Revelado na Europa no início de julho, num evento que o SAPO TEK teve a oportunidade de acompanhar em Paris, o Honor 90 chegou a Portugal em setembro e está disponível através das três grandes operadoras de telecomunicações, com um preço a rondar os 599 euros, pela versão com 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento interno.

No papel, o smartphone quer ser um upgrade em quase todos os aspectos do Honor 70, o modelo anterior apresentado em maio de 2022 e que também chegou a Portugal. Mas o Honor 90 cumpre o que promete na prática?

Comecemos pelo design. Logo ao primeiro contacto é possível notar que o Honor 90 é um smartphone surpreendentemente leve e os contornos do modelo adaptam-se à mão de forma confortável.

A versão que testámos, na cor Emerald Green, tem um painel traseiro com uma textura “frosted” que lhe confere uma maior proteção contra as marcas deixadas pelas mãos. Por contraste, as versões que tivemos oportunidade de experimentar durante a apresentação em Paris têm painéis traseiros com acabamentos espelhados que ficavam rapidamente cobertos com marcas de dedos.

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Os módulos de câmaras contam com um design que tem algumas semelhanças visuais aos do modelo anterior, mantendo o formato circular, mas com uma borda mais espessa em torno de cada um.

Embora a inclusão de módulos de com maiores dimensões seja uma tendência entre várias fabricantes, à medida que a tecnologia de câmaras se torna mais “apetrechada”, as escolhas de design nem sempre são as mais práticas e o Honor 90 enquadra-se nesta categoria.

A espessura do módulo de câmaras causa desequilíbrio quando o smartphone é usado sobre uma superfície plana. Se tem mãos grandes ou se costuma ter a mão mais aberta quando pega no smartphone, a dimensão do módulo pode causar algum incómodo. No nosso caso, acabávamos por estar quase sempre a esbarrar com o indicador nas câmaras.

Ao manusear o smartphone notámos que a maioria do peso parece estar concentrada no lado onde está o módulo das câmaras, o que pode causar “desastres” quando o coloca numa superfície que não é muito estável, que foi exatamente o que se passou connosco. Se é desastrado, o Honor 90 não é um bom smartphone para usar sem capa.

A configuração de câmaras é apresentada pela marca como um dos grandes pontos de destaque do Honor 90, sendo liderada por um sensor de 200 MP que promete imagens ultra nítidas. Há espaço para um sensor ultra-wide de 12 MP, com campo de visão de 112º, um sensor de profundidade de 2 MP e, para as selfies, uma câmara frontal de 50 MP.

No entanto, a experiência com as câmaras deixou a desejar. Por um lado, a captação de imagem, seja em fotografias ou em vídeos, em ambientes exteriores devidamente iluminados é onde as câmaras do Honor 90 conseguem “brilhar”.

As cores são vívidas, embora, em certos casos, seja possível notar alguns tons demasiado saturados e pouco naturais, em particular nas fotografias que apanham o céu ou árvores e plantas.

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O nível de detalhe é mais elevado em fotografias captadas em ambientes bem iluminados. Por outro lado, a perda de detalhe é mais notória em cenários noturnos ou de baixa iluminação, tanto em fotografias como em vídeos.

Nestes ambientes, por vezes, a definição dos elementos que estão mais longe acaba por perder-se e nem o zoom consegue ser uma grande ajuda. A par da perda de detalhe nas fotografias, verificámos também alguns efeitos visuais indesejados em múltiplos cenários, como casos de "lens flare", e alguma dificuldade na captação de elementos em movimento.

Se não se considera um fotógrafo ávido e usa apenas a câmara do smartphone para registar alguns momentos mais ocasionais, sobretudo em ambientes bem iluminados, o Honor 90 é capaz de dar resposta às suas necessidades. Mas se a captação de imagem é um aspecto importante para o seu dia a dia, seja a nível pessoal ou mesmo profissional, esta talvez não seja a melhor escolha.

Do ecrã à experiência com o MagicOS

O ecrã foi um dos pontos de destaque da nossa experiência. O display OLED quad curved de 6,7 polegadas tem resolução de 2.664 x 1.200 pixels, com taxa de atualização de 120 Hz e brilho máximo de 1.600 nits. Durante os testes verificámos que o ecrã consegue adaptar-se bem a diferentes cenários de iluminação e consegue ser lido mesmo sob luz intensa.

Com uma frequência de escurecimento PWM de 3.840 Hz e uma a certificação "livre de cintilação" da TÜV Rheinland, sentimos a diferença a nível de conforto visual no ecrã. Se costuma ter uma maior sensibilidade ocular tanto à luz como à cintilação dos ecrãs, as funcionalidades de escurecimento dinâmico e a tecnologia de ecrã noturno são também um “bónus” muito útil.

A navegação no ecrã é fluida, no entanto, uma vez que as curvas do ecrã são mais pronunciadas nas laterais, dependendo da forma como agarra no smartphone, pode acabar por abrir acidentalmente aplicações que não tinha intenção de abrir.

O processador Snapdragon 7 Gen 1 Accelerated Edition assegura um nível de desempenho adequado para um smartphone desta gama e o Honor 90 consegue correr aplicações sem solavancos, mesmo em modo "multitasking", com mais do que uma app a funcionar em simultâneo.

Porém, em cenários de utilização mais intensiva e onde são consumidos mais recursos o smartphone tem tendência para aquecer, por vezes ao ponto de se tornar desconfortável de utilizar. Por exemplo, ao fazer uma videochamada no Messenger, navegando em simultâneo no Instagram, a temperatura subiu de tal forma que sentimos a necessidade de parar e deixar o smartphone arrefecer durante uns minutos.

No interior, o Honor 90 está equipado com uma bateria de 5.000 mAh. A autonomia é uma categoria onde não temos queixas e, como pudemos verificar, a bateria consegue ter energia para o dia inteiro. Já com um consumo mais “regrado”, e com o modo de poupança energética ativado, é possível estendê-la até quase mais um dia.

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Em linha com o que é prometido pela marca, o carregamento com fio a 66 W é rápido e prático para aqueles momentos em que não tem tempo a perder e precisa mesmo de dar um “boost” à bateria. No entanto, note-se que o Honor 90 não suporta carregamento sem fios.

O Honor 90 chega com o MagicOS 7.1, baseado no Android 13. Apesar de funcionalidades úteis, como os widgets no ecrã principal ou até o suporte a gestos inteligentes, e de permitir alguma personalização, a experiência de software também teve alguns “dissabores”.

Por exemplo, a nível de organização, se quiser ver todas as aplicações instaladas na típica “App Drawer” do sistema operativo Android terá mesmo de configurar essa opção nas definições. Já que falamos de aplicações, existem certas apps pré-instaladas que, honestamente, não acrescentam muito à experiência de utilização e que nem sempre são fáceis de remover.

O smartphone também só suporta um ano de atualizações do sistema operativo e três de segurança, o que o pode tornar pouco apelativo para quem está à procura de um smartphone com um “prazo de validade” mais longo.

Em suma, o Honor 90 oferece uma boa experiência no ecrã e na bateria, mas este “brilho” não é suficiente para compensar os aspectos menos impressionantes nas câmaras, escolhas de design e até no software, que são elementos chave na experiência de utilização do smartphone.