Por Felipe Sales (*)
A área de tecnologia deixou de ser lembrada como reativa aos problemas e passou a estar no planeamento estratégico do negócio. A pandemia COVID-19 acelerou o processo de protagonismo dos executivos de Tecnologias da Informação (TI) nas estruturas organizacionais.
Durante as últimas duas décadas vimos os diretores financeiros terem a posição de destaque diante dos demais colegas da direção, dada a importância de boa gestão financeira para a saúde da empresa e, também por, como diriam os mais antigos, “Manda quem tem dinheiro”.
Era comum, e ainda existem, estruturas onde a área de tecnologia era subordinada à área administrativa ou financeira. Entretanto, nos últimos anos, os diretores de tecnologia foram deixando de ser vistos como operacionais ou mais um centro de custo e começaram a ser decisivos nas estratégias das empresas tradicionais. Estas precisaram de reagir, mesmo que tardiamente, na digitalização e modernização dos seus negócios.
10 anos em 1
Além de todos os desafios inerentes ao distanciamento social, medidas sanitárias e fecho de pontos de venda físicos, muitas empresas tiveram que reagir em tempo recorde a novas necessidades das áreas de negócios e entregar, ou acelerar, soluções tecnológicas complexas a fim de evitar estragos ainda maiores nas empresas que ainda não estavam maduras no meio digital.
Reforços nas infraestruturas tecnológicas, computadores portáteis, políticas de cibersegurança e ferramentas de videoconferência são alguns dos exemplos do que precisou ser disponibilizado, em curto espaço de tempo, para que os colaboradores pudessem trabalhar das suas casas de forma que as empresas não parassem por completo. Principalmente, para as empresas de retalho, o mais importante e mais desafiador foi entrar, ou amadurecer, no comércio eletrónico.
Em tom de brincadeira fala-se que a pandemia da Covid-19, que não foi a primeira e nem será a última, foi o maior catalisador da Transformação Digital de que se tem notícia. Muito maior que as próprias exigências de mercado, concorrência ou novas tecnologias. Acredito que presenciámos ganhos em novas soluções, otimização de processos e teletrabalho na ordem dos dez anos em menos de um.
Meninos da informática
Estas conquistas só foram possíveis fruto do trabalho de equipas cada vez mais preparadas, especializadas e bem geridas.
O movimento natural, embora lento, de reconhecimento da TI como uma área estratégica, com poder decisório dentro do planeamento estratégico e com o protagonismo necessário para levar o negócio sempre um passo a frente, é essencial no momento que estamos a atravessar. A área de TI, ou o Chief Intelligence Officer (CIO), reativo ou dentro da sua zona de conforto e que não tem foco no cliente e mindset de negócios está fadado a sucumbir, e pior, influenciar a empresa a tomar más decisões.
Definitivamente a imagem, ou a postura, de “os meninos da informática” que só são chamados quando o problema já é crítico, não é aceitável ou sequer concebível. O protagonismo verdadeiro, com entrega de valor, planeamento estratégico e foco no negócio está, a cada dia mais, a ser assumido por verdadeiros executivos de TI bem preparados e com visão de futuro nas companhias.
(*) Business Manager – KCS iT
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