Por André Paula (*)


O conceito DIY (Do It Yourself), ou “Faça Você Mesmo”, vem ganhando cada vez mais adeptos, a nível nacional e internacional. Nos últimos anos, é notável o crescente número de empresas que têm vindo a apostar no desenvolvimento de soluções e produtos que deixam ao critério do utilizador fazer o que pretende, para satisfazer as suas necessidades tecnológicas, com custos mais reduzidos.

Isto só é possível com recurso a tecnologia opensource, ou de código aberto, pois permite que as próprias empresas modifiquem o código e o ajustem à solução que estão a desenvolver. Por outro lado, podem redistribui-la e deixar ao critério de quem adquire alterar o produto.

Este tipo de soluções tem sido utilizado para desenvolver serviços e produtos presentes nas áreas da saúde, da ciência, da robótica, da informática, e que estão não só a dominar o mercado, como a promover o crescimento tecnológico. Aquilo que era muitas vezes difícil de implementar, devido à carga burocrática associada a processos de licenciamento, deixou de o ser graça à tecnologia opensource, que trouxe mais liberdade criativa aos desenvolvedores e ao consumidor final.

Recentemente, tive o privilégio de expor um projeto pessoal na “Lisbon Maker Faire 2016”, no Pavilhão do Conhecimento, onde estiveram presentes várias empresas reconhecidas internacionalmente, startups, escolas e vários makers com projetos opensource, predominantemente na impressão 3D, cujo crescimento tem sido notável.

Nesta edição do evento verificou-se uma forte presença de componentes e projetos com base nesta inovação, em que o conceito DIY mostrou ser uma das principais razões para a sua utilização. O projeto que tive a oportunidade de apresentar consiste num PC modificado e refrigerado a água, com algumas peças meramente estéticas, mas totalmente desenvolvidas com recurso ao desenho e impressão 3D e com a utilização de software em código aberto, o que torna o projeto único.

Para além disso, o sistema operativo escolhido foi uma distribuição GNU/Linux, um sistema de código aberto, com uso de software livre, cuja utilização está ao alcance de qualquer pessoa, de forma gratuita. Algo que há alguns anos atrás, devido à complexidade de utilização, só os profissionais de IT conseguiriam fazer.

Atualmente, essa não é a realidade e pude constatar isso mesmo através dos contatos que fui fazendo e das impressões que fui trocando. Foi muito curioso verificar que vários pais incentivam os filhos a utilizarem a criatividade para desenvolver projetos com recurso a tecnologia opensource, algo que considero muito importante para as atuais e futuras gerações, pois o acesso a essa tecnologia está, hoje, num patamar nunca antes alcançado e deve continuar a ser utilizada para o progresso tecnológico.

Portugal dá assim sinais muito positivos de mudança de paradigma ao nível do empreendedorismo e da vontade de inovar através da utilização da tecnologia opensource, como meio para criar soluções à medida e adaptáveis ao consumidor final. Na minha perspetiva, esta será uma tendência crescente, por várias razões, não querendo deixar de ressalvar a democratização do acesso à tecnologia, como uma das principais.

(*) Consultor TI, Rumos Serviços