Por José Vilarinho (*)

A biometria está a transformar os processos de autenticação digital. Ultrapassada a desconfiança inicial de organizações e consumidores, esta forma rápida e segura de identificar e autenticar pessoas através de características físicas únicas, poderá tornar a autenticação manual (com PINs e palavras-passe) numa coisa do passado.

A identificação biométrica pode incluir uma série de técnicas, desde o reconhecimento da íris ou da impressão digital, que atualmente é uma forma comum de autenticação em smartphones.

Esta transformação tecnológica está a ser acompanhada pela adesão dos consumidores a estas técnicas, uma vez que consideram a identificação biométrica muito mais simples do que gerir palavras-passe, PINs ou duplas autenticações (por exemplo quando é exigida uma palavra-passe e um código enviado para um telemóvel). Num inquérito realizado em 2019 pela Paysafe, 44% dos inquiridos responderam que a utilização da biometria nos processos de autenticação torna o processo mais rápido e mais conveniente do que a introdução de uma senha manual.

Ainda que a preocupação das organizações em oferecer aos seus clientes uma experiência digital mais integrada através de smartphones, tablets, sensores e outros dispositivos, seja um motivo para apostar na biometria, esta não é a única razão para a mudança do paradigma. As organizações estão também preocupadas com a segurança e a verificação da identidade através da biometria dá essa garantia, quer nas informações pessoais dos clientes, quer no combate à fraude.

Já que falamos em segurança, é importante clarificar que os dados biométricos são extraídos através de uma imagem, mas essa imagem não é o elemento utilizado no processo de autenticação. A imagem original, por exemplo da impressão digital, é rapidamente descartada e substituída por um arquivo matemático, o modelo biométrico. O modelo é uma referência digital das características únicas encontradas na imagem inicial. Deste modo, facilitam o armazenamento dos dados (não exige grandes volumes de armazenamento) e não permitem que, em caso de acesso indevido, seja possível visualizar a imagem de uma impressão digital ou de um rosto.

Numa altura em que a pandemia provocada pela covid-19 fez com que muitas organizações apostassem em iniciativas de transformação digital, especialmente aquelas que promovem o atendimento digital e a desmaterialização de processos, a biometria pode ser a peça chave para a adaptação das organizações. Onde? Nos serviços de atendimento na administração pública, permitindo a emissão de um passaporte ou cartão de cidadão, nas instituições bancárias, possibilitando a abertura de uma conta e pagamentos à distância ou no retalho, identificando os melhores clientes de uma marca ou loja.

O melhor de tudo, é que os custos de um sistema de recolha de dados biométricos e autenticação está a descer, ao mesmo tempo que os níveis de confiança na sua utilização aumentam.

A reconversão de sistemas de autenticação através da biometria, além de possibilitar uma redução de custos nas empresas, por exemplo em sistemas de recuperação e redefinição de palavras-passe, também têm um papel importante no combate à fraude. Por exemplo, quando o governo nigeriano lançou o seu sistema de identidade eletrónica conseguiu identificar cerca de 62 mil falsos trabalhadores do estado, conseguindo diminuir a sua despesa anual em cerca de mil milhões de dólares, além de ter evitado cerca de 4 milhões de votos duplicados nas eleições de 2015 (dados do relatório do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido).

A biometria tem provado ser um método de autenticação mais fácil de usar do que a autenticação manual, além de dar maior garantia de privacidade e segurança. Talvez seja por isso que está a tornar-se o método padrão no acesso a dispositivos, como os smartphones ou smartwatches. Em breve, deverá ser o método principal na autenticação em aplicações digitais.

(*) Diretor-Geral da Opensoft

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