Por Claudia Lousada (*)

Chamo-me Claudia Losada, tenho 30 anos e trabalho na escola de tecnologia Ironhack há 5 anos onde atualmente lidero uma equipa de 15 pessoas localizadas em nove países. Aos poucos fui crescendo profissionalmente e pessoalmente, até que em junho de 2020 tornei-me mãe e hoje aprendo diariamente a conciliar família e trabalho – tudo uma questão de tempo e prática!

Vivemos num mundo em que as mulheres lutam dia-a-dia para diminuir a lacuna de talento feminino na indústria tecnológica, adquirindo novas competências e ganhando maior visibilidade num sector que, por preconceito, é culturalmente mais associado ao sexo masculino. Se somarmos a esta questão o facto de ser mãe, temos a combinação perfeita para que o acesso a cargos de gestão pareça uma missão quase impossível. No entanto, aqui estou eu para desmistificar mitos e apoiar todas as mulheres que procuram um cargo de gestão em empresas de tecnologia.

Ser mãe e ocupar uma posição de gestão não é de todo uma tarefa fácil, especialmente em tempo de pandemia, onde a pressão é cada vez maior. No entanto, trabalhar numa empresa de tecnologia, por pressupor uma maior flexibilidade, tornam o ser mãe-gerente mais suportável e entusiasmante. Inclusive, muitas das coisas que aprendi ao longo do meu percurso profissional na área tecnológica passei a aplicar também no meu trabalho como mãe: desde a gestão do tempo, gestão de equipas, planeamento e priorização, até lidar com o stress e resolução de conflitos.

A verdade é que ser “mãe-gestora” nos ajuda a nós mulheres a sermos muito mais organizadas nos dois mundos, profissional e pessoal, estabelecendo prioridades, horários e um planeamento eficaz que leva ao aumento da produtividade. Se por um lado, sabemos que as mulheres proporcionam um estilo de liderança que enriquece as empresas, pela sua capacidade de humanizar as relações e promover novos valores competitivos de empatia, colaboração, comunicação e consenso, por outro, a maternidade reforça a nossa capacidade de lidar com o stress, gerir equipas e resolver conflitos. Ao equilibrar a gestão de uma equipa de colaboradores com a gestão da casa-família, aprendemos a ser muito mais práticas e a tomar melhores decisões, sempre pensando no bem-estar de todas as partes.

Li recentemente um estudo do Peterson Institute for International Economics que afirma que as empresas com mulheres em cargos de gestão são mais lucrativas. A análise de mais de 20.000 organizações internacionais concluiu que "empresas com pelo menos 30% de mulheres executivas em cargos de alto comando têm 15% mais lucros". Interessante, certo?

Desta forma, ser “mãe-gestora” e trabalhar na área tecnológica são duas realidades que acredito que combinam, pois, a possibilidade de teletrabalho e flexibilidade de horários são de grande importância. No meu caso particular, fico muito feliz por fazer parte de uma empresa que potencia a conciliação da vida familiar e profissional através destas duas opções, dando-me a possibilidade de organizar o meu trabalho da forma mais eficiente em função das minhas necessidades e objetivos da empresa.

É por isso que precisamos não só se mais mulheres na área tecnológica, mas também de mais “mães-gestoras” dotadas das competências necessárias para liderar uma empresa e educar um filho com sucesso.

(*)Diretora Global de Vendas da escola de tecnologia Ironhack

Nota da Redação: Foi feita uma alteração ao texto. Última alteração 4/4/2021 às 18h58