Por Francisco Jaime Quesado (*)
As empresas são cada vez mais o motor da mudança em Portugal. Impõem-se empresas capaz de projetar no país uma dinâmica de procura permanente da criação de valor e aposta na criatividade. Num tempo de mudança, em que só sobrevive quem é capaz de antecipar as expectativas do mercado e de gerir em rede, numa lógica de competitividade aberta, as empresas não podem demorar. Têm que se assumir como atores “perturbadores” do sistema, induzindo na sociedade e na economia um capital de exigência e de inovação que lhe conferirão um desejado estatuto de centralidade e sobretudo de inequívoca liderança no processo de mudança em curso.
As empresas têm que se assumir como o ponto de partida e de chegada de uma nova dimensão da competitividade em Portugal. Assumido o compromisso estratégico da aposta na inovação e conhecimento, estabilizada a “ideia coletiva” de fazer do valor e criatividade a chave da inserção das empresas, produtos e serviços portugueses no mercado global, compete às empresas a tarefa maior de saber protagonizar o papel simultâneo de ator indutor da mudança e agregador de tendências. As TIC desempenham nesse âmbito um papel central, pelo efeito de modernidade estratégica que provocam em termos internos e externos.
As empresas têm que se assumir em Portugal como um Actor Global, capaz de transportar para a nossa matriz social a dinâmica imparável do conhecimento e de o transformar em ativo transacionável indutor da criação de riqueza. Para isso, as empresas têm que assumir claramente, no quadro dum processo de mudança estratégico, o papel de inovação que os três T – Talento, Tecnologia e Tolerância – provocam. Destes, a tecnologia – com ênfase para as TIC – são nos dias de hoje a chave de uma nova aposta que deverá ser capaz de construir uma nova cadeia de valor assente na excelência.
As empresas terão também que conseguir fazer apelo à mobilização efetiva dos talentos. É inequívoco o sucesso que nos últimos anos se tem consolidado na acumulação de capital de talentos de norte a sul, nos diferentes centros de Competência que proliferam pelo país. Chegou agora o tempo de dar a estes talentos dimensão global, no aproveitamento das suas competências e na geração de criatividade e valor que eles podem induzir. Duma forma sistemática, arrojada, mas também percebida e participada. As TIC são neste contexto mais uma vez o fator que poderá e deverá fazer a diferença estratégica para o futuro.
As empresas são um desafio à capacidade de mudança de Portugal. Porque as empresas são um percurso possível decisivo na nossa matriz social, o sucesso com que conseguir assumir este novo desafio que tem pela frente será também em grande medida o sucesso com que o país será capaz de enfrentar os exigentes compromissos da globalização e do conhecimento. As empresas têm que assumir dimensão global ao nível da geração de conhecimento, valor, mas também de imposição de padrões sociais e culturais. As Empresas têm que ser o grande ator da mudança que se quer para Portugal.
(*) Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública
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