Amanhã, 8 de outubro, a consola de nova geração da Sony fica mais completa. Driveclub é um exclusivo da PlayStation 4 e vem colmatar a falta de um título next-gen na área do desporto automóvel.



Ben Gouldstone, um dos elementos dos Evolution Studios que mais responsabilidade teve no desenvolvimento do título, passou por Portugal para promover o jogo. Durante a conferência de imprensa os destaques foram sobretudo três: a componente social do jogo, a quantidade de pacotes com conteúdos adicionais que irá receber e a existência de uma aplicação móvel companheira que só não permite jogar o jogo em si.



Mas dentro de todo o ecossistema Driveclub a equipa de desenvolvimento está sobretudo muito satisfeita com duas características do jogo: o realismo dos veículos, que foram criados através dos modelos reais fornecidos pelas fabricantes; e o sistema de clima dinâmico, que dá outro realismo ao título tanto a nível de jogabilidade, como a nível visual.



Se Driveclub é atualmente o melhor simulador de condução ainda estará para se saber. Mas em conversa com o TeK, Ben Gouldstone explicou porque o jogo é único dentro do seu género mesmo olhando para o que existe noutras plataformas.

[caption]Ben Gouldstone[/caption]

TeK: Driveclub é um jogo que tem um lado muito social. Se gostar mais de jogar sozinho ou se não tiver uma subscrição PS Plus, devo comprá-lo na mesma?


Ben Gouldstone: Na minha opinião, claro que sim. Aquilo pelo qual nos esforçámos foi tentar garantir que existe sempre algum aspeto no jogo que é apelativo para toda a gente. Por exemplo, se preferes jogar offline e sozinho, temos um modo de jogo chamado Tour. No Tour tens um roteiro de eventos que preparámos e que garante diferentes combinações de carros e pistas. À medida que vais jogando o Tour ganhas estrelas, o que desbloqueia mais eventos, e por aí adiante. É como se fosse o modo campanha dentro do jogo.



Também tens eventos singulares personalizados. Se quiseres podes definir uma corrida à noite contra 11 oponentes de inteligência artificial e definir que o tempo passe 30 vezes mais rápido, para que possas passar da noite para o dia. E também podes decidir a quantidade de carros que queres que existam na estrada. Em Driveclub há sempre qualquer coisa para tu jogares.



Mas o jogo tornar-se realmente vivo assim que entras no conceito de comunidade. Isto porque podes continuar a jogar a “jogar sozinho” e aquilo que te permite é continuar a expandir de forma consistente os teus horizontes no jogo dando-te mais opções em termos daquilo que tu fazes. Por exemplo, se jogaste uma partida no Tour sozinho e pensas que o resultado é realmente bom, podes enviar esse resultado como um desafio para um amigo, para que mais alguém também o jogue. E isso também é sincronismo. Não estás a jogar carro-com-carro online, mas permite que tu te ligues à comunidade. E aí podes encontrar centenas de outros jogadores que gostam de fazer o mesmo. Isto é tal e qual como uma competição dessincronizada.



Portanto se estás efetivamente focado em criar os teus próprios eventos, os teus próprios desafios dentro do jogo, eles continuam a crescer e a crescer e a crescer. De jogares sozinho estás em breve a fazer parte de um clube e aí já terás mais desafios. A ideia é que não importa a forma como gostas de jogar, qualquer que seja o teu estilo, existe qualquer coisa para ti em Driveclub.



TeK: O que é que o Driveclub tem de tão diferente que eu não vou conseguir encontrar noutros jogos de corridas?


Ben Gouldstone: Na minha opinião diria que é mesmo o elemento social do jogo. É a ideia de que estás sempre ligado a Driveclub. Podes jogar onde estiveres se tiveres a tua PlayStation Vita, através da funcionalidade Remote Play, e até nos smartphones Xperia Z3. Tens ainda a aplicação MyDrive que permite verificar o progresso do jogo constantemente, tal e qual como uma rede social – como é que me estou a sair, quais são as minhas estatísticas, o que é que desbloqueei recentemente, o que é que os meus amigos do clube estão a ajudar a desbloquear.



E é este lado do jogo que realmente significa que não estás desligado mesmo quando não podes jogar Driveclub.



Podes jogar Driveclub, de forma passiva, em que defines um desafio por semana e dizes qual é a sua duração, e depois verificas no teu telemóvel e vês como está a correr o desafio, quem está a ganhar, quem é que está a bater os teus tempos. Se quiseres podes jogar assim, és tu quem decide.
Portanto mais uma vez digo, é a combinação do seu caráter social, da sua ligação, o facto de estares sempre a jogares com outros, se é isso que realmente queres.



TeK: Chegaram pelo menos a equacionar uma versão para a PlayStation 3 ou este sempre foi um jogo focado na PlayStation 4?


Ben Gouldstone: O poder da PlayStation 4 realmente abriu-nos caminhos que nem sequer sabíamos que existiam. A simplicidade, o padrão dos ambientes, a beleza dos carros, a profundidade, o sistema de iluminação – e tudo isto de um ponto de vista visual. E depois existe a fantástica conectividade social que é possível obter com a PlayStation 4, funcionalidades como Remote Play...



…o conceito de jogo que vocês desenvolveram apenas fazia sentido na PlayStation 4…


Sem dúvida. É uma fantástica peça de arte, que te abre caminhos para explorar elementos que nunca pensaste ser possível em gerações anteriores de consolas.



TeK: Falaste de elementos gráficos. E nos dias que correm os jogadores preocupam-se muito com os gráficos. Em termos de design, que é a tua área, quais foram os desafios mais difíceis de ultrapassar?


Ben Gouldstone: Algo que sempre esteve na minha cabeça foram os ambientes que são completamentes dinâmicos e únicos cada vez que estás a jogar. Baseado numa coesão entre o sistema de meteorologia e o sistema de iluminação. Os artistas e os programadores basicamente criaram um sistema em que tudo é dinamicamente influenciável. Nada é baseado em elementos falsos só para que pareça realista, tudo isto existe num único sistema.



Quando o vento sopra não afeta apenas as bandeiras que estão ao largo da estrada, aquilo não é uma animação, aquilo é realmente o vento a soprar, as nuvens a moverem-se na direção do vento, a forma como um lago ondula na direção na qual o vento sopra.



O céu é produzido dinamicamente, por isso sempre que entras numa corrida a disposição das nuvens vai ser sempre diferente. E todos estes elementos evoluiram depois para este sistema de clima no qual estamos a trabalhar: quando chove a chuva vai para as bermas da estrada, por que é para aí que a chuva deve ir; se passares por cima de uma poça de água vais ver canais que foram deixados pela passagem das rodas. E ter tudo isto num único sistema que faz tudo isto e de forma a que pareça sempre tão bem, simplesmente dá a volta à minha cabeça.



Eu não programo, não é isso que eu faço. Mas consigo apreciar a mão de obra que existe neste sistema, é fantástico.



TeK: O Driveclub tem uma aplicação própria. Outros jogos recentes também têm aplicações móveis. É assim tão importante para os jogos terem uma “app companheira”, para que possas continuar amarrado ao jogo mesmo fora da consola?


Ben Gouldstone: Aquilo que queríamos alcançar com a aplicação era disponibilizar tudo quanto tens no jogo. Portanto não é “oh, eu gostava de fazer isto na app, quem me dera fazer aquilo que faço no jogo”. A única coisa que não consegues fazer na aplicação é jogar o Driveclub. Todo o resto está lá. Enviar desafios, ver o estado atual dos desafios que estão a decorrer, visitar perfis de jogadores... todo este tipo de ações existem dentro da aplicação.



E também a funcionalidade de transmissão em direto. Eu gosto de jogar desafios, agitar um pouco o estúdio e esta ferramenta é mesmo a minha cara. Aquilo que gosto de fazer é enviar um desafio e depois poder ver outras pessoas competirem nele. A transmissão mostra o que eles estão a jogar e a ver, enquanto tentam bater o meu tempo e isso parece uma funcionalidade feita à minha medida. Ver alguém a tentar bater o teu tempo é realmente porreiro.



TeK: Temos apenas mais duas perguntas. Qual é o teu carro preferido no jogo?


Ben Gouldstone: O meu carro preferido no jogo? Ahh… penso que… penso que é o Pagani Huayra. Apenas porque acho que o carro é lindo. Adoro-o. É simplesmente incrível (risos).



TeK: Podemos esperar um Driveclub 2? Que condições o jogo atual tem de alcançar para que seja possível uma nova versão?


Ben Gouldstone: Tudo depende daquilo que será a procura. Como já disse, em Driveclub tudo está relacionado com a comunidade, está tudo relacionado com o que eles querem dentro do jogo e o jogo vai crescendo com eles. Portanto se a comunidade pedir novos modos de corrida, novas pistas, novas localizações, novas funcionalidades, atualizações mais rápidas, o que quer que seja, o Driveclub como jogo vai evoluir durante meses. Temos meses de conteúdos planeados. É nisso que estamos focados agora e é isso no qual queremos continuar a trabalhar. Queremos garantir que a comunidade...



TeK: … se a comunidade quiser um Driveclub 2, vai tê-lo?


Possivelmente. Sabes, tentamos sempre reagir da melhor maneira ao feedback que nos é dado, mas se isto correr bem, quem sabe?

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico