João Seabra é o diretor geral para as regiões ocidentais da Europa e África da Siemens Healthineers. A seu cargo está a gestão do negócio da empresa em vários países destas regiões (como Portugal, por exemplo) e uma faturação de milhares de milhões de euros que advém de uma área "em amplo crescimento", disse o português em entrevista ao TeK, esta quarta-feira, em Londres.

Tal como quase em todos os outros setores, a tecnologia está a articular-se com a saúde para a tornar mais eficiente, neste caso, nos tratamentos que são aplicados aos doentes e nos procedimentos que permitem às equipas médicas obterem resultados e diagnósticos sobre os pacientes.

Com o atual contexto populacional e com as tendências de crescimento previstas para os anos que se seguem, João Seabra acredita que a inversão da pirâmide demográfica vai levar a um aumento dos casos de doenças crónicas e a uma sobrecarga do sistema de saúde. Neste sentido, a lógica sustenta a inovação no sector porque "a tecnologia é uma forma de fazer frente a estes desafios".

Por outro lado, "não é possível alocar mais recursos financeiros à prestação de cuidados de saúde". Em Portugal, por exemplo, cerca de 11% do PIB é gasto com estes serviços. Nos Estados Unidos, a percentagem chega aos 20%. Diz, João Seabra que "a tecnologia é uma alavanca fundamental para fazer mais com os mesmos recursos" através de uma gestão mais eficiente que acaba também por auxiliar os profissionais do setor a "gerir melhor os dados recolhidos dos pacientes".

Neste sentido, e ao contrário do que acontecia no início, a "tecnologia está a aparecer para prever e prevenir a doença ao mesmo tempo que ajuda a gerir a saúde". "Temos de gerir saúde porque a melhor forma de controlar os custos da mesma é não deixar que as pessoas fiquem doentes. Temos de encontrar mecanismos de prevenção para que as pessoas se mantenham saudáveis e evitem ficar doentes".

Para o exercício, João Seabra também destaca o papel dos equipamentos que nos acompanham todos os dias e que "já apoiam na gestão da saúde dos pacientes e daquilo que podem ser estilos de vida saudáveis" através de aplicações dedicadas. "Hoje em dia a inovação segue pela lógica da prevenção e menos pelo caminho da gestão da doença", considerou o português.

Mas esta digitalização do sector não vai apenas implicar novas oportunidades para os pacientes. Do outro lado, os próprios profissionais da saúde terão de se adaptar a uma nova forma de exercer medicina. "Começamos a ver entrar na medicina um conjunto de termos e tecnologias que tipicamente não faziam parte dela, mas podem trazer grande valor. Começa-se a ver cada vez mais a proliferação de sistemas robóticos que apoiam a cirurgia, por exemplo, e no passado isto era um paradigma que nem sequer se colocava. Inclusivamente, em Portugal, já existem várias instituições que introduziram, para várias especialidades, a cirurgia robótica", por isso, "os médicos já começam a estar muito mais sensibilizados com a questão e a forma como a tecnologia pode ajudar na prestação de cuidados de saúde e no futuro vão ter de estar muito mais abertos a isso".

A Atellica da Siemens Healthineers é um exemplo desta nova era tecnológica. Para os doentes, a pertinência desta inovação reside na rapidez com que os resultados dos seus exames podem ser revelados, 10 vezes mais rápido do que a grande maioria dos mecanismos utilizados atualmente.

Para os profissionais, a eficiência significa uma maior base de confiança para o processo de tomada de decisões sobre um paciente. Se hoje em dia um médico baseia 70% das suas decisões no trabalho laboratorial, no futuro João Seabra acredita que a percentagem será certamente muito maior. Não só por conta da eficácia mas também por conta do número de análises que vai sendo possível realizar com recursos a estes métodos automatizados.