Por Catarina Santos (*)

Nos dias de hoje, e perante a necessidade das empresas estarem cada vez mais alinhadas com as melhores práticas que reduzem o impacto ambiental, determinados temas como a sustentabilidade, a exploração de novos recursos naturais e a gestão de resíduos tornaram-se absolutamente centrais.

Na verdade, há uma tomada de consciência da importância e criticidade destes tópicos, mas estará o tecido empresarial português efetivamente a implementar e incorporar estas práticas no seu dia-a-dia? A minha questão vai no sentido de nos questionarmos e informarmos se não haverá mais a fazer, além da espetável separação de resíduos, redução da utilização de papel e uso consciente da água e da energia elétrica.

Pensemos na quantidade de equipamentos de IT em fim de vida que, ao invés de serem destruídos ou permanecerem esquecidos numa prateleira durante tempo indeterminado, podem ser recondicionados e reaproveitados. Isto significaria que mais pessoas poderiam adquiri-los e reutilizá-los, desperdiçando-se assim menos recursos.

Se olharmos para o mercado dos smartphones (que registou no ano passado uma desaceleração nas vendas), é verdade que o público já começa a procurar este tipo de soluções, ao contrário daquilo que acontece com os tablets, smartwatches e computadores, que acabam por ser postos de lado, ficando inutilizados.

Ora, havendo solução para contornar este tipo de situações, porque não adotá-las? É compreensível que haja equipamentos que já não funcionam para o meio empresarial, uma vez que não cumprem os requisitos necessários, mas podem, quem sabe, servir para um aluno. Isto é somente um exemplo de uma reutilização num outro contexto, podendo aqui enumerar muitos mais.

De forma elucidativa, existem empresas que recompram e recondicionam equipamentos, formatam como se estivessem novos (na verdade não são novos, mas estão operacionais) e ei-los prontos para serem reutilizados noutra realidade.

Recuemos ao início da pandemia de Covid-19: nessa altura disparou a procura por recondicionados, uma vez que não havia oferta para equipamentos novos devido à falta de chips relacionada com o encerramento das fábricas na China. Passada, porém, essa fase, o problema rapidamente voltou: se é para comprar é novo e o antigo fica na gaveta!

Há, por isso, que mudar mentalidades e chamar a atenção para a questão da entrega de equipamentos usados de IT - e aqui falo de computadores, servidores, écrans - cujo serviço traz inúmeras vantagens, que vão além dos temas da sustentabilidade e da pegada ecológica.

Existe ainda o facto de se poder ter margem de negócio e a garantia da eliminação dos dados dos dispositivos de forma certificada. Esta questão da confidencialidade da informação é muitíssimo importante, e é por isso que há empresas que fazem mesmo a destruição física dos discos dos computadores à frente do cliente, de forma a garantir que não há recuperação possível da informação.

Segundo o estudo Service Market Research 2022-2028, que analisa o mercado de serviços de reciclagem de telemóveis (à luz também da pandemia e influência da Guerra Rússia-Ucrânia), estima-se que a nível europeu vai haver um aumento significativo neste tipo de serviços.

Em suma, e apesar dos esforços, penso que podemos fazer mais e temos o dever de tornar o tecido empresarial português o mais sustentável possível, assumindo um verdadeiro compromisso de preservação do planeta, tomando consciência que um dos caminhos a trilhar é a aposta no recondicionamento dos equipamentos de IT.

(*) Lifecycle Services Manager Portugal na TD SYNNEX