À partida é difícil perceber porque é que a Nokia continuou a promover de forma tão assertiva o Nokia N9. Quando o smartphone chegou ao mercado já era uma “curiosidade”, quer pela utilização do sistema operativo MeeGo - no qual a principal promotora desinvestiu -, quer pela nova direção estratégica da empresa finlandesa que se assume agora como “Windows inside”.
Mas depois de experimentar o Nokia N9 é fácil mudar de ideias, até porque este é um smartphone que não perde na comparação com os melhores Android e com o iPhone.
Apresentado em Junho deste ano, o N9 foi “atropelado” pelo anúncio da Intel de que ia integrar o desenvolvimento do sistema operativo MeeGo numa nova plataforma de código aberto, o Tizen. E por isso desde o princípio foi apelidado do primeiro – e mais que provavelmente o último – smartphone Meego. Mas agora que a Nokia já mostrou os seus primeiros smarthones com Windows Phone, percebe-se que pelo menos o design tem continuidade com o Lumia 800 com o Windows Phone 7.5.
A aposta no conceito “all screen” é uma das principais marcas deste terminal, onde o ecrã de 3,9 polegadas AMOLED domina de forma consistente, aproveitando a qualidade da imagem e a perfeição dos detalhes, como o ecrã ligeiramente curvo e a continuidade natural entre os materiais do chassi e o ecrã.
Sem qualquer botão físico nem capacitivo na parte da frente. É só arrastar o dedo para aceder a todas as funções, com o movimento de “swipe” que já faz parte dos hábitos de utilizadores de smartphone e tablets.
Os únicos botões estão localizados na parte lateral direita do telefone e permitem controlar o volume de áudio e ligar e desligar o telemóvel, ou ativar o ecrã. No lado esquerdo não há qualquer botão a interromper a continuidade do smartphone, mas no topo estão engenhosamente dissimuladas as portas do USB e uma reservada ao micro SIM, ao lado da entrada para os auscultadores, enquanto no fundo pequenos orifícios deixam passar (e bem) o som.
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Dissimulados por detrás do ecrã e da capa estão também vários sensores, de luminosidade, proximidade, movimento e orientação, assim como as antenas para comunicação com a rede móvel, Bluetooth e WLAN e GPS.
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O formato Unibody não deixa espaço para tampas que permitam o acesso à bateria, que não pode ser retirada à semelhança do que acontece com o iPhone, e por isso a parte traseira é dominada pela câmara de 8 Megapixels com lente Carl Zeiss e o flash LED duplo.
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Todo o corpo do smartphone é feito numa única peça de policarbonato, que pode ser preta, azul e rosa consoante a preferência do utilizador. Bonita, e resistente, esta opção não deixa hipóteses para “espreitar” os interiores, pelo que qualquer avaliação passa diretamente para o interface de utilizador. E a apreciação geral é positiva.
O sistema operativo MeeGo 1.2 (que tem o nome de código Harmattan) mostra-se um concorrente à altura do iOS da Apple e do Android, fácil de entender e de utilizar por qualquer adepto mais ou menos experimentado de smartphones.
Está tudo à mão de semear nos três menus de visualização: Aplicações, Eventos e aplicações abertas. A navegação entre elas é simples, com o “swipe” horizontal e para passar de uma aplicação ao menu só tem de recorrer ao "swipe" vertical, arrastando o dedo no ecrã.
A Nokia fez questão de “rechear” este smartphone único de muitas aplicações, para além das que podem ser descarregadas na loja da Ovi – gratuitas ou pagas. E cada vez mais é aqui que se faz a diferença dos terminais móveis, numa altura em que ter processador de 1 GHz e 1 GByte de RAM já é habitual em modelos de todo de gama, com os principais rivais a evoluírem para modelos dual-core….
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Entre os ícones de aplicações encontra as ferramentas habituais de contactos, agenda, browser web, email, mensagens, música, vídeos, mapas, mas também o acesso direto a ferramentas populares, como o Twitter, Facebook, Skype, YouTube, informação meteorológica da AccuWeather e jogos, como o Angry Birds ou o RealGolf2011.
Conte ainda com a navegação gratuita nos mapas de mais de 100 países em mais de 50 línguas, com funcionalidades de orientação a quem se desloca de carro ou a pé.
Mesmo sem garantias de continuidade do MeeGo, a Nokia tem um site especial para os programadores que quiserem desenvolver aplicações para esta plataforma, e um SDK específico, mas é melhor não esperar grande adições de aplicações à loja da Ovi específicas para este sistema – e até para Symbian…
No portfólio de aplicações pré-carregadas não falta também nada aos utilizadores profissionais que já se tinham habituado a outros smartphones da Nokia. Desde a configuração fácil de contas de correio eletrónico Exchange e POP3, como o Gmail, ao suporte alargado a redes móveis de várias partes do mundo ao equilíbrio perfeito entre ligações Wi-Fi e 3G para sincronização e navegação Web. Curiosamente a velocidade do HSPA está limitada 14.4 Mbps, mas que se revelam mais do que suficientes para a maioria das tarefas.
A navegação Web é rápida e fluída e o browser funciona com os controles habituais e pode contar com suporte a HTML5, mas não ao Flash.
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Um pormenor menos agradável está na ligação ao computador: o Nokia Suite, ou OVI Suite, não é suportado na ligação ao Nokia N9, que obriga à instalação do Nokia Link, que não permite a sincronização direta com o calendário e agenda do Outlook e está muito mais virado para o lazer, com a atualização da música, imagens e através do cabo USB ou Bluetooth.
Este poderá tornar-se um problema de resolução mais complicada, sobretudo para quem tem milhares de contactos guardados no Outlook e quer sincronizá-los com o telefone…
Mesmo assim, e somando todas as partes, a apreciação geral é boa. O MeeGo mostra-se bem capaz de tarefas tão exigentes como manter mais de uma dezena e meia de aplicações abertas em simultâneo, garante multitarefa e parece ser capaz de ajudar os utilizadores a navegar entre tarefas profissionais e de lazer de forma fácil.
A grande interrogação é decidir se compra ou não o telemóvel, que já está à venda em Portugal por 649,90 euros na versão de 16 GB, enquanto que a versão de 64GB tem um preço de 729,90 euros.
Para quem gosta do design valerá a pena esperar pelo Lumia 800, abdicando do MeeGo. Mas se quiser experimentar este sistema operativo (antes de comprar) e ficar fã, então vale a pena arriscar. Não será certamente o único e pelo menos não terá a sensação de “deja vu” quando olhar para o lado e vir que os companheiros de reunião têm todos um smartphone igual ao seu…
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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