Há tablets e tablets. Existem o iPad da Apple, o Surface da Microsoft, o DynaPad da Toshiba, o G Pad da LG, o Yoga da Lenovo, o Aquaris M da BQ, o Xperia da Sony e existem muitos mais, conseguindo todos ser diferentes entre si.

Uns mais luxuosos, outros mais potentes, alguns mais elegantes e também há opções mais versáteis. O mercado evoluiu de forma rápida e de certa forma cada marca encontrou o seu próprio caminho.

Esta cavalgada foi feita de forma tão intensa - muito por causa da experiência que as tecnológicas foram ganhando no segmento dos smartphones - que rapidamente o mercado dos tablets ficou saturado.

O indicador que melhor espelha esta realidade é o facto de os tablets estarem em queda. Mesmo o iPad da Apple que sempre foi o modelo com maior sucesso comercial, teve vendas tão baixas como já não acontecia desde 2011.

Numa altura em que algumas marcas parecem estar a desistir do segmento devido ao menor interesse dos consumidores e à pouca rentabilidade dos equipamentos, a Asus não optou por esse caminho e decidiu refinar as suas propostas, apresentando aquele que possivelmente é o melhor tablet da marca até à data.

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Falamos do Asus Zenpad S 8.0 [Z580CA], um tablet com bom design, boa ergonomia e bom desempenho. Ao custar 350 euros consegue estar numa linha de preço abaixo dos chamados tablets premium sem que abra mão dos elementos mais importantes. Quer isto dizer que apresenta uma relação qualidade-preço justa e que pode muito bem ser tida como referência para outros tablets no mercado.

Ao longo do texto explicamos por que razão o Zenpad S 8.0 é uma hipótese obrigatória caso esteja a ponderar investir num tablet de gama média ou alta.

Não há segredos, há resultados

Para a criação de um tablet muito equilibrado a Asus não precisou de recorrer a truques de magia ou a segredos milenares. Fez o que qualquer fabricante de gadgets deve fazer: apostar nos componentes que realmente fazem a diferença numa determinada gama.

Já o disse mais do que uma vez e volto a referir - num tablet o ecrã é o componente mais importante e o do Asus Zenpad S 8.0 é de grande qualidade. Em quase todos os aspetos.

Em primeiro lugar tem uma resolução de 2.048x1.536 píxeis, mais do que generosa para um painel de oito polegadas. Todos os conteúdos ficam definidos e apresentam um bom recorte nas suas formas.

Para ajudar nesta definição a Asus apostou também num painel que garante um contraste longe de perfeito, mas satisfatório, e cores com um bom nível de saturação. Esta mistura ‘desiquilibrada’ produz no entanto tons demasiado ‘pesados’ sem necessidade - como os azuis escuros por exemplo - e alguns deslavados - como os amarelos -, mas não é algo que chegue para manchar o dinamismo que garante aos conteúdos.

Há ainda a destacar o facto de o ecrã ter bons ângulos de visão, outro factor essencial para uma experiência de visualização completa.

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A maior vantagem deste ecrã é ter oito polegadas, o que influencia a ergonomia do tablet. Por exemplo, o Surface Pro 4 também tem um ecrã de grande qualidade, mas o seu tamanho de 12 polegadas torna-o menos apelativo para o consumo espontâneo de notícias e redes sociais - simplesmente não é tão prático, se é que me faço entender.

Tudo isto para dizer que faça o que fizer no tablet - navegar na Internet, usar aplicações de redes sociais, perder-se no YouTube, fazer binge watching no Netflix, jogar um jogo como Lego Star Wars - terá sempre uma boa experiência de utilização. E tê-lo-á numa resolução que deixa a concorrência em apuros.

Ao contrário de um smartphone, o tablet serve maioritariamente para consumir conteúdos multimédia. Nessa sua missão o Zenpad S 8.0 passa com distinção e coloca a fasquia alta para dispositivos no mesmo nível de preço.

Mais fino, mas ainda por refinar

O design e a construção são outros elementos em destaque no Zenpad S 8.0. Sempre achei que os tablets da Asus tinham margem para melhorar no que diz respeito ao aspeto. Ainda que não fossem feios e ‘toscos’, também não eram na sua maioria tablets bem trabalhados.

Isso muda - finalmente - com este novo modelo. Toda a parte frontal do Zenpad é em vidro e ladeada por um friso de metal. A parte traseira fica entregue a um plástico macio branco e a uma larga tira de plástico com textura a imitar pele.

Penso que as imagens falam por si.

É um tablet bonito, é um tablet que transmite um bom toque e é um tablet que por também ser bastante fino - tem apenas 6,6 milímetros de espessura - acaba por passar no geral um aspeto mais amigável, limpo e apelativo.

Sempre que pegava no Zenpad S 8.0 lembrava-me do Xperia Z3, também um dos mais interessantes tablets que já me passaram pelas mãos. E isto é uma comparação de sentido positivo para a Asus, significando uma construção acima da média.

Há a destacar o facto de o ecrã ocupar uma grande percentagem da parte frontal do dispositivo, o que do ponto de vista estético ajuda a criar um visual mais minimalista.

Percebo a escolha da Asus em colocar uma tira rugosa na parte traseira do tablet. Serve para criar maior aderência nas mãos e do ponto de vista da utilização pode fazer algum sentido. Apesar de perceber, não gosto. Acho que é uma linguagem visual que não está enquadrada com o resto do produto. Outros tablets não têm esta tira e não foi por isso que o nível de usabilidade ficou reduzido.

Digo por isso que a Asus ainda pode melhorar um pouco mais o aspeto visual de uma futura versão do Zenpad S 8.0. A tecnológica de Taiwan tem larga experiência na construção de gadgets e sei que sabem construí-los com muito requinte - basta pensar em alguns portáteis da linha Zen.

Um tablet deste formato e com o objetivo que tinha, deveria obrigatoriamente ter trazido um nível de requinte mais completo. Acho que melhora muito em comparação com outros tablets da marca, mas sabemos que é possível fazer mais.

No entanto isso também acabaria por implicar outros níveis de preço e neste sentido a empresa encontrou um bom equilíbrio entre as partes.

Cumpre sem espantar

Não é um topo de gama nas especificações que apresenta, mas está bem servido. O Zenpad S 8.0 é um tablet mais do que suficiente para a esmagadora das tarefas que lhe atirar.

Processador Intel de quatro núcleos a 1,86 GHz, 4GB de RAM e armazenamento de 64GB. Nada mau para um tablet de 350 euros, certo?

Tem ainda uma unidade de processamento gráfico equivalente à do iPhone 5s. Não é a mais ambiciosa da atualidade, mas não deixa de cumprir bem as suas funções. Experimentamos alguns jogos que estavam em destaque na loja de aplicações do Android como Traffic Rider e Lego Ninjago, tendo ambos corrido de forma fluída e sem engasgos.

Acabará por ter um problema. A médio prazo alguns dos jogos mais recentes poderão não ter um desempenho tão fluído. Não deixará de poder jogá-los, mas também não estará a ter a melhor das experiências.

Mas tirando a componente de jogos, a unidade gráfica de um tablet acaba por passar despercebida durante a sua utilização. A menos que procure uma máquina de jogo num formato de oito polegadas, este não deverá ser um elemento impeditivo na sua aquisição.

Em sentido inverso e já a pensar no futuro, a Asus colocou uma ligação USB-C neste tablet. É a entrada multimédia que vai massificar-se nos próximos anos e é uma adição muito bem vinda.

A experiência que tivemos com o Zenpad S 8.0 foi fluída do ponto de vista do processamento, ainda que a nossa unidade de testes parecesse ter um bug no software que fazia com que o sistema congelasse em breves momentos. Uma atualização resolverá certamente esta questão, já que nos restantes testes - como multitasking por exemplo - não foi notado qualquer atraso. Mau era também: tem 4GB de RAM.

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E da mesma forma que já tínhamos feito a referência relativamente ao telemóvel Zenphone 2, voltamos a dizer para este equipamento: a Asus coloca aplicações a mais - imensas! - de origem no tablet. A primeira coisa a fazer é parar por completo estas aplicações, caso contrário isto acabará por ter impacto na performance geral do equipamento.

Em vez de tentar atrair utilizadores para as suas aplicações nativas, a Asus devia criar mais aplicações que dão propósito aos dispositivos como a Samsung e a LG tão bem fazem.

Falta por exemplo um verdadeiro modo multitasking que coloque várias apps abertas em simultâneo. Faltam parcerias com fornecedores de conteúdos que permitam tirar maior partido deste bom ecrã. Falta, na prática, criar valor acrescentado para o que é ser tablet.

Posto isto, não consigo deixar de pensar que o Zenpad é um Zenphone maior ao nível de software. E não devia ser assim.

A Asus também destaca o facto de o tablet ter um sensor fotográfico de oito megapíxeis, mas tal como sucede noutros dispositivos do mesmo segmento, este é um valor para ‘encher’ o olho dos consumidores. Além do formato do tablet estar longe de ser a melhor alternativa mesmo para fotografia casual, as fotografias do Zenpad S 8.0 saíram com pouca definição e pouca vivacidade nas cores. Mas está lá para o caso de precisar de uma câmara na parte traseira.

A da parte frontal tem cinco megapíxeis e tem qualidade suficiente para garantir videochamadas em que o seu rosto aparece definido e bem identificado.

Resta referir a bateria e nesse campo o Asus até surpreende, garantindo uma utilização que pode rondar as sete horas, dependendo sempre das tarefas que executar no tablet. É um bom valor sabendo que ecrãs de grande resolução costumam ter um impacto na autonomia.

Considerações finais

Olhando para o que a Asus conseguiu fazer com o Zenpad S 8.0 é preciso louvar e criticar ao mesmo tempo a postura da empresa: os louros vão para o facto de ter construído um bom tablet e sem pontos negativos consideráveis; a crítica está relacionada com algumas decisões que a empresa toma, como o facto de tratar o tablet como um smartphone.

Mas há bons indicadores a retirar desta experiência. O trabalho da Asus leva-me a dizer que a empresa pode aplicar algum do desenvolvimento feito no tablet na sua gama de smartphones. Uma próxima geração do Zenphone mais luxuosa, mais fina, mais leve e sempre com especificações ambiciosas, resultarão certamente numa afirmação da empresa. A Asus não está parada e isso é bom - põe a concorrência a mexer e no final ganham os consumidores.

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Mas o que importa aqui é o S 8.0. O ecrã é de qualidade acima da média e a sua filosofia de design também. O software garante o Android Lolipop 5.1 numa versão fluída. É verdade que já há uma versão mais recente do sistema operativo da Google, mas como o Android Marshmallow quase não se vê nem na Asus nem noutras marcas, prefiro não considerar isto como um aspeto negativo.

Para um tablet acima da média o preço de 350 euros que é pedido parece-me adequado e bastante competitivo. Mas neste nível de preço também já se pedia à Asus um maior compromisso com o formato de tablet sobretudo ao nível de funcionalidades e conteúdos, algo que não é visível.

Há uma versão do tablet  que vem com uma caneta eletrónica o que permite explorar funções mais criativas e produtivas, mas custa mais 100 euros e garante também uma capa protetora. Há outras versões mais baratas do Zenpad S 8.0 com especificações inferiores, mas sobre essas também não podemos falar. O que aqui foi dito é válido para o modelo Z580CA.

Se está no mercado à procura de um tablet talvez o Zenpad S 8.0 seja o medidor que deve usar para tomar a sua decisão. Afinal estamos a falar de um dispositivo móvel com 4GB de RAM, 64GB de armazenamento e que custa menos de 400 euros.

Veja se arranja igual a um preço mais barato ou um melhor cuja diferença de preço seja justificável com outras vantagens. Se não encontrou nem um nem outro, então talvez o Zenpad S 8.0 é o dispositivo que anda à procura.

Rui da Rocha Ferreira