Purple Mirror (quase rosa) e espelhado, elegante, leve e flexível. Estas são as palavras que imediatamente surgem para classificar o Galaxy Z Flip, que o SAPO TEK já tinha experimentado brevemente em fevereiro mas que tivemos oportunidade de testar mais a sério durante algumas semanas, ao mesmo tempo que também fazíamos a análise ao Samsung Galaxy S20 Ultra. São duas grandes “máquinas” muito diferentes, mas é inegável que o Z Flip é o mais diferenciador dos dois smartphones, por boas e más razões.
Tenho de começar por dizer que nunca tive um telefone cor de rosa, e que o único smartphone de concha que usei foi um Nokia Communicator, ainda em 1996, que na verdade era um pequeno computador de bolso com teclado QWERTY do qual ainda tenho saudades. Por isso é natural que olhasse o Z Flip com alguma desconfiança desde o início, não só pelo design mas também pela robustez do ecrã dobrável, com todas as questões que isso levanta e que já partilhámos na nossa análise ao Samsung Galaxy Fold.
Mas neste caso a Samsung faz quase tudo bem com o dobrável mais “feminino” e até pode ser um design experimental, mas tem a sua validade e espaço no mercado, como provam até os resultados de vendas em Portugal, com o Z Flip a esgotar poucos dias após ter chegado às lojas em Portugal (embora a Samsung não divulgue qual o número de unidades que estavam disponíveis). E tudo indica que há uma versão 2 a caminho.
Design arrojado que marca pontos no equilíbrio e flexibilidade
Ao contrário do que habitualmente fazemos numa análise a um smartphone, com o Galaxy Z Flip faz todo o sentido que comecemos diretamente pelo design. A categoria de dobráveis está ainda a nascer e alguma precipitação do Galaxy Fold gerou desconfiança no mercado, que começa a ser ultrapassada com os novos modelos que começaram a ser comercializados.
Na verdade entre os smartphones dobráveis há dois grupos diferentes (a Samsung está em ambos): o dos smartphones de 6 polegadas que se “estendem” a tamanho de tablets e os de 6 polegadas que se dobram para metade do tamanho. É nesta categoria que está o Z Flip, concorrendo diretamente com o Motorola Razr que o SAPO TEK também já experimentou na CES 2020, e que apesar de parecer estranho, numa altura em que queremos ecrãs maiores para tirar partido dos conteúdos multimédia, pode conquistar adeptos pela solução prática que apresentam.
Depois de se estranhar o modelo, é fácil conviver e habituarmo-nos ao Galaxy Z Flip. Aberto apresenta um ecrã de 6,7 polegadas, que não é tão brilhante nem agradável como os AMOLED a que a Samsung nos habituou, e as dedadas acumulam-se na superfície.
Quando fechado a dimensão é de quase metade, mas também duplica a espessura. Mesmo assim cabe facilmente num bolso, ou numa bolsa, até mesmo nas mais pequenas carteiras que muitas vezes as senhoras transportam consigo em cerimónias ou saídas sociais.
Com a forma como preparou a dobradiça e o Flex Mode, a Samsung conseguiu que o Z Flip se mantenha aberto em vários ângulos, mantendo-se num elegante ângulo e 90 graus que sugere uma nova forma de usar o smartphone, mas que acaba por não ser muito útil. Excepto para algumas selfies e funcionalidades que podem ser controladas com gestos, ou uma videochamada em que não queremos estar a segurar no telefone. Mas com este tipo de utilização está a reduzir o ecrã a menos de 4 polegadas na diagonal, e pessoalmente já não estou habituada a esta “limitação”.
Por fora a superfície é quase um espelho, e um pequeno display de 2,7 polegadas mostra algumas (poucas) informações úteis – hora e data e bateria mas também notificações e mensagens se deslizar o dedo sobre o ecrã - que evitam que esteja sempre a abrir o telefone para verificar notificações. Uma capa de proteção incluída no pacote dá mais resistência sem retirar o brilho, e é fácil de colocar e retirar.
Há uma certa satisfação no clic com que se fecha o smartphone, mas não consegui desenvolver a técnica necessária para o abrir só com uma mão. E isso por vezes é uma limitação, sobretudo quando temos as mãos ocupadas e precisamos de fazer uma chamada. A utilização dos auriculares Bluetooth com Google Assistant passou a salvar-me em alguns dos casos.
No geral o Z Flip parece sólido e fiável, mais do que esperava. Durante todo o tempo em que o utilizámos, algumas semanas no total, não detetámos nenhum dano, o que não significa que isso não aconteça ao fim de alguns milhares de “abre e fecha”, que se podem alcançar muito rapidamente se tivermos em conta que em média consultamos o telefone mais de 100 vezes ao dia, e que neste caso isso implica desdobrar e dobrar o ecrã.
Um desempenho à altura (e largura) do Z Flip
O desempenho também não foi um problema. O Z Flip tem um processador octa core, 8 GB de RAM e 256 GB de armazenamento que estiveram à altura da utilização que fizemos. Claro que é uma pena que a Samsung não use na Europa os processadores Qualcomm Snapdragon 855+, mas isso é uma conversa mais longa e antiga.
A principal limitação está na bateria. O smartphone tem duas células com uma capacidade combinada de 3.300 mAh, e na maioria dos dias durou o dia inteiro, mas já quase me esquecia de ter de colocar o telemóvel a carregar todos os dias, porque os equipamentos que normalmente utilizo acabam por estender o tempo de utilização a pelo menos um dia e meio.
Com o uso intenso que fazemos dos smartphones, 10 a 12 horas de bateria acabam por ser pouco, mesmo considerando que o pode colocar em carga no trabalho a meio do dia. Esta é uma área que a Samsung deveria reforçar na próxima versão do Z Flip, sobretudo porque é um elemento cada vez mais valorizado e porque é um factor de comparação inevitável quando alguém ponderar se compra um S20 ou um Z Flip. Mesmo assim é mais do que o Motorola Razr, que não testámos em ambiente real mas que tem uma bateria de 2.500 mAh.
Também na fotografia o Z Flip consegue pontos acima do dobrável da Motorola. A câmara principal tem um sensor de 12 megapixels mas os resultados são tão bons quanto seria de esperar com o investimento que a Samsung tem colocado nos seus sensores e no software, especialmente em baixa luminosidade. Mas quem quer apostar na qualidade fotográfica vai certamente escolher outros modelos de smartphones que já têm quatro ou cinco câmaras combinadas para o melhor resultado, e nem precisam de ir muito longe para os encontrar.
O Galaxy Z Flip vale os 1.529 euros que custa?
Esta é talvez a pergunta mais difícil de responder. Numa análise puramente de dados e racional a resposta é não. Há modelos com muito melhor desempenho, bateria, qualidade de câmara, funcionalidades de multitarefa e design elegante e de qualidade por preços mais baixos. O ecrã dobrável é frágil, não se sabe quanto tempo vai durar sem apresentar danos e não tem a melhor qualidade de visualização, o smartphone não é resistente a água nem ao pó e a bateria tem uma duração limitada.
Mas se a análise for além destes elementos racionais, e apostar no smartphone como um acessório de moda diferenciador, que marca uma posição, as contas já se alteram. Mesmo assim se não tiver pressa de ter o primeiro Z Flip provavelmente o melhor será esperar pela versão 2 que pode já não demorar muito a chegar ao mercado.
Pergunta do Dia
Em destaque
-
Multimédia
Missão Ariel da ESA quer explorar 1.000 exoplanetas e Portugal ajuda com engenharia e ciência -
App do dia
Wayther: uma nova app de previsões meteorológicas detalhadas para otimizar viagens -
Site do dia
Tetr.io é uma versão competitiva de Tetris e os adversários não dão tréguas -
How to TEK
Farto de reagir no WhatsApp com emojis? Crie os seus próprios stickers
Comentários