http://imgs.sapo.pt/gfx/254567.gif Num mercado cada vez mais competitivo, a Sony Ericsson apresentou há duas semanas resultados positivos pelo quinto trimestre consecutivo, com crescimentos de vendas, lucros e quota de mercado. Em Portugal o crescimento da empresa é também elevado, sendo de esperar a duplicação das vendas no ano de 2004.

Na nova oferta de produtos para o último trimestre a Sony Ericsson continua a apostar nos camera phones, com funcionalidades de câmara fotográfica e de vídeo mais acançadas que são fruto da participação da Sony na joint-ventures. Raul Ortiz Gonzalez, director-geral da Sony Ericsson para o mercado Ibérico, falou ao TeK das vantagens da fusão das duas empresas, dos resultados da Sony Ericsson e do mercado português.

TeK: Depois de algum tempo em que a Sony Ericsson estava a ganhar mercado, agora os resultados são bastante positivos por vários trimestres consecutivos. Acredita que o mesmo crescimento do mercado está a acontecer em Portugal?
Raul Ortiz Gonzalez:
Em Portugal, a Sony Ericsson está a crescer a uma taxa muito elevada. No ano de 2003 vendemos 180 mil unidades e agora estamos já muito perto desse número apenas no primeiro semestre.
Mas no que diz respeito ao mercado português o crescimento já não é tão elevado. O mercado português está estabilizado à volta dos 2,7 a 3 milhões e penso que isso acontece porque o mercado não é subsidiado pelos operadores. O utilizador final tem de pagar quase todo o custo dos terminais. Essa é para mim a principal razão para esta estabilização das vendas. Noutros países os operadores usam outras tácticas para acelerar o mercado.

TeK: Mas em Portugal temos também uma taxa de penetração de utilizadores de telemóveis muito elevada, próximo dos 100 por cento, o que poderá justificar também essa política por parte dos operadores.
R. O. G:
Sim, essa é a razão principal. Mas eu continuo optimista em relação ao mercado português porque as novas tecnologias vão acelerar a mudança dos telefones baseados em voz para os novos equipamentos.

TeK: Pensa que esse tempo médio para a substituição dos telemóveis é mais curto ou equivalente ao de outros países europeus?
R.O.G:
É mais ou menos o mesmo mas tradicionalmente Portugal é um mercado muito inovador e acredito que os utilizadores finais são mais exigentes do que noutros países, embora estejam preocupados com o preço, sabem avaliar as funcionalidades de uma forma diferente dos outros países.

TeK: Uma das grandes tendências da Sony Ericsson é o “imaging”, onde há uma grande aposta. Acredita que esta é uma tendência a manter, com a convergência entre o telemóvel e a câmara fotográfica a assumir um papel de destaque?
R.O.G:
Como eu já referi antes, vemos agora resultados claros da joint venture entre a Sony e a Ericsson. No início havia algumas dúvidas no mercado, mas agora esta estratégia de imaging provou claramente que é um sucesso e foi desde o seu planeamento no início. Por isso agora vai ser uma vantagem competitiva para a nossa estratégia de futuro e vemos que estamos, felizmente para nós porque fomos bem sucedidos na fase de planeamento, a ser reconhecidos no mercado pelos produtos de imaging.
É óbvio que a Sony nos forneceu imenso conhecimento, pelo que os nossos produtos são claramente identificados com o conceito de telemóveis de imaging e o S700 é um claro exemplo disso e muitas vezes é difícil de distingui-lo de outras câmaras fotográficas.
Estamos a melhorar muito as funcionalidades de camera phone, já estamos a trabalhar na área de auto focus, que será uma tecnologia de sucesso para o futuro e onde estamos muito à frente do resto dos fabricantes de telemóveis, devido ao investimento em investigação mas também obviamente por causa da liderança da Sony na área de câmaras digitais.
Os componentes de câmaras são ainda muito caros e tornam os telemóveis muito dispendiosos. Parece-lhe que existe uma tendência para reduzir rapidamente esses custos?
Sim, há espaço para reduções nessa área mas a Sony Ericsson está posicionada como um fabricante de topo, reputado na qualidade. O que quero dizer é que – e também fruto da minha experiência passada no negócio de câmaras fotográficas – se pode sempre encontrar componentes mais baratos, até incrivelmente baratos, mas se quer ter uma boa imagem há componentes cruciais, especialmente as lentes. Por isso vamos assistir a reduções mas se não queremos perder o enfoque na qualidade da imagem temos de ter muito cuidado. E uma coisa é certa, a Sony Ericsson terá de comunicar aos utilizadores finais a questão da qualidade. Certamente outros fabricantes vão lançar telemóveis com câmara mais baratos mas não têm acesso à tecnologia da Sony.

TeK: Portugal é reconhecido como um dos países onde os produtos de imaging estão a vender muito bem. Essa é uma das razões que justificam o crescimento da Sony Ericsson em Portugal?
R.O.G.:
Absolutamente. Tivemos muito boas experiências em todos os operadores com os nossos terminais T610 e T630, que estão a definir o padrão no mercado em termos de qualidade de imaging.

TeK: Falando agora do 3G. A Nokia tomou a decisão de não integrar para já a videochamada nos seus terminais, devendo esperar até ao início de 2005 para o fazer por considerar que a tecnologia não está madura. Qual é a posição da Sony Ericsson em relação a esta tecnologia?
R.O.G.:
Não posso comentar as decisões da Nokia por razões óbvias, mas o que penso é que da perspectiva da Sony Ericsson desde o início – mostrámos demos é 2002 – percebemos que a videochamada é uma aplicação chave do 3G, mesmo que não lhe queiramos chamar uma killer aplication. Esta é a posição da empresa. A videochamada faz parte das funcionalidades do nosso terminal 3G e estará integrado nos futuros telefones da Sony Ericsson.

TeK : E então qual pensa que será a killer aplication, ou o serviço principal que irá dinamizar a adesão dos utilizadores ao 3G?
R.O.G.:
Haverá várias. Uma delas será a videoconferência, obviamente, mas também o desenvolvimento de uma forma mais fácil e rápida de navegar na Internet, sendo esta talvez a mais importante.

TeK: Portugal foi um dos primeiros países a lançar o 3G e temos uma condição quase única de todos os operadores terem já as redes em funcionamento comercial. Pensa que o facto de estarmos adiantados é positivo ou que seria melhor continuar em período de testes?
R.O.G.:
Existem sempre os dois pontos de vista. É positivo porque se aprende coisas, mas há quem prefira esperar e aprender com as experiências dos outros. O que penso é que o lançamento do UMTS em Portugal é o resultado de uma estratégia muito bem pensada.
Num mercado onde Portugal foi sempre muito inovador, e em muitos casos pioneiro, acho que é bom. Os operadores vão aprender e reconhecer as vantagens muito mais cedo do que os outros e acho que isso sempre compensa.

TeK: A Sony Ericsson está bem posicionada, vendendo os seus terminais 3G para a TMN e a Optimus, estando a finalizar o acordo com a Vodafone…
R.O.G. :
Sim, com o Z1010. Posso dizer-lhe que 100 por cento dos operadores a lançar o UMTS usa os nossos terminais.

TeK: Neste anúncio de produtos para o último trimestre não há nenhum novo telemóvel 3G. Para quando esperar um novo terminal que substitua ou complemente o Z1010?
R.O.G.:
Em todas as áreas de produtos vamos ter novidades em 2005, mas ainda acreditamos que o Z1010 é um óptimo produto e que tem ainda muito tempo de vida no mercado.

TeK: Um dos aspectos que notei nos resultados da Sony Ericsson agora apresentados é a redução continuada dos preços dos terminais. Esse facto está a afectar a margem de lucro da empresa com os telemóveis?
R.O.G.:
Na verdade o que baixou foi o preço médio de venda, o que é resultado de um alargamento da linha de produtos com equipamentos mais baratos. Aumentámos muito neste trimestre o volume de vendas, mas nestas existe uma variedade de produtos, com a expansão aos produtos de gama de entrada depois de termos estado mais focados nas gamas média/alta. O preço médio é por isso o resultado do mix de produtos.
Ao mesmo tempo que lançamos novos produtos no mercado de entrada, os resultados com as vendas dos topo de gama permitiram manter os lucros elevados.

TeK: Uma última pergunta: a Sony Ericsson reforçou a participação na Symbian, mas assistimos recentemente a um movimento dos operadores no sentido de criarem uma plataforma aberta independente. Como se posiciona a Sony Ericsson em relação a esta matéria?
R.O.G.:
Não tenho muitos dados para comentar, mas o que posso dizer é que se for uma plataforma aberta é bem vinda e que a Sony Ericsson vai fazer todos os esforços para harmonizar as iniciativas.

Fátima Caçador