais parte do que são as necessidades base das grandes organizações. Longe vai o tempo em que as empresas teriam de assegurar por si todos os processos envolvidos na sua actividade. A diferenciação passa pela especialização e a especialização passará pelo foco.