Por Alexandre Ruas (*)
qua.ren.te.na, nome, feminino. período de isolamento imposto a pessoas portadoras ou supostas portadoras de doenças contagiosas.
Infopédia, Dicionários Porto Editora.
Não temos memória de um momento semelhante do ponto de vista social. Os números assustam. Sabemos que as próximas duas semanas são determinantes na evolução do número de infetados pelo Covid-19 e respetiva capacidade de resposta dos serviços de saúde.
Segundo o site our world in data, há registo de aproximadamente 650.000 infetados em todo o mundo e foram detetados 63.000 novos casos num só dia.
Responsabilidade e sobriedade é o que se exige.
Não sendo de todo um especialista em saúde, prefiro ajustar os ponteiros para tecnologia.
Esta será, por ventura, uma nova forma de quarentena.
Graças ao estado tecnológico em que vivemos estamos a conseguir matar um dos maiores embates do isolamento, a depressão causada pelo impacto num mundo comunitário.
No meio desta ansiedade generalizada, temos oportunidade de confirmar que a tecnologia, tantas vezes motivo de discussão acerca do possível afastamento social e vício, nos põe à disposição um sem fim de benefícios. Foquemo-nos neles e retiremos conclusões.
As plataformas, media, redes sociais, chats…permitem-nos manter conectados e mais saudáveis, mental e fisicamente. Continuamos perto uns dos outros. Assistimos a novas formas de manifestações. Reinventamos o modelo das reuniões familiares e conversas com amigos.
Os professores mantêm contacto com os alunos. Têm tarefas e objetivos. São definidas novas estratégias académicas. Os miúdos continuam a aprender. De forma diferente, mas a aprender.
Cinema, séries, conteúdos e jogos, on-line ou off-line.
Os OTTs concertaram-se globalmente, numa ação sem precedentes, e diminuíram a qualidade dos respetivos serviços de streaming. Dessa forma propõem-se ajudar a ultrapassar um pico de utilização e possível estrangulamento das redes.
Fazemos compras e stressamos a logística mais tradicional. Certamente que esta crise irá acelerar uma nova cadeia de distribuição. Mais autónoma, automatizada e com processos alternativos.
Trocamos os ginásios por apps, vídeo on demand ou real time, mas redefinimos objetivos e mantemos a forma.
A cultura também se reinventou. Concertos on-line. Abertos. Para todos. O impacto financeiro será grande.
As VPNs, mail, cloud, virtualização…mantêm o mundo empresarial e serviços a funcionar.
Existem muitos cenários económicos e financeiros em cima da mesa, sendo que um deles é a possível entrada em recessão.
De qualquer forma, sem dúvida que também neste aspeto a tecnologia veio atuar como força atenuadora no ecossistema.
E muito importante, temos acesso a cuidados de saúde de forma remota. Estamos a reinventar.
Não menos importante é a utilização correta e moderada dos recursos. São finitos e estão a ser levados ao extremo.
Porque tantas vezes falamos das más decisões, as boas dão este alento a Portugal.
Recordo que com a publicação da lei dos serviços públicos essenciais, Diário da República n.º 172/1996, Portugal garantiu que tal como a água, luz, gás, tratamento de resíduos entre outros, também as comunicações foram consideradas críticas e essenciais para o país.
Esta deliberação obrigou a investimento e muito trabalho por parte da industria de telecomunicações, Operadores, Fabricantes, Prestadores de Serviço e Regulador.
Investimentos em Fibra Óptica, capilaridade das redes 4G, modernização das redes core, Data Centers e outros tantos, estão a garantir que Portugal não pare.
Hoje, se temos os serviços que referi como exemplo, se não estamos isolados, temos de agradecer aos que tantas vezes acusados de serem o maior centro de reclamações por cliente.
Hoje, deveríamos também agradecer à industria de Telecomunicações e à tecnologia por nos ajudarem a ultrapassar melhor este momento.
Tal como outras tantas indústrias e serviços, também esta se mantém 24h x 7 dias na “frente de combate”.
A tecnologia assume, uma vez mais, um papel preponderante em tempo de crise. Tem coisas boas e más, tem melhores e piores práticas, mas é fundamental.
Continuemos a evoluir no sentido certo.
(*) Head of Telecoms, Altran Portugal
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