Por Bruno Silvério (*)


Marketing Digital. Primeiro passo: formar

[caption]Bruno Silvério[/caption]

A tendência atual para se olhar para o marketing digital como um “oásis no deserto”, levou a que os profissionais evoluíssem de forma mais rápida que o expectável e que as empresas passassem a encarar esta área como o coração do marketing. Aparentemente, nada de errado. No entanto, na minha opinião, o mercado carece claramente de uma maturação e maior especialização dos profissionais e de planeamento por parte das empresas.

No setor da hotelaria em particular, a especialização e o planeamento já se encontram bastante evoluídos, tendo o marketing digital sido incorporado de forma natural, seja através da área de E-Commerce, seja como extensão do departamento de marketing. Já na área de Real Estate/Imobiliário, encontramos um mercado muito mais tradicional. Apesar de no âmbito online existirem alguns players que são um exemplo de modernidade, a grande maioria das marcas ainda resiste em adaptar-se às novas tendências, fruto da desinformação e, em especial, da falta de conhecimentos e de educação para as novas tecnologias e Social Media.

A formação é essencial nesta área. Por isso, verificamos que a tendência para vender primeiro e, depois, adaptar-se à estratégia de marketing, não funciona com a mesma efetividade de resultados do que se pensarmos e planearmos de raiz com base na simbiose entre o marketing e as vendas.

Segundo passo: marketing integrado sempre!

Mesmo em negócios online, a transversalidade da comunicação e do marketing ao longo de diferentes plataformas mostra-se sempre mais efetiva e com melhores resultados. O facto de podermos perceber melhor o nosso consumidor através do seu comportamento nas plataformas digitais, com recurso a uma estratégia de CRM integrada, só nos vai “iluminar” o caminho que até agora era muito mais difícil de prever.

Ninguém compra uma casa online ou por catálogo. Da mesma forma que, se um amigo nos recomendar um Hotel, esta opinião será sempre mais relevante e decisiva do que uma review no TripAdvisor, por muito positiva que esta seja. Não precisamos de ser malabaristas para lidar com todas estas variáveis ao mesmo tempo, mas claramente há uma exigência na nossa especialidade para que os profissionais tenham uma maior capacidade multidisciplinar. Sim, acredito que o nosso mercado caminha, ainda que a passos muito pequenos, para a especialização. Para lá chegar, no entanto, precisamos de tempo, porque a experiência dos profissionais não se inventa, vive-se a cada projeto.

O sucesso do Marketing digital nos setores hoteleiro e imobiliário
No ano de 2013, a nível nacional, houve um aumento de 9,4% no que diz respeito ao online booking no setor hoteleiro. Isto só vem provar a maturidade do mercado no que diz respeito ao E-commerce. É, no entanto, ambíguo o facto de a maioria das plataformas web de muitos hotéis não serem adaptativas ou responsive – algo que está, felizmente, a mudar. Veja-se o exemplo do Pine Cliffs Resort.

Mas o caminho para o sucesso não se faz apenas com um bom site e um sistema de reservas rápido e eficaz. É importante ter parceiros que entendam a cultura da empresa e que nos ajudem a definir uma estratégia de retargeting ou de PPC, e parceiros tecnológicos que partilhem as mesmas expectativas – neste caso os gestores hoteleiros e imobiliários devem estar dispostos a perceber que a tecnologia é um investimento, libertarem-se do amadorismo de comprar tecnologia de ponta ao mais baixo preço, isso não existe! E que ter ferramentas avançadas não é um custo mas sim um investimento a médio e longo prazo.

Tudo isto é crítico quando falamos em zonas como o Algarve, com taxas de ocupação de 95% no verão e de 5% no inverno. Por seu lado, no setor imobiliário é algo mais contínuo e cada vez mais global. Portugal aprendeu a exportar o seu produto principal: destino. O destino não é só turismo tradicional, é também investimento num país único, cheio de sol e à beira-mar. O investimento em marketing digital também é um pouco diferente nestes dois setores, até porque quem compra uma casa não decide por impulso, ao contrário de um turista, para quem uma campanha de retargeting pode ter uma taxa de conversão bastante elevada por click.

Não podia deixar de terminar sem falar nas histórias – prefiro o conceito de inbound marketing, do qual sou fã e praticante! Se quem conta histórias nos livros são os escritores, porque não devemos ter community managers ou web designers a fazerem aquilo em que são especialistas? Quando bem feito, o Storytelling é crucial para promover uma nova experiência num destino único e não pode ser olhado como um simples post, mas sim como mais uma ferramenta de venda de um serviço ou produto.

Já encontramos regularmente vídeos para promoção de venda de propriedades que potenciam ainda mais a vontade e o desejo do utilizador. Quem procura, quer algo novo, uma experiência nova. Porque não promover um novo imóvel com vídeos 3D ou uma aplicação que nos permita conhecer e viver a nossa possível casa futura? Já se faz isso em Portugal e esta capacidade que temos em ser empreendedores vai levar-nos longe, assim espero.



(*) E-Commerce & Digital Marketing Manager do Pine Cliffs Resort