Por João Dias (*)
Os organismos públicos sempre procuraram utilizar dados para fundamentar os seus processos de decisão. No entanto, se no passado recorriam a dados estatísticos, muitas vezes já agregados e representativos de períodos prolongados, hoje temos a obrigação de recorrer a dados em tempo real ou próximos disso.
E se a chave para um futuro mais eficiente e proativo estivesse nos dados brutos, recolhidos diretamente de sensores, cidadãos ou utilizadores de sistemas? Representando o que aconteceu num determinado momento no espaço e no tempo, esses dados, quando relacionados, têm o poder de gerar informações que possibilitam decisões mais rápidas, eficientes e proativas.
Será que estamos prontos para liderar esta revolução dos dados em tempo real?
Imaginem a capacidade de relacionar dados sobre o funcionamento dos candeeiros de iluminação pública, ocorrências de segurança, acidentes, pessoas na rua, comércio, entre outros. Não só otimizamos o consumo de energia, mas também podemos tomar medidas para melhorar a segurança do cidadão e promover o adequado uso do espaço público. A importância dos dados vai muito além do interesse daqueles que os produzem; o seu verdadeiro poder só se revela quando são partilhados.
Esta capacidade de integrar e analisar dados é crucial tanto a nível municipal como a nível da administração pública central. Por isso, a relevância da recentemente aprovada Estratégia Nacional de Territórios Inteligentes, que cria as condições para que os princípios das cidades inteligentes se estendam a todo o território nacional e exista uma partilha de dados permanente e em tempo real entre a administração pública local e central.
Fundamental para a concretização desta estratégia é o financiamento do PRR de 60 milhões de euros que irá apoiar investimentos para gerar, integrar, analisar e partilhar dados e informação entre os diversos níveis da administração pública e com o cidadão.
O futuro promete ser um território nacional que conhecemos em tempo real, onde dados e informação são partilhados entre municípios, entre a administração pública central e local e entre estes e o cidadão e o ecossistema inovador, promovendo a inovação e a transparência.
Na AMA, afirmamos com confiança: Sim, estamos prontos para liderar este caminho. No entanto, não basta partilhar dados e informação, pois só isso seria um desperdício de recursos. No final, o que importa é que eles sejam realmente utilizados para tomar melhores decisões. E na AMA, respondemos afirmativamente a esse desafio, comprometidos com uma transformação efetiva e positiva na administração pública. Estamos prontos para liderar esta revolução dos dados em tempo real.
(*) presidente da Agência para a Modernização Administrativa (AMA)
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