A estratégia da Microsoft em relação ao Open Source
Por Sérgio Martinho (*)

A demanda pela interoperabilidade proporcionou uma evolução na colaboração entre companhias de Software Comercial, como é o caso da Microsoft, e comunidades de Open Source dando aos utilizadores e programadores mais opções.

Mas, para melhor compreender a estratégia da Microsoft nesta área, nada melhor do que começar pelo princípio: O que é exactamente Open Source?

O modelo Open Source possibilita acesso ao código. Dá direito a utilizá-lo bem como a modificá-lo e redistribui-lo.

Possibilita ao programador pegar numa solução ou produto que não está 100% de acordo com as suas expectativas, alterar o código de modo a incorporar mais funcionalidades e ir ao encontro das suas necessidades.

[caption]Sérgio Martinho, Microsoft Portugal[/caption]
É uma questão de escolha; este modelo possibilita inclusivamente diferentes modelos de distribuição como complemento ao software comercial.

O Open Source oferece oportunidades e desafios para a Microsoft. Do lado das oportunidades, a força da Microsoft está directamente relacionada com a quantidade de software que corre na plataforma Windows. Existem cerca de 50.000 parceiros que desenvolvem software comercial na nossa plataforma. E se juntarmos os milhares de projectos Open Source que também correm na plataforma Windows, é sem qualquer dúvida uma grande oportunidade para a Microsoft.

Do lado dos desafios encontramo-los por exemplo, ao mesmo nível do software comercial, ou seja na gestão da relação com parceiros que também são concorrentes. Nestes cenários, em coexistência com a parceria, temos de competir com estas mesmas entidades no mérito dos nossos produtos e na qualidade dos nossos serviços. E a gestão das expectativas neste tipo de relacionamento é sem qualquer dúvida um grande desafio.

Afinal, há oportunidades para ambos os modelos.

As necessidades não são iguais para todos. Alguns utilizadores necessitam de produtos com determinadas funcionalidades, robustez e serviços associados que tipicamente são os elementos diferenciadores no modelo proprietário. Há outros utilizadores que tem outro tipo de necessidades tipicamente mapeadas pelo modelo de Open Source, tais como ter acesso ao código, a possibilidade de modificar e partilhar as suas alterações. É interessante notar que não há uma linha ou marca delimitadora facilmente identificada, porque é possível que a mesma pessoa tenha participação em ambos os lados. Durante o dia pode ser um programador comercial, mas à noite é um programador Open Source. Esta dualidade permite uma vez mais um maior leque de escolha nas suas opções.

É importante para a Microsoft que existam soluções de Open Source a correr na plataforma Windows. Por isso, estamos e continuaremos a trabalhar para que a nossa plataforma possibilite experiências enriquecedoras para todos, dos programadores aos utilizadores finais. Para tal, trabalhamos com as comunidades, como por exemplo a comunidade PHP, a fundação Apache para que seja uma experiência positiva correr Apache Web Server ou aplicações PHP na plataforma Windows. Sabia que à data de hoje, mais de 50% das aplicações que utilizam MySQL, correm em Windows ?

Apesar de haver programadores que trabalham apenas no modelo Open Source, é expectável que para a maioria seja importante que o seu software possa ter a maior abrangência possível; no fundo, correr em múltiplas plataformas significa haver mais pessoas com acesso ao seu software.

A Microsoft procura oportunidades para colaborar, encontrar interesses comuns, mútuos benefícios. Para colaborar, procuramos por oportunidades onde a interoperabilidade faz sentido para um número alargado de utilizadores.

Onde colaboramos e encontramos interesses comuns é por exemplo através dos controles AJAX. O ASP .NET é uma metodologia aplicacional WEB que é parte do ambiente de desenvolvimento Microsoft. Engenheiros de desenvolvimento da Microsoft criaram controlos WEB como os que interagem com o calendário, painéis de gravação, a possibilidade de fazer slide shows, entre outros, são exemplos de controlos que os programadores WEB terão tipicamente interesse em ter acesso. A Microsoft colocou esses controlos à disposição da comunidade Open Source, a comunidade de seguida, aumentou as funcionalidades desses mesmos controlos, devido a esta iniciativa, há uma vibrante comunidade de controlos AJAX.

E há áreas onde a Microsoft encontra interesse na interoperabilidade, como exemplo, temos o trabalho com a comunidade PHP, garantimos que existe o driver SQL para que quem programa em PHP possa ter como opção o SQL Server. Trabalhamos com a fundação Apache para que a mesma possa tirar todo o beneficio das optimizações de rede e funcionalidades de segurança que são parte integrante do Windows Server 2008.

Trabalhamos com a comunidade Mozilla para garantir que o Windows Media player corre no Firefox tal como corre no Internet Explorer.

E o que acontece quando há dentro da Microsoft diferentes grupos com diferentes interesses? Por exemplo, a equipa que tem ao seu cuidado o Media Player, quererá que o mesmo possa correr em qualquer plataforma e a equipa do IE quer competir com o Firefox não terá o mesmo nível de interesse nesses resultados. Quando existem este tipo de conflitos, por regra são resolvidos tento em mente a seguinte regra: Fazer a plataforma Windows a mais rica para o maior número de produtos possível.

É por isso que neste exemplo do Firefox, tomamos a decisão de convidar engenheiros da fundação Mozilla para virem à Microsoft e trabalharem com os programadores do Windows Server. Do lado do Internet Explorer a mensagem é que devemos inovar, fazer o nosso produto o produto de escolha quando o utilizador final decide entre Firefox e Internet Explorer. Isto é uma oportunidade para a equipa do IE dar um passo em frente e criar software de grande valor.

É nossa firme a convicção que Open Source e código proprietário podem coexistir no mercado de uma forma saudável, sendo esta relação originadora de uma maior criatividade e inovação que no fundo irá beneficiar a sociedade em geral.

(*) Responsável pela área de Plataformas e Interoperabilidade na Microsoft Portugal.

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