Por Pedro Santos (*)
A tecnologia Cloud, e toda a evolução dos últimos anos baseada em serviços Cloud, trouxe-nos novas formas de pensar e de colaborar, melhorias na experiência dos clientes, mais mobilidade e produtividade nas equipas, fortalecimento da conformidade com os níveis de serviço e serviços mais rápidos e acessíveis. A Cloud é hoje uma realidade do mercado, e faz parte de grande parte das infraestruturas instaladas ou a instalar em qualquer empresa.
Independentemente do sector de negócio, do tamanho ou da geografia, as organizações estão cada vez mais a utilizar os serviços de Cloud Pública. Seja com o objetivo de poupar nos custos, para ganhar flexibilidade, ou para salvaguardar os dados em caso de desastre ou para ganhar rapidez e facilidade no acesso aos dados. E é importante para as organizações compreenderem os desafios a ter em conta para uma transição com sucesso para a Cloud.
Não restando muitas dúvidas de que a migração para a Cloud trará grandes benefícios para as organizações, a mudança não será possível sem o compromisso de um planeamento bem definido para a transição de uma infraestrutura local para um ambiente Cloud. Aponto quatro pontos essenciais a ter em conta.
Comece por uma arquitetura de Cloud Híbrida
O primeiro fator a ter em conta no planeamento de uma migração é a possibilidade de ter uma Cloud híbrida. Uma Cloud híbrida é assente no modelo de ligação entre os Datacenters da organização e um serviço de Cloud pública. Esta ligação permite a troca de informação entre os servidores locais e os servidores em Cloud como se fossem parte da mesma infraestrutura.
Uma arquitetura de Cloud híbrida é um passo bastante importante para a migração para a Cloud, pois consegue trazer toda a funcionalidade Cloud para o seu Datacenter, trazendo os seus vários benefícios, e adicionando a possibilidade de migrar ao seu ritmo, não necessitando que todos os serviços de uma aplicação sejam migrados ao mesmo tempo para a Cloud. É possível desta forma ter, por exemplo, o portal de uma determinada aplicação na Cloud e os dados no seu Datacenter.
Existem já ferramentas por parte de alguns Cloud Providers que permitem uma maior interação entre os recursos locais e os recursos em Cloud, como por exemplo, a StorSimple da Microsoft, que permite a utilização de Storage ilimitado Cloud por serviços implementados no Datacenter local, ou como o AWS Storage Gateway, uma Virtual Tape Library capaz de substituir as tradicionais tapes de backups por arquivos em storage Cloud.
Decida pelo modelo IaaS ou PaaS
Um segundo fator igualmente importante a ter em consideração no planeamento de uma migração para Cloud, é decidir entre o modelo Cloud IaaS (Infrastructure as a service) ou PaaS (Plataform as a service).
As diferenças entre estes dois modelos prendem-se essencialmente na quantidade de esforço, conhecimento e planeamento necessário para a gestão dos serviços migrados. No modelo IaaS, fica a cargo da organização a gestão do sistema operativo dos servidores, das redes e dos dados do serviço migrado, enquanto no modelo PaaS toda essa gestão fica do lado do Public Cloud Provider que fica responsável por manter os dados, instalar e atualizar os sistemas.
Os serviços baseados em PaaS incluem por norma alta disponibilidade e são facilmente escaláveis, no entanto têm um custo ligeiramente superior para as organizações. Os serviços tipicamente migrados para este modelo são as bases de dados, portais web, web services e Containers.
Por outro lado, o modelo IaaS deve ser escolhido quando a organização quer fazer uma migração sem qualquer alteração na infraestrutura (conhecida como Lift & Shift), quando está a ser migrada uma aplicação não disponibilizada em modelo PaaS ou quando os requisitos exigem configurações específicas que não sejam suportados pelos serviços PaaS.
Tire o maior partido do seu investimento
A eficiência de custos é um dos grandes benefícios das arquiteturas Cloud, sendo possível utilizar a Cloud pública para complementar a capacidade dos serviços da organização durante picos de utilização, dando a capacidade às organizações de dar sempre resposta aos pedidos de clientes, pagando apenas pelos serviços o tempo que efetivamente necessite usar os mesmos.
A previsão mais exata possível dos custos da arquitetura Cloud planeada é, sem dúvida, um dos pontos mais importantes a ter em conta no planeamento de uma migração pois um desvio considerável deste valor pode deturpar as expectativas criadas e levar a que uma migração seja considerada um insucesso. Deverá ter em atenção que não basta ter em conta a capacidade dos servidores a migrar, mas também, ter uma estimativa da largura de banda, número de interfaces de rede e performance de storage necessária.
Os maiores Public Cloud Providers permitem ainda reaproveitar o investimento já feito em licenciamento pela organização, através de um modelo de aquisição de computação Bring Your Own License (BYOL). Neste modelo podem ser utilizadas na cloud as licenças de sistemas operativo ou software previamente adquiridas. Adicionando os benefícios existentes para clientes que adquiram computação a vários anos, é possível assim adquirir servidores cloud por 30% do custo original.
Não descure o tema da segurança
A Cloud traz um novo paradigma para a segurança da informação nas organizações. A responsabilidade pelo armazenamento seguro deixa de estar nos “ombros” da organização e é passada para o Public Cloud Provider escolhido pela mesma. Esta mudança traz consigo uma profunda alteração dos processos e estratégias tradicionais, sendo necessário um foco menor no controlo interno e maior na interação dos dados da organização com a Cloud, seja numa perspetiva de armazenamento da informação ou de como é utilizada nas aplicações e serviços Cloud.
No desenho de uma arquitetura Cloud, deve ser tido em conta todas as funcionalidades disponibilizadas pelo Cloud Provider, principalmente a forma como são protegidas as aplicações em Cloud ou a possibilidade de encriptação dos dados em trânsito ou repouso. Esta configuração passa ainda ao lado de bastantes organizações durante o planeamento da sua migração para a Cloud.
Hoje é possível ter um maior controlo sobre a segurança de perímetro da infraestrutura cloud, já que os fabricantes de soluções de firewall e VPN em que as organizações já confiam disponibilizam modelos virtuais para cloud, não sendo necessário abdicar de qualquer configuração ou detalhe para migrar a sua infraestrutura para um ambiente Cloud.
Tendo em conta estes 4 tópicos anteriormente apresentados, podemos afirmar que existe uma boa base de trabalho para escolher a arquitetura Cloud mais adequada à realidade de cada organização. É preciso começar por perceber quais as necessidades, dados e aplicações a migrar, perceber qual a melhor estratégia Cloud, se Hibrida ou totalmente Pública, qual o nível de serviço mais adequado para a organização tendo em conta o seu know how interno e os requisitos técnicos, interpretar o nível de segurança a implementar para assegurar a não invasão e a manutenção dos dados, e por último, cruzar todos estes requisitos com os custos associados para retirar da Cloud o melhor custo/beneficio possível.
Independentemente da estratégia a seguir: seja a via Cloud pública ou híbrida, estou convicto de que o caminho a seguir deve invariavelmente incluir uma abordagem Cloud, o que vai permitir às organizações reagirem de forma mais rápida e assertiva aos novos desafios digitais. E a sua empresa, já deu este passo em frente?
(*) Cloud Consultant na Bizdirect
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