Nokia a arder - Elop não é o bombeiro para apagar o fogo

Por Robert Heukamp (*)


Infelizmente os problemas da Nokia continuam. Uma guerra com duas frentes, pois a Nokia está a lidar com problemas em ambos os mercados, de rede e de telefone. Este não é um problema específico para a marca, mas também para a indústria.


O bombeiro Stephen Elop ainda não conseguiu apagar o fogo e as chamas na nova plataforma, Microsoft, estão mais altas que nunca. Mesmo assim, a industria, precisa da concorrência e uma Nokia forte é benéfico para o mercado, tanto na perspectiva do consumidor como do negócio.

No entanto, para o gigante finlandês das Telecomunicações, a corrida pode muito bem já ter terminado. Dia a dia, a posição da Nokia está a enfraquecer. E o casamento com a Microsoft não se revelou como a injeção de vitaminas necessária.

Há um ano atrás, ficámos cépticos com a escolha da Microsoft como parceira da Nokia e agora vemos que o consumidor final não está satisfeito. Estas inquietações mantêm-se válidas, se existir espaço para mais do que dois grandes sistemas operativos para telefones. Nokia precisa encontrar o seu lugar ou como o melhor amigo do homem de negócios com volumes mais pequenos, ou competir com as marcas chinesas mais económicas como a Huawei na batalha para vender biliões de smartphones de baixo custo em mercados com a India, China, Indonésia e Brasil. Microsoft pode ser a parceira para a primeira opção, mas talvez Android seja melhor para esta última.

É pena ver uma empresa de tal notoriedade perder a sua posição, mas vejo uma luz ao fundo do túnel e vamos ver novas marcas fortes a dominar o mercado de telefones móveis nos próximos anos.

Na luta pelos equipamentos na Europa, a Nokia é a última marca a resistir comparando com os restantes fornecedores Europeus já fora de jogo (já ninguém se lembra de marcas de telefones móveis como a Bosch ou a Siemens). Na década de 90, a Nokia foi capaz de mudar o mundo à imagem do que a Apple tem feito e esperamos que consigam voltar a estes antigos momentos de glória.

Para manter uma posição de topo num mundo de consumo electrónico tão difícil, será preciso garantir sempre o melhor design, tecnologia e facilidade de utilização. Com uma forte posição no design, a Nokia seria capaz de desafiar a Apple, com a consciência de que pouco aconteceu desde a apresentação do iPhone 4. Ainda assim, o design não é tudo. Hoje em dia é crucial ser-se amigo da comunidade inovadora para poder atrair clientes. E com o crescente vício por aplicações, a Apple conseguiu manter-se cativante não só por fora, mas também pelo interior dos seus smartphones. No entanto, os mercados estão em constante mudança, como se nota pela posição actual da Nokia, e as espectativas sobre o iPhone 5 são elevadas e se não tiver atenção, a Apple poderá assistir a uma redução drástica das suas vendas.

A janela para os telefones standard está a fechar e agora todos os consumidores querem um smartphone; a tendência é muito clara por todo o mundo. Mas um smartphone Nokia bem concebido a um custo baixo com Android talvez seja o caminho de volta para a Nokia.


(*) da Greenwich Consulting Portugal