Por João Rodrigues (*)



As tendências de tecnologia que prometem melhorar o nível de informações que temos à nossa disposição para a tomada de decisões – como o Big Data e a Internet das Coisas – apresentam uma desvantagem: os gastos energéticos acrescidos nos Centros de Dados.



Para que o Big Data seja útil, é necessário processá-lo e analisá-lo e todo esse processo decorrerá em Centros de Dados. Por isso mesmo, a não ser que os Centros de Dados se tornem mais eficientes e flexíveis no que toca à utilização da energia, a tendência do Big Data implicará um consumo energético muito maior, alguma desta proveniente de combustíveis fósseis. O Big Data tem um grande potencial, mas é preciso evitar que isso implique desperdício energético.



De acordo com as estimativas da Gartner, a indústria das tecnologias de informação e comunicação (TIC) já corresponde a cerca de 2% das emissões de dióxido de carbono globais. Se olharmos apenas para os Centros de Dados, a Gartner estima que a energia represente 12% do total dos custos associados aos mesmos, sendo, paralelamente, o custo que mais cresce anualmente.
[caption]João Rodrigues[/caption]

Se toda a energia utilizada por Centros de Dados fosse canalizada para computação, a eficiência seria muito elevada, mas esse não é o caso. O rácio que indica quanta energia foi dispendida em atividades de computação e assets de TI é medido pelo PUE – Power Usage Effectiveness. Um PUE ideal – aquele em que toda a energia seja gasta em tarefas de computação – seria de 1.0.



Os estudos acerca dos valores médios de PUE têm variado, mas, embora existam vários casos do conhecimento público onde se observa um PUE ligeiramente acima de 1.0, a média está mais próxima de 1.8, o que significa que existe espaço para melhorar no que toca à eficiência energética em Centros de Dados.



A Virtualização emergiu como uma forma de retirar mais tempo de utilização do servidor, mas, Virtualização aparte, uma das melhores formas de melhorar a eficiência em Centros de Dados é reduzir a energia consumida pela Potência, Arrefecimento e Infraestrutura de Iluminação.



Para tentar solucionar esta questão, um dos caminhos pode passar por um melhor planeamento e conceção de Centros de Dados . De qualquer forma, no caso de Centros de Dados já existentes, poderá ser feita uma avaliação e integrados serviços de ciclo de vida que podem tornar a infraestrutura mais eficiente e ajudar a colmatar as necessidades associadas ao Big Data.



Existem várias táticas e upgrades específicos que podem também ajudar, como por exemplo temperaturas de operação mais baixas, a utilização de configurações de corredor quente e corredor frio com melhor contenção do ar, equipamentos com modos de operação económicos, e a utilização de softwares de gestão de infraestruturas de Centros de Dados (DCIM). Um simples serviço de consultadoria poderá identificar qual a solução ou soluções mais indicadas.



Embora seja difícil antever o tamanho da explosão de Big Data que aí vem, uma previsão recente da IDC revela que a tecnologia e serviços de Big data crescerão cerca de 27% ao ano, ou cerca de seis vezes o que o mercado das TIC cresce. Ainda assim, se não se fizer mais nada para além de apostar na eficiência energética dos Centros de Dados, a curva de crescimento do Big Data terá um impacto significativo na sustentabilidade e no Ambiente.



*Vice-presidente da Schneider Electric Portugal


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico