Por Francisco Jaime Quesado (*)

Há já muitos anos que tenho o prazer de, a convite da APDSI – Associação para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, marcar encontro no Convento da Arrábida. Com a pandemia a iniciativa parou mas desta vez será em plena Primavera e em Maio que voltarei a um evento de referência na área da informação e do conhecimento. Um momento único para, num dos locais mais emblemáticos do nosso país, poder refletir de forma aberta sobre os desafios que a Sociedade da Informação e do Conhecimento suscitam para a nossa Economia e Sociedade.  Será mais um momento especial para reviver um passado que é cada vez mais o futuro que temos pela frente.

A construção duma Sociedade da Informação e do Conhecimento é um desafio complexo e transversal a todos os actores e exige um capital de compromisso colaborativo entre todos. Com a tecnologia  a nossa sociedade mudou muito e o grau de liberdade de participação das pessoas ganhou uma dimensão nunca antes possível – a informação passou a estar disponível a todo o momento e a ser a base de novas plataformas de inteligência estratégica, dinamizadoras de novas redes de colaboração e de novas soluções para os novos problemas que surgiram.

Apesar do enorme progresso registado com a tecnologia, os sinais empíricos evidenciam uma leitura menos positiva do comportamento de muitas sociedades em termos dos requisitos que a inovação e a criatividade implicam. A consolidação duma Sociedade do Conhecimento Moderna implica, antes de mais, saber responder às seguintes questões:

- Qual o caminho a dar ao Digital enquanto instrumento central duma política ativa de intervenção pública como matriz transversal da renovação da nossa sociedade ?

- Qual a forma possível de fazer das empresas (e em particular das PME) os atores relevantes na criação e valor e garantia de padrões de qualidade e vida social adequados, num cenário de crescente deslocalização económica?

- Qual o papel efetivo da educação como quadro referencial essencial da adequação dos atores sociais aos novos desafios da sociedade do conhecimento? Os atores do conhecimento de que tanto se precisa são “educados” ou “formados”?

- Qual o papel do I&D enquanto área capaz de fazer o compromisso necessário entre a urgência da ciência e a inevitabilidade da sua mais do que necessária  aplicabilidade prática para efeitos de indução duma cultura estruturada de inovação?

- Qual o sentido efetivo das políticas de empregabilidade e inclusão social enquanto instrumentos  de promoção dum objectivo global de coesão social? O que fazer de todos os que pelo desemprego se sentem cada vez mais marginalizados pelo sistema?

Pretende-se desta forma criar as condições para a qualificação em rede dos diferentes atores que dinamizam uma nova sociedade, proporcionando uma verdadeira agenda de modernidade, participativa e apostada  no novo paradigma da competitividade, essencial para a criação duma oportunidade nacional na economia global. O conhecimento ganha desta forma um estatuto central na mudança do paradigma de desenvolvimento da sociedade, materializado no compromisso entre coesão social  e competitividade.

No Encontro da Arrábida a discussão não vai parar. Porque não pode parar. Será mais uma vez um feliz compromisso entre a herança do passado e a convicção no futuro, que a Sociedade da Informação e Conhecimento nos tem sabido propiciar.

(*) Economista e Gestor – Especialista em Inovação e Competitividade