Impõe-se uma Nova Estratégia Económica centrada num Novo Modelo Competitivo
Há vida para além do Défice
Por Francisco Jaime Quesado (*)
Neste tempo em que só se fala da Gestão da Crise importa deixar claro que há muita mais vida para além do Défice. A Economia Nacional encontra-se em profunda recessão. Os dados confirmados pelo Governo apontam nesse sentido e mais do que nunca importa apostar num Novo Modelo de Competitividade e Crescimento. Esta crise de crescimento que se vive actualmente vem sendo atribuída a um fenómeno externo, conjuntural, mas a realidade é outra: a não convergência para a média de rendimento per capita da UE dura há cerca de uma década e, por isso, em paralelo àquele fenómeno macroeconómico há um problema estrutural em Portugal. Por isso, impõe-se, mais do que nunca, uma Nova Estratégia Económica centrada num novo modelo competitivo:
- - aumentar as exportações no PIB, mas fazê-lo porque se trabalha para clientes mais exigentes. Abandonar a captação de clientes baseada nas vantagens de preço baixo e procurar os clientes mais sofisticados - pagam mais pelo valor acrescentado e ainda nos desafiam a modernizar e a aumentar os nossos padrões de exigência a vários níveis. Isto reforçará factores de competitividade baseados em recursos e capacidades únicos, flexíveis e valiosos, por oposição aos modelos mecânicos, lineares, baseados na minimização de custos;
- - apostar na dinamização de indústrias de bens transaccionáveis de média e alta intensidade tecnológica, procurando envolvê-las com os grandes investimentos de IDE. Isto reforçará o capital empreendedor, normalmente em micro e médias empresas/projectos, e contribuirá para a fixação de conhecimento, ganhos económicos e aumentos nos centros de decisão Portugueses;
- - apostar na educação superior e na formação. Mas isto não significa elevar o número de diplomados por si. Significa promover o grau de utilidade da educação/formação para as empresas. Actualmente assiste-se à emigração de talentos ou ao sub-emprego de licenciados, por falta desta relação entre centros de formação e empresas. A solução não é um "super-plano" que aponte as áreas prioritárias - isto é ineficaz. É antes introduzir concorrência e liberdade de opção entre as escolas, universidades e centros de formação, para além dos investimentos em estrutura e nas pessoas dessas instituições. Rapidamente os benefícios da internalização de mecanismos de mercado serão transpostos para outras áreas de welfare;
- o Sector Público consome, em despesa total, quase 50% do PIB Português. É preciso reflectir muito seriamente sobre tomar uma de duas opções: ou este número se reduz para níveis mais eficientes, em torno dos 40%, com a necessária revisão das funções do Estado; ou o Sector Público aprende a tornar-se mais produtivo e devolve à Sociedade, em serviços públicos e em bem-estar, tanto ou mais quanto lhe cobra em impostos.
Em conclusão, é possível atingir os objectivos individuais e colectivos que ambicionamos. O que já não é possível é manter o modelo actual. No entanto é bom saber que parte da solução está nas mãos dos Portugueses e que é possível monitorar os progressos do País olhando para alavancas muito simples, identificadas acima. Concerteza que há um debate ideológico implícito mas podemos, seguindo Schumpeter, ser pragmáticos e reconhecer honesta e desapaixonadamente qual o modelo que nos traz, ou não, mais benefícios. É esse o grande desafio que temos pela frente.
(*) Especialista em Estratégia, Inovação e Competitividade
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