Não foi grande a surpresa perante a notícia de que a Optimus tinha decidido lançar um smartphone de marca própria, aproveitando a boleia da parceira Orange. Essa é a tendência que as outras operadoras móveis portuguesas já tinham assumido como o caminho para ter nas lojas equipamentos a preços mais baixos, libertando-se da "ditadura" das fabricantes.

A escolha do sistema operativo da Google também era lógica: afinal é assumido por todos os fabricantes que esta é uma opção mais económica, pelas facilidades de licenciamento, mas também o interesse que os utilizadores têm revelado pelos smartphones com Android justifica a opção.

À primeira vista o Optimus Boston Android tem tudo para ser uma boa alternativa a grande parte dos smartphones Android que se encontram disponíveis no mercado português. Fabricado pela Gigabyte - que integra a Foxconn, empresa que produz o iPhone da Apple - o design e os materiais utilizados no smartphone são agradáveis, assim como o tamanho, que não é demasiado grande para se tornar um peso pesado mas não compromete as funções esperadas, como a navegação na Internet e o interface do ecrã.

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Com 3,2 polegadas, o espaço para o ecrã táctil é um pouco “roubado” pela inclusão de alguns atalhos de acesso rápido por cima do espaço das teclas verde e vermelha, com as habituais funções de “ligar” e “desligar”, e uma trackball que se torna útil em algumas aplicações, como a navegação em páginas longas.

Os atalhos rápidos são definidos para voltar atrás nas funções, aceder ao menu principal ou a um menu de funções de acordo com o contexto da aplicação. Há ainda um atalho para a Web, que está configurado para aceder ao portal Optimus Zone. A opção por estes atalhos faz alguma diferença em relação a outros telemóveis Android e acaba por se tornar uma questão de hábito, até porque são mesmo “rápidos” e um descuido do utilizador a passar o dedo sobre esta zona abaixo do ecrã pode dar início a uma aplicação não desejada...

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De resto o interface do Boston não está muito personalizado pela Optimus, o que deixa mais espaço ao utilizador para “encher” o ecrã com as aplicações que quiser descarregar do Marketplace. E a opção é vasta, como já tivemos oportunidade de referir noutros artigos anteriores.

A personalização é aliás um dos pontos chave do sistema Android e é essencial para aceder aos serviços integrados da Google, desde o email ao Marketplace. Mas deve ir mais longe e vai determinar, certamente, uma boa ou má experiência de utilização. Para além da habituação (difícil) às teclas demasiado rápidas dos atalhos debaixo do ecrã, uma das maiores razões da nossa frustração com o Boston é o facto do ecrã se desligar automaticamente ao fim de 30 segundos de inactividade, um tempo demasiado curto para qualquer compasso de espera.

Basta quase piscar os olhos e distrair-se um pouco para o ecrã se desligar e obrigar a recorrer ao botão de “on”, no topo do telefone, para o trazer de novo à vida. Só que depois é preciso tocar ainda no “atalho rápido de menu", e por vezes em situações de luz intensa é difícil visualizar a informação no ecrã, já que este alerta surge em modo de luz reduzida, para diminuir o consumo de bateria, e dura uns escassos segundos.

Claro que este intervalo pode – e deve - ser configurado para dar mais tempo ao utilizador, mesmo sacrificando um pouco a bateria, que até tem uma duração razoável para este tipo de equipamento, durando mais do que o esperado, a menos que seja um utilizador intenso de vídeo, passando horas a ver filmes no YouTube (o que também não é muito aconselhado para o volume da factura no final do mês).

Por dentro o Boston conta com um processador de 600 MHz que se mostra à altura das exigências das aplicações e até de multitasking, não perdendo desempenho significativo com várias aplicações abertas, e mantendo a capacidade de mudança fluída e rápida, assim como o acesso Web.

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A velocidade de download é de 7,2 Mbps e a de upload de 5,2 Mbps, o que garante uma boa experiência de navegação Internet e uma ligação always on exigida pelo sistema operativo sem sobressaltos.

No resto das características “técnicas” o Boston mantém as funcionalidades habituais nestes smartphones, com acelerómetro para orientação do ecrã e bússola digital, assim como A-GPS para orientação através dos mapas da Google. A câmara está um pouco acima do tradicional, com um sensor de 5 megapixels e flash led, garantindo fotos nítidas e com qualidade.

A apreciação final de uma semana de testes é por isso bastante positiva, sobretudo quando se faz a análise qualidade/preço. Neste último campo o Boston tem trunfos para jogar, com um PVP de 179,90 euros, ou apenas 79,9 euros se o utilizador optar pelo tarifário Smart 30, o que o coloca entre os Androids mais baratos no mercado. Também por isso é mais fácil desculpar alguns pormenores menos positivos.

Fátima Caçador