Em 2019, a Asus lançou no mercado o Zenfone 6, um smartphone premium com uma característica diferenciadora: o seu módulo de fotografia giratório permitia utilizar o mesmo sensor topo de gama como câmara principal, assim como para captações selfie. O desafio da Asus era mesmo encontrar um mecanismo robusto e duradouro, para compensar as diversas vezes que o sistema é ativado diariamente, seja no uso para fotografias, como também na autenticação por reconhecimento facial.

E antes de começar a falar no novo Zenfone 7, que assenta no mesmo conceito, é bom fazer uma retrospectiva do anterior equipamento. Um ano depois, o Zenfone 6 continua a ser um smartphone que satisfaz as necessidades atuais, tanto ao nível da fotografia como vídeo, o que significa que no seu lançamento a Asus estava a pensar um pouco à frente, e não apenas como a próxima atualização da sua linha de smartphones.

O mecanismo rotativo continua a funcionar, na maioria das vezes bem, ainda que uma ou outra vez fique a meio. Parece que há uma descoordenação com o software, até porque a adivinhar este problema, a Asus introduziu no equipamento uma opção que força a sua recolha, através de um toque num botão alocado às funções rápidas (como a lanterna). O mecanismo do Zenfone 7 parece mais robusto e com mais “convicção” nos seus movimentos, mas claro que só a longo prazo se poderia avaliar o seu “desgaste”.

O olho do “ciclope” cresceu

Como novidade, na aplicação da câmara fotográfica, é possível aceder a três diferentes ângulos de posicionamento, caso necessite de fotografar ou filmar de uma perspetiva específica, como por exemplo a 90º. Desta forma evita o uso da regulação manual até encontrar o ponto que necessita.

O equipamento anterior grava vídeos até 4K a 60 FPS, que juntamente com 1080p, ainda são as duas resoluções mais utilizadas, sobretudo ao nível de streaming. Olhando para o YouTube, são cada vez mais as propostas de vídeos em 4K, mas ainda não são o standard. O novo iPhone 7 já dá o passo seguinte e oferece a capacidade de gravar vídeo a 8K. Mais uma vez a fabricante a olhar para o futuro da imagem, procurando estar sempre um passo à frente na sua oferta.

Esteticamente os dois smartphones são muito semelhantes à primeira vista, sobretudo na apresentação de um ecrã totalmente limpo, pela ausência de qualquer notch ou punch-hole para albergar a câmara. O anterior ecrã IPS LCD de 6,4 cresceu um pouco no Zenfone 7 para 6,67. Mas estamos a falar agora de um ecrã AMOLED com uma taxa de atualização de 90 Hz, com uma resolução de 1080x2400, o que é um passo de qualidade assinável.

Outra mudança estética e tecnológica diz respeito ao sensor biométrico de impressões digitais. No Zenfone 6, o sensor estava alocado na traseira do equipamento, num retângulo abaixo da câmara. No Zenfone 7 o sensor está agora na lateral do equipamento, embutido no botão de energia, que permite fazer a autenticação em simultâneo ao desbloqueio do sistema. O novo equipamento dispensou ainda a tecla de função dinâmica, atribuída, por exemplo, ao assistente inteligente ou nas mudanças de perfil (silêncio ou vibração).

Infelizmente a Asus sucumbiu às tendências e aboliu o jack 3,5 mm usado para ligar auriculares com fio. E na caixa não tem nenhum auricular USB-C, pelo que terá de optar por outras soluções wireless.

Ainda em relação ao módulo rotativo, a principal novidade do Zenfone 7 Pro é o upgrade às câmaras, passando de dois sensores de imagem para três. Tem um sensor Sony IMX686 de 64 MP com estabilização de imagem ótico (OIS); uma grande angular Sony IMX363 de 17mm com 12 MP; e ainda um sensor de telefoto de 8 MP com zoom ótico de 3X e digital de 12X.

Nesse sentido o módulo é agora maior, tornando o novo equipamento mais pesado no geral, com 230 gramas, contra os 210 do anterior. Pode não parecer, mas faz alguma diferença, sobretudo quando comparados lado a lado. De ter também em conta que em ambos os modelos o módulo da câmara é saliente da sua traseira e é o primeiro ponto de contacto com as superfícies.

Por isso, deve utilizar a capa protetora de plástico fornecido com o equipamento, neste caso em dose dupla: uma é preta com uma textura que diminui as “escorregadelas” da mão. A outra é totalmente transparente, para que o smartphone não se perca da sua estética. Já agora, o smartphone tem tons jade esverdeados na traseira, num toque premium. O seu corpo tem proteção Corning Gorilla Glass 6 para maior evitar riscos ou partir-se em queda, mas nunca se deve arriscar. E por falar em queda, caso tenha o módulo da câmara aberto, este deteta o perigo e recolhe-se automaticamente para evitar danos. Uma mecânica de proteção semelhante ao modelo anterior, mas agora ainda mais sensível. Basta “simular” uma queda de poucos centímetros para “assustar” o módulo.

O conjunto de câmaras da versão anterior continuar a ter uma grande qualidade de imagem, tanto ao nível de fotografias, como de vídeo. O Zenfone 7 é um passo em frente, com três lentes que permitem explorar todo o espectro das fotografias panorâmicas às macros com maior detalhe. E não foi para menos que a DXoMark lhe teceu grandes elogios da sua qualidade, seja em locais com boa iluminação, ou nestes dias mais cinzentos. Estamos perante uma das melhores câmaras de smartphones para a utilização de selfies para as redes sociais ou mesmo vlogs, visto que os sensores da frente e traseira são os mesmos.

Asus Zenfone 7
O "olho" da câmara foi reforçada no novo modelo com mais uma lente.

Durante o nosso teste confirmamos as excelentes texturas captadas e as paletes de cores ricas. Até se notam os poros da pele em locais menos iluminados. Senti mesmo que o software não exagera nas melhorias, preservando os tons daquilo que vemos a “olho nu”. Um aspeto interessante é que raramente captei uma foto tremida. A câmara tem um poderoso sistema de estabilização ótico de imagem (OIS, na sigla em inglês) que transformam qualquer amador num “fotógrafo profissional”.

E graças ao reconhecimento de cenários pela inteligência artificial, como a composição dos verdes das plantas ou animais, por exemplo, o smartphone dá uma ajuda na otimização da imagem. Basicamente, basta premir o botão daquilo que está a querer captar, que a câmara faz o resto. Claro que os profissionais vão querer explorar todas as ferramentas manuais disponíveis, incluindo a abertura, o ISO, o balanceamento dos brancos, etc.

Ainda no que diz respeito a selfies, as diferentes lentes permitem tirar fotografias com diferentes dinâmicas. A lente macro permite fazer o zoom 3X e tirar fotos “tipo passe”, enquadrando a nossa cara por completo na fotografia. A lente normal capta a foto habitual de selfie para partilhar das redes sociais. E a grande angular garante que ninguém fica de fora na fotografia de grupo.

No que diz respeito ao vídeo, este equipamento também não o vai deixar “pendurado” em nenhuma circunstância. Se já o Zenfone 6 gravava imagens a 4K, mas sobretudo a 1080p a 60 FPS com uma excelente qualidade, o novo equipamento trata de oferecer gravações a 8K, a 30 FPS. Foi impossível conferir o resultado dos vídeos, mas se pondera adquirir uma das novas televisões e ter um equipamento mais acessível com o registo desta resolução, pode ser uma proposta interessante de entrada. De notar que o esforço de gravar em 8K tende a aquecer e a “derreter” mais bateria.

E por falar na bateria, a Asus apostou na mesma capacidade de 5.000 mAh do anterior modelo. Considerando que o Zenfone 7 está ainda muito virgem, e com poucas apps instaladas, posso dizer que no Zenfone 6 uma bateria com uma utilização normal, com chamadas, navegação pelas redes e uso geral consegue aguentar sem dificuldade dois dias sem ser alimentado. E no caso de ser necessário, o smartphone conta com um carregador rápido de 30W.

Mais importante ainda que uma boa bateria ou velocidade de carregamento são as ferramentas que o smartphone utiliza para prolongar a vida útil da mesma. O sistema tem uma programação de horário que impede o equipamento ser carregado durante a madrugada, caso o deixe ligado à corrente, ou quando excede os 100%. Pode mesmo desativar o carregamento rápido e deixá-lo a “marinar” quando não tem pressa. Estas são apenas algumas funções do gestor disponíveis que já existiam no Zenfone 6. E passado um ano, sinto que a bateria tem praticamente o mesmo desempenho que tinha no seu início. Espera-se assim o mesmo para o novo smartphone.

Hardware de topo no seu interior

No interior, o Zenfone 7 Pro conta com um processador Snapdragon 865+ 5G (a versão standard tem um Snapdragon 865), um dos mais poderosos SoC do mercado, ou pelo menos até à estreia do novo Snapdragon 888. Tem ainda 8 GB de RAM e 256 GB de armazenamento interno. São especificações de topo que colocam este smartphone entre os melhores do mercado. Junte-se o facto de suportar 5G (na esperança do dia em que chega a Portugal), mas também tem Wi-fi 6, caso a sua rede doméstica a suporte. No meu caso, sem Wi-fi 6, e com uma rede de 100 Mb/s, o smartphone fez o download de PUBG Mobile, que pesa 2 GB, em três ou quatro minutos.

E por falar em jogos, obviamente que com esta configuração, o Zenfone 7 Pro é um dos melhores smartphones para jogar, não soluçando durante as partidas de PUBG Mobile, um dos mais exigentes títulos mobile. Isto se não quiser adquirir um smartphone de gaming, como o ROG Phone 3.

Os jogos são também eficazes a testar o som dos altifalantes do equipamento, e neste caso, é de boa qualidade. Distingue-se na perfeição as melodias e a ação dos combates, assim como as vozes de outros jogadores na partida. O smartphone tem uma coluna na parte inferior, ao lado da entrada USB-C, e mais um minúsculo orifício perto das câmaras, com uma qualidade inferior, mas eficaz a espalhar o som em torno do equipamento.

De apontar que durante a configuração inicial do smartphone a escolha do fornecedor de pesquisa por defeito será feita pelo utilizador, como um dos compromissos que a Google teve de assumir com a Comissão Europeia sobre as questões antitrust. Assim, poderá optar pelo GMX, Yandex e info.com, caso não queira optar pelo habitual Google search, tal como ficou estabelecido no leilão feito recentemente entre as empresas participantes.

A Asus expandiu os ingredientes que tornaram o modelo do ano passado interessante, adicionando-lhe um melhor conjunto de sensores à sua câmara “ciclope”. Além da necessária atualização de hardware no seu interior. Nesse sentido, é uma opção interessante para quem procura um smartphone com uma excelente autonomia, especificações de topo e ainda preparado para as futuras ligações de quinta geração e Wi-fi 6. E o seu preço de 799,99 euros encaixa-o num valor inferior que os “todos-poderosos” gigantes do mercado.