Por Carlos Tur (*)

Sempre defendemos que 12, agregando eficiência, flexibilidade e visibilidade para a tomada de decisões. Essa máxima é aplicável em qualquer empresa, país ou instituição, em qualquer lugar do mundo. Neste momento de mudança e desafios, é necessário não apenas defender o uso de plataformas online a nível nacional, mas também atravessar fronteiras. E por isso mesmo, hoje falamos de Internacionalização.

Para tal, apresentamos casos reais em dois setores-chave da economia e administração pública: Transportes e Saúde. O primeiro exemplo é o caso da Repsol, a líder energética espanhola. No ano passado, surgiu a oportunidade de se gerir um grande projeto de transporte de líquidos por toda a Europa, a fim de melhorar a cadeia de fornecimentos e reduzir os custos operacionais da empresa. O objetivo era otimizar o transporte rodoviário e intermodal de produtos químicos e lubrificantes, adjudicando esse tipo de trabalhos a fornecedores que atendessem às melhores condições técnicas, económicas, de segurança e solvência.

No projeto, que decorreu entre fevereiro a setembro de 2019, mais de 40 fornecedores intervieram para transportar mercadorias por todo o continente. A magnitude desta iniciativa refletiu-se no número de rotas principais, que excederam as 30.000. A solução introduziu técnicas de compra colaborativa, permitindo aos fornecedores cotizar as áreas que mais lhes interessavam, realizando viagens a diferentes níveis, em função das suas possibilidades, além de propor diferentes intervalos de desconto, também por duração do contrato e agrupamentos de rotas.

Esta tecnologia permitiu à Repsol aumentar exponencialmente a capacidade de analisar diferentes cenários, mais de 500 no total. Tal operação foi realizada em tempo recorde, usando a potência e a velocidade do mecanismo de otimização. Foram analisadas mais de 400.000 ofertas, incluindo todos os parâmetros de segurança, técnicos e de qualidade exigidos pela empresa aos fornecedores.

Além da agilidade do processo, a Repsol, graças à ajuda da tecnologia, conseguiu melhorar os resultados obtidos devido às técnicas de negociação colaborativa. Este projeto enquadra-se na missão da função de compras da empresa, que se traduz em promover/impulsionar formas de trabalho inovadoras, aplicando novas tecnologias que melhoram o fornecimento de bens e serviços dentro do prazo e com a qualidade necessária, otimizando a gestão em toda a cadeia de fornecimento, com a máxima transparência.

Inovação em tecnologia e saúde europeia

Se nos referimos às necessidades das empresas, não podemos esquecer as necessidades das pessoas. E, claro, a saúde. Como em outros setores económicos, é essencial ter uma boa rede de colaboradores que proporcionem a infraestrutura e a tecnologia necessárias para melhorar a gestão de um sistema que afeta milhões de pessoas, por um lado, e por outro, reduzir o custo e o possível impacto económico para as finanças de uma empresa ou Estado.

Na Europa, as despesas públicas em saúde excedem os mil milhões de euros por ano, 7% do PIB, segundo o Eurostat. Em concreto, Portugal investiu 6,3% em 2018, o que o coloca aproximadamente no meio do ranking europeu.

A longevidade é um aspeto muito específico, com impacto direto nos cuidados de saúde e, ao mesmo tempo, um desafio para os profissionais do setor. Em 2020, um terço dos europeus terá mais de 60 anos. Juntamente com as baixas taxas de natalidade, essa situação levará a mudanças na estrutura da sociedade europeia, com o consequente impacto no nosso sistema económico, Segurança Social e saúde.

O projeto europeu eCARE tem como objetivo fornecer soluções digitais inovadoras e económicas para a prevenção e gestão integrada da fragilidade entre os idosos e melhorar sua qualidade de vida. Foi-lhe dada ainda mais urgência na sequência da crise do Covid-19.

eCARE (Grant Agreement nº 856960) possui um orçamento de 5,6 milhões, 90% financiado pela CE no âmbito do programa Horizonte 2020. Inclui a Santa Casa da Misericórdia da Amadora, de Portugal, bem como instituições de Espanha, Itália e Polónia, e estará em vigor até 31 de agosto de 2023. O projeto será desenvolvido através do mecanismo inovador de Contratação Pública, através do qual os serviços sociais participantes irão preparar e lançar um concurso de Contratações Públicas Pré-Comerciais para encontrar soluções digitais disruptivas que ajudem a prevenir e reverter a fragilidade em idosos, melhorando assim o seu bem-estar e qualidade de vida, reduzindo ainda a carga económica que os serviços de saúde representam para o contribuinte.

Estes dois exemplos mostram como a colaboração e a tecnologia aplicadas às compras beneficiam estes dois setores e os acionistas, mas principalmente a sociedade. Dois setores-chave dentro e fora das nossas fronteiras. Procurar soluções reais e eficazes é o desafio das nossas empresas e, naturalmente, da nossa sociedade.

(*) Country Manager da JAGGAER para Portugal e Espanha