Por Rui Lopes (*)
Tem-se tornado um hábito na comunidade de EUC (End User Computing) lançar no início de cada ano a aposta se o ano será, ou não, definitivamente o ano do VDI [Virtual Desktop Infrastructure]. Neste início de 2020, e à semelhança do que tem acontecido há sensivelmente uma década, o ritual não diferiu: aos que defendem que 2020 será definitivamente o ano do VDI, opõem-se defensores de que ainda não chegou o momento.
Ponderando todos os argumentos, estamos mais inclinados para que 2020 não seja, uma vez mais, o ano do VDI. Não porque não acreditemos no crescimento desta estratégia de transformação (a procura por este tipo de posto de trabalho vai continuar a evoluir), mas sim porque a definição de VDI se tornou redutora quando a enquadramos com as necessidades e abordagens emergentes na definição do futuro do trabalho.
A estratégia de transformar e virtualizar o posto de trabalho apresenta inúmeras vantagens, tanto para utilizadores como para as organizações, sobretudo no capitulo da gestão de IT. Do ponto de vista dos utilizadores, a mobilidade e a garantia de acesso seguro a um posto de trabalho (ou aplicações a partir de qualquer lugar ou dispositivo) continuam a ser os principais argumentos de peso na aceitação de um posto de trabalho virtual.
Por outro lado e do ponto de vista da gestão do IT, a capacidade de simplificar a gestão e ciclo de vida do posto de trabalho, a rapidez e agilidade com que são disponibilizadas as ferramentas aos utilizadores e a segurança de informação continuam a ser as principais razões para seguir esta estratégia.
No entanto é aqui que a definição de VDI começa a tornar-se redutora, e temos que admitir que nem todos os utilizadores dentro de uma organização serão casos de sucesso para uma transformação para VDI. É um panorama que verificamos de forma bastante recorrente no decorrer dos projetos de transformação que temos vindo a desenvolver.
Com efeito, haverá sempre casos de uso específicos em que a transformação não é viável (por inúmeros motivos: técnicos, políticos, práticos, …) ou nos quais a abordagem será mais racional se em vez de se disponibilizar um ambiente completo, se disponibilizar apenas as aplicações necessárias para que cada utilizador consiga desenvolver o seu trabalho. Estas aplicações poderão ser as nativas Windows, as legacy Windows, as web-based, as portáteis, as nativas mobile, etc.
Idealmente, a utilização de cada aplicação deverá ser ajustada consoante o contexto do utilizador (localização, dispositivo, condições de acesso), garantindo ao IT que pelo menos existe uma visibilidade sobre os recursos e informação consumida. Deveria ser possível simplificar e automatizar os fluxos e processos mais rotineiros, de modo a que os utilizadores pudessem concentrar a sua atenção em atividades de maior valor para as suas organizações. A satisfação de cada colaborador traduzir-se-ia num maior ganho para a organização.
Desta forma, e na nossa opinião, 2020 será o ano embrionário para um Intelligent Workspace. O posto de trabalho do futuro permitirá a cada utilizador desenvolver o seu trabalho a partir de qualquer lugar ou dispositivo, maximizando tanto a produtividade como a experiência de utilização. Um posto de trabalho desenhado especificamente para ir ao encontro das necessidades de cada colaborador, colocando a tecnologia a seu favor e aumentando o Employee Engagement de modo a que cada empresa possa atrair, reter e tirar o maior partido, do seu maior ativo: as pessoas.
Com a entrada em força no mercado de trabalho de uma nova geração que já é nativa digital, a reformulação do posto de trabalho torna-se um tema premente para a captação e retenção de pessoas nas organizações. Tendo em conta a escassez verificada nalguns setores, o IT é um deles, a redefinição das ferramentas e condições de trabalho disponibilizadas podem impactar de forma significativa a competitividade de cada empresa.
(*) Solutions Architect, Cilnet
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