A HTC está na linha da frente do lançamento de smartphones com Windows Phone 7, tendo anunciado cinco modelos, três dos quais para a Europa, sendo que em Portugal divide exclusivos entre a Vodafone e a Optimus. Florian Seiche, presidente da fabricante para a Europa, esteve em Portugal na semana passada para fazer o lançamento oficial destes novos equipamentos e de dois terminais Android, assim como da abertura do escritório da HTC em terras lusas.

Aproveitando a ocasião o TeK colocou algumas questões a Florian Seiche, procurando perceber a aposta da marca nestas duas plataformas e o que as distingue em termos de abordagem de um fabricante. A aplicação à Europa da estratégia que a HTC seguiu nos Estados Unidos para o Android - que garantiu um crescimento exponencial da quota de mercado - foi também tema de conversa.

TeK: A HTC vai continuar focada nos sistemas operativos Android e Windows para telemóveis? Porque acredita que estes vão ser os sistemas dominantes nos próximos anos?
Florian Seiche :
Na plataforma móvel Windows já somos líderes há muito tempo e temos uma experiência forte no Windows Mobile. Conseguimos inovar e trazer uma nova experiência sobre esta plataforma, o que se reflecte nas vendas de terminais. Alguns dos produtos da HTC estão entre os telefones Windows Mobile mais vendidos, como o HTC HD2, que vendeu mais de um milhão de unidades só na Europa.
Com a introdução do Windows Phone 7 acreditamos que estão conjugados os factores para que esta plataforma seja um grande sucesso, apesar da Microsoft ter falhado uma geração em termos de plataforma.
A realidade é que o mercado está a evoluir tão depressa e o mercado está a mudar de forma radical e por isso esta reentrada da Microsoft pode ser muito relevante. Numa visão global temos uma grande mudança dos utilizadores para os smartphones e nos sistemas operativos temos o crescimento do Android, que mostra quão dinâmico é o mercado, porque um novo sistema operativo que mostre que consegue responder às necessidades e desejos dos utilizadores finais pode ter um grande impacto de forma muito rápida. O Android mostra isso e a Apple também, com o iPhone.
Por isso acredito que se olharmos em termos de médio prazo o utilizador final que procura soluções premium e funções de topo hoje escolhe entre o Android e iPhone OS e as suas plataformas. E agora o Windows Phone 7 está no mesmo nível do Android e do iPhone, do ponto de vista da experiência. Tem o mesmo interface rico e moderno e é por isso que acreditamos que existe um grande potencial de crescimento.

TeK: Existem algumas, ou muitas, diferenças de filosofia entre o sistema operativo Windows Phone 7 e o Android, na forma como definem os critérios para os fabricantes, por exemplo. Isso não causa problemas à HTC que tem de lidar com duas visões muito diferentes?
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F.S. :
Não. Pelo contrário acreditamos que isso é bom para nós, porque isso significa verdadeiras oportunidades diferenciadoras no mercado. Como são muito diferentes criam novas oportunidades.

No Windows Phone 7 gostamos especialmente de uma aproximação mais ousada e diferente, porque esta é uma oportunidade de criar um novo mercado... Quem escolhe este sistema operativo fá-lo deliberadamente.

No passado muitas pessoas diziam que não havia muita ligação emocional do utilizador final ao sistema operativo da Microsoft e achamos que este novo sistema operativo muda essa situação. Esta plataforma tem esse factor positivo, as pessoas escolhem um sistema que gostam e, se não gostam, podem sempre escolher Android...

TeK: Sim, mas estava a falar mais especificamente do ponto de vista do hardware e não tanto da utilização do próprio sistema. No Android existe uma grande liberdade para os fabricantes definirem o "formato" do telefone, mas no Windows Phone as especificações de hardware são muito claras. Há um modelo que deve ser obedecido...
F.S.:
Na realidade não é assim tão diferente... a Microsoft definiu uma lista de especificações a que todos têm de obedecer, mas ela faz todo o sentido neste tipo de produtos.

E na realidade acaba por não ser tão diferente do que poderíamos apresentar num modelo Android de topo de gama.
Também não nos limita em termos de diferenciação. É só a base dos telefones que já é premium e nós já optámos por um design do hardware cada vez mais consistente e apelativo.
A nossa filosofia é também de ser mais sólida do ponto de vista do aspecto dos produtos, com um design que seja identificativo nos terminais Android ou Windows Mobile. Queremos que as pessoas reconheçam que é um produto HTC, através de elementos comuns, embora a experiência de utilização depois seja muito diferente.


TeK: As definições impostas pela Microsoft não são então uma limitação à inovação?
F.S.:
Bom, algumas pessoas podem olhar para essa questão dessa forma, mas para nós estamos focados em melhorar a experiência do utilizador e partir desta base que está definida para enriquecer essa experiência, se possível. É para isso que estamos a trabalhar, adicionando uma identidade da HTC mas sem perturbar a visão da Microsoft. Porque achamos que esta é uma boa aproximação em termos de plataforma.

A realidade é que agora os consumidores têm uma grande variedade de escolha entre plataformas, e com o Windows e o Android nós jogamos nas duas plataformas de maior crescimento.

TeK: Um dos aspectos mais relevantes na escolha dos utilizadores está relacionado com as aplicações. A HTC também está a apostar nesta área com o HTCSense. Qual é o vosso objectivo e como tem sido a adesão dos utilizadores?
F.S.:
Ainda é cedo para fazermos um balanço. Acabámos de lançar o site e os telefones que suportam estas aplicações estão agora a chegar ao mercado europeu. Mas a experiência inicial é muito promissora...

TeK: Especificamente no Android, a HTC tem estado a ganhar pontos nos Estados Unidos, em termos de quota de mercado. Qual foi a estratégia aplicada? Estão a pensar alargá-la à Europa?
F.S.:
Houve algumas especificidades do mercado norte-americano que ajudaram a este crescimento dos Android, e da HTC, nomeadamente o facto do iPhone estar em exclusivo com um operador e os outros quererem conquistar o mercado de smartphones. A parceria da HTC com os operadores conseguiu trazer a alguns mercados alguns exclusivos...
Na Europa a nossa estratégia é um bocadinho diferente, é de criar o maior envolvimento possível à volta de um único equipamento, como aconteceu com o HD2, que se tornou um hit...

TeK: E vão lançar mais modelos Android até ao final do ano para além do HTC Desire e do Desire Z na Europa?
F.S.:
Acabámos de lançar estes dois...vão ser os nossos produtos mais importantes neste mercado até final do ano…

TeK: A HTC deixou de trabalhar o mercado de OEM. Este é um movimento sem retorno? Não vão voltar a fabricar telemóveis com marca dos operadores?
F.S.:
Sim, essa foi uma decisão que tomámos e mesmo nos Estados Unidos, quando temos exclusivos, sabemos que os operadores já reconhecem o valor da marca HTC, que está a ganhar cada vez mais importância junto dos consumidores, o que ajuda nas vendas e é um argumento de diferenciação importante.

Fátima Caçador