Por Francisco Jaime Quesado (*)


Está aí o desafio das Smart Cities. Mobilizando competências estratégicas associadas a áreas críticas como a Mobilidade, Tecnologias e Informação, Energia e Habitat, as Smart Cities são a resposta certa no tempo adequado – dinamizar uma rede de cidades inteligentes, onde a base competitiva seja a plataforma central para uma qualidade de vida mais integrada e participada por empresas e cidadãos. Na linha das opções europeias, o nosso país dá uma resposta ao futuro e mostra que, apesar da crise, ainda é possível crescer. Crescer com valor e numa base de redes globais centradas na inovação.

[caption]Francisco Jaime Quesado[/caption]

Numa Europa das cidades e regiões, onde a aposta na inovação e conhecimento se configura como a grande plataforma de aumento da competitividade à escala global, os números sobre a coesão territorial e social traduzem uma evolução completamente distinta do paradigma desejado. A excessiva concentração de activos empresariais e de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos divergentes nos indicadores acumulados de capital social básico, suscitam muitas questões quanto à verdadeira dimensão estruturante de muitas das apostas feitas em matéria de investimentos destinados a corrigir esta “dualidade” de desenvolvimento do país ao longo dos últimos anos.

Apesar da relativa reduzida dimensão do país, não restam dúvidas de que a aposta numa política integrada e sistemática de cidades médias, tendo por base o paradigma da inovação e do conhecimento, com conciliação operativa entre a fixação de estruturas empresariais criadoras de riqueza e talentos humanos indutores de criatividade, é o único caminho possível para controlar este fenómeno da Metropolização da capital que parece não ter fim. O papel das Universidades e Institutos Politécnicos que nos últimos 20 anos foram responsáveis pela animação de uma importante parte das cidades do interior, com o aumento da população permanente e a aposta em novos factores de afirmação local, está esgotado e tem que ser reinventado.

Desta forma, o compromisso entre aposta, através da ciência, inovação e tecnologia, em competitividade estruturante na criação de valor empresarial, e atenção especial à coesão social, do ponto de vista de equidade e justiça, é o grande desafio a não perder. A inteligência competitiva tem nesta matéria um papel muito especial a desempenhar e numa época onde se assiste à crescente Metropolização do país em torno do Porto e Lisboa, a aposta em novos projectos estratégicos como as Smart Cities vem na hora certa. Permite mostrar que o triângulo estratégico (Autarquias, Universidades e Empresas) está a construir verdadeiras soluções estratégicas de futuro.

(*) Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública