O anjo da guarda da BQ ouviu as minhas preces: a empresa evoluiu no design e na construção dos seus smartphones. Era algo que a tecnológica espanhola precisava muito. Pois como já tinha referido, com a sua última linha de smartphones, os Aquaris M, a marca espreme as últimas gotas de uma estratégia que está a ficar gasta.

Com o Aquaris X5 tudo muda. Ou melhor: muda pouco, mas que se traduz numa grande diferença. Pela primeira vez a empresa decidiu construir um smartphone com metal do ponto de vista estético. É apenas o aro lateral, mas é a área na qual os dedos dos utilizadores mais tocam. Para segurar o smartphone, é preciso sentir o alumínio. Logo, é uma alteração que terá um grande impacto.

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O Aquaris X5 tem sem dúvida um aspeto mais moderno do que qualquer outro dispositivo móvel da BQ até à data. Está em linha com que outras marcas têm apresentado, seja a HTC, a Apple, a Samsung, a Huawei ou a Wiko.

Atrevo-me mesmo a dizer que o novo smartphone tem um aspeto iphonish. A parte inferior do telemóvel faz-me lembrar o iPhone. E se isto podia ser um pensamento tendencioso, acaba por ficar mais justificado sabendo que a BQ apostou numa versão rosa-ouro. Não é uma cor exclusiva da Apple e a BQ não será a única a usá-la, mas terão de saber viver com as analogias.

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Devo referir que só o aro é que é nesta cor tão específica, o rosa-ouro. O restante smartphone é feito em plástico branco e confesso que não gostei desta combinação. Mas isto são gostos - certamente que algum consumidor a vai adorar. Por outro lado, gostei bastante da versão preta do Aquaris X5.

Mas em qualquer uma das versões, o alumíno pareceu-me ser de qualidade e visualmente apelativo.

A aposta no alumínio é acompanhada de uma pequena reconfiguração de design. O aspeto quadradão que sempre caracterizou os telemóveis da marca espanhola dá agora lugar a um design mais arredondado. O facto de ser usado metal permite que as curvas sejam mais suaves, não tão acentuadas, e tudo se traduz num aspeto mais moderno.

Há outro elemento que contribui para esta ideia de modernismo. A BQ decidiu abandonar por completo os botões capacitivos ao estilo do Android. Decidiu apostar num design próprio: o botão Home é substituído pelo logótico da empresa, enquanto os botões de Recuar e Multitarefa são substituídos por um ponto cada.

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O que me deixou de pé atrás foi talvez o excesso de minimalismo. Acredito que ao início algumas pessoas poderão confundir as tarefas de cada botão, mas essa será uma questão que ao fim de algumas utilizações acabará por passar. Mas o facto de não ser algo imediato, obriga-me a referir este ponto.

Do ponto de vista estético, há uma notória evolução. Sou da opinião que as boas impressões que tive com o Aquaris X5 também serão partilhadas pelos consumidores quando o dispositivo ficar disponível em novembro.

Mas há outros elementos a considerar. A BQ voltou a apostar no segmento de gama média e este novo smartphone não pode ser considerado como um líder no seu segmento ao nível de especificações.

O ecrã tem apenas resolução HD, ainda que o pouco tempo que passei com o dispositivo deixou boas indicações. Existe definição nos contornos dos elementos e o painel tem um bom nível de brilho.

O sensor fotográfico apesar de ser apresentado como tendo 13 megapíxeis, uma vez mais pareceu-me o elemento mais fraco no conjunto da BQ. Ainda que as imagens tivessem sido tiradas numa sala de pavilhão com iluminação artificial, não deixei de reparar de imediato a grande quantidade de ‘ruído’ que as fotografias apresentavam. Mas claro, o Aquaris X5 merece uma ‘desforra’ num teste mais completo.

Assim como ao nível da performance e da capacidade multitarefa. O veredito terá de ficar para um teste mais aprofundado. Se há noite todos os gatos são pardos, então todos os telemóveis saídos da caixa tendem a ser rápidos e fluídos.

Considerações finais

São grandes as expectativas para o Aquaris X5 pois é a maior mudança que a BQ já fez nos seus smartphones. As especificações podiam ser mais ambiciosas no meu ponto de vista e uma melhoria no sensor fotográfico também seria bem vinda.

E daqui até ao seu lançamento efetivo, algumas alterações podem ser feitas.

Mas este era sem dúvida o movimento que a BQ precisava para se destacar novamente no mercado dos smartphones de gama média. Nos últimos tempos foi dos segmentos que mais concorrência ganhou - Asus, Wiko, Motorola, Sony, entre outros - e nada indica que vá abrandar.

As minhas boas expectativas são também de médio prazo. Hoje um aro metálico. ‘Amanhã’ um smartphone todo em alumínio, quem sabe. Parece-me que este é o primogénito de uma nova linhagem dentro da BQ. Uma família de smartphones mais requintados, mais premium - aquela que bem pode ser a família real da espanhola BQ.

Rui da Rocha Ferreira