Quem se lembra do Nokia Communicator? Numa altura em que a moda era "encolher" o tamanho dos telemóveis a Nokia sabia que tinha um nicho de utilizadores que gostava de um teclado QWERTY integral, acessível quando se abria o telefone, e a ideia nunca abandonou a linha de produtos da marca finlandesa.

O Nokia E7, que chegou recentemente às lojas portuguesas, é um digno herdeiro dessa linha de produtos que tem na árvore genealógica os modelos E61 e E71, com ecrãs pequenos e teclados integrais. Embora quando fechado o telemóvel pareça o irmão mais novo do modelo N8, lançado no ano passado, é quando se faz deslizar o ecrã para mostrar o teclado que a diferença se revela, mesmo em relação ao Nokia N97, que também tinha teclado QWERTY.

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Por baixo do ecrã de 4 polegadas, multitoque, o teclado QWERTY torna-o um pequeno computador que pode estar facilmente assente sobre a mesa ou ser usado em suspensão com o apoio de duas mãos. O sistema usado para aceder ao teclado, empurrando levemente os cantos do ecrã, é uma obra de engenharia que se torna agradavelmente surpreendente.

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São precisas as duas mãos para fazer surgir o teclado, com o ecrã a inclinar-se num ângulo de cerca de 45 graus, mas curiosamente o teclado acaba por não ser tão fácil de usar como era esperado, precisamente devido à "moldura" onde assenta a parte superior quando o terminal está fechado e à maior dificuldade de aceder à primeira linha de teclas, demasiado próximas do ecrã.

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Vale a pena pegar num telefone só para experimentar abrir e fechar o equipamento umas vezes, vendo o sistema em acção e verificando que a qualidade do design e da engenharia transmitem a confiança de que ao fim de milhares de utilizações o ecrã continuará a deslizar de forma tão suave e precisa como no primeiro dia, encaixando suavemente sempre que o quiser usar só em modo de toque sobre o ecrã.

Não há dúvida de que o Nokia E7 tem todas as características para o tornar um modelo topo de gama, desde a qualidade e robustez do design do chassi à elegância e descrição com que foram colocados os vários botões que que permitem aceder de forma fácil aos menus, à câmara de 8 Megapixels e bloquear o ecrã, ou gerir o volume de som.

Nada foi deixado ao acaso e apesar da dimensão e peso um pouco elevado (176 gramas quando o iPhone se fica pelas 136 gramas) o Nokia E7 é um telefone que se coloca facilmente no bolso do casaco e com orgulho sobre uma mesa de reunião.

Por dentro o Nokia E7 é consistente com o cuidado aplicado na apresentação. O processador ARM 11 de 680 MHz, 256MB de RAM suporte a gráficos OpenGL 2.0, mostra estar à altura das exigências e a memória de 16 GBytes parece suficiente para guardar muito da vida profissional e pessoal do utilizador.

A câmara de 8 Megapixels não é a melhor que a Nokia já incluiu nos seus telemóveis, mas não desilude na captura de imagens e de vídeo, permitindo a edição fácil das fotografias ou pequenas reportagens de vídeo, como já se torna habitual em alguns equipamentos. É pena que o botão dedicado à câmara não active imediatamente o modo de fotografia, obrigando o utilizador a navegar entre menus até encontrar a aplicação, o que pode fazer com que perca "aquele" momento ideal da fotografia.

O software que liga todas as funcionalidades é o sistema operativo Symbian 3, que a Nokia irá substituir pelo Windows na sequência do acordo realizado com a Microsoft, uma circunstância que torna um pouco estranha a análise de qualquer telefone da marca neste momento de transição.

Quem está habituado ao Symbian não vai estranhar a apresentação de ícones em modo "amigável", onde o utilizador define as aplicações e ferramentas mais importantes em três ecrãs, que pode passar rapidamente para um sistema de lista mais tradicional. Esta versão do Symbian 3 deverá em breve ser actualizada com a versão Anna, que deverá estar pronta para download dentro de algumas semanas e garante um aspecto mais "fluido e fresco", com navegação mais rápida.

Do email e ferramentas de produtividade às aplicações de jogos, facilmente acessíveis através da OviStore, o Nokia E7 pode tornar-se o centro de comunicação no dia a dia, mesmo na ligação às redes sociais.

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O email é fácil de configurar dando acesso a webmail ou ligação ao servidor de Exchange, o que facilita a combinação entre mensagens particulares e empresariais. A pensar na confidencialidade a Nokia incluiu a configuração de VPNs, e o suporte de conectividade é tão alargado como já é habitual nos terminais profissionais da marca, com Wi-Fi, Bluetooth e HSDPA até 10,2 Mbps.

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A Nokia pensou também na ligação de vídeo HDMI e inclui no pacote do telefone um pequeno cabo para ligar à televisão (muito curtinho), uma lembrança bem-vinda numa altura em que muitos fabricantes de electrónica de consumo ainda se "esquecem" dos cabos, obrigando os consumidores a compras adicionais…

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Outra curiosidade em cabos é a inclusão de um especial para ligar uma pen USB ao telemóvel. A ideia é interessante e contraria as críticas de falta de ligações que são feitas aos principais concorrentes, mas não é uma solução muito prática, já que obriga a trazer consigo mais um acessório…

Contas feitas a todos os elementos, este é um telefone que compete de forma elegante com outros "pesos pesados" do mercado, do iPhone a alguns dos principais protagonistas topo de gama do mundo Android, como a Samsung e o HTC.

O preço de 599 euros coloca-o obrigatoriamente nesta "prateleira", mas a experiência de utilização do sistema operativo não é tão satisfatória embora tenha ganho a nossa simpatia pela qualidade do design e engenharia do sistema de acesso ao teclado.

Deixamos abaixo um pequeno vídeo da Nokia que demonstra algumas das funcionalidades do novo terminal.