Quatro dos dez estádios do campeonato de futebol que decorre de momento em França contam com relva criada com o AirFibr, uma tecnologia que ajuda a prevenir lesões e a manter os pisos em boas condições sob chuvas fortes. Esta é um entre vários projetos que estão a ser desenvolvidos sob o sistema de financiamento europeu SME e que se destinam a melhorar as condições e experiências de atletas e público em estádios de futebol.

Outros dois exemplos são a DBRLive, um sistema de publicidade nos painéis laterais que permite segmentar anúncios por região, e o eVACUATE, um conjunto de tecnologias que facilita a forma como os adeptos abandonam recintos desportivos em caso de emergência.

 

Relva “tecnológica” nos estádios do Euro 2016     

O AirFibr combina a verdadeira relva natural com microfibras sintéticas e cortiça, assente num processo de produção e desenvolvimento tecnológico – é este o “segredo” que tem mantido os relvados de quatro estádios do Euro 2016 em boas condições perante elevados índices de pluviosidade, e ajudado a prevenir lesões entre os jogadores.

A tecnologia marca presença nos relvados dos estádios de Lyon, Bordéus, Toulouse e Saint-Etienne, tendo este último sido o palco do jogo de estreia da seleção nacional portuguesa contra a Islândia.

E as diferenças para com a produção de relva “normal” são claras, conforme indicam os responsáveis pela tecnologia: “trata-se de relva verdadeira, mas as raízes são inseridas em fibras sintéticas em vez de no solo tradicional, com areia de silício a garantir uma drenagem que impede acumulação de água (o que causa lama) e também uma eventual secagem extrema”.          

Por outro lado, os relvados criados com base nesta tecnologia são mais “amigos” dos tornozelos e ancas dos jogadores, devido à base sintética que substitui a terra convencional e é composta de cortiça, uma matéria orgânica que absorve os impactos da corrida e expulsa o ar armazenado nesse momento.  

De acordo com testes levados a cabo pela Natural Grass, a empresa que criou a tecnologia AirFibr, “estes impactos são reduzidos em 40%”. “Com relva AirFibr é possível absorver a energia e força exercidas pelos atletas no solo e protegê-los face a eventuais lesões”, confirma Sylvain Massip, coordenador do ScalinGreen, um projeto que está a auxiliar a aplicação de fundos europeus no desenvolvimento desta tecnologia.

Publicidade nos estádios em função do espetador

“Os espectadores nos estádios e em casa não notam a diferença em termos de aspeto, mas o conteúdo que está a ser apresentando é bem mais relevante para os seus gostos e localização”, diz Charlie Marshall, responsável da Supponor, a empresa que criou o DBRLive.

O que esta tecnologia faz, basicamente, é segmentar por localização a publicidade que aparece nos painéis em torno dos relvados. Ou seja, no mesmo suporte físico junto às linhas surgem anúncios diferentes em função da região em que os espectadores se encontram: no estádio pode estar a ser mostrado um anúncio a uma bebida energética, por exemplo, mas a transmissão de TV mostra no mesmo painel anúncios a produtos diferentes nos vários países em que o jogo está a ser transmitido.

O “truque” está em fazer com que as câmaras de TV consigam detetar diferentes fontes de luz, incluindo infravermelhos invisíveis e que consigam “renderizar” anúncios distintos no mesmo suporte físico de publicidade. E estes elementos podem envolver a colocação de uma película sobre os painéis ou integrar nos próprios painéis a tecnologia em si.

O DBRLive já está em funcionamento na liga de futebol espanhola há algum tempo, mas a Supponor conta alargar o projeto a competições internacionais nos próximos anos.

Evacuar o estádio com tecnologia inteligente

A segurança é uma das prioridades máximas das organizações de eventos desportivos, principalmente quando estádios como os do Euro 2016 atingem a lotação limite, certo? Nesse sentido, e porque cada pessoa reage de forma diferente sempre que é preciso abandonar um local no âmbito de uma emergência, o projeto eVACUATE promete ajudar.

Este consórcio de investigação grego está a analisar a forma como os espetadores num estádio de futebol raciocinam sempre que é preciso abandonar o recinto perante uma emergência, estando eles sozinhos, em pequenos grupos e em multidões maiores, pois “as reações e comportamentos são distintos em função da dimensão do grupo”.  

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Dimitris Petrantonakis, professor na National Technical University de Atenas, na Grécia, explica as ferramentas de apoio à evacuação que estão a ser desenvolvidas. “Desde a instalação de câmaras com mais definição e zoom até à gestão de informação em redes sociais, por exemplo, tudo conta”, explica um dos responsáveis pelo projeto.

Em concreto, o que está aqui em causa é a utilização de painéis informativos com dados dinâmicos e ecrãs interativos que tornem mais claras as instruções de evacuação, e que sejam diretamente personalizáveis por quem os controla ao nível da organização. E também a integração de chips nos bilhetes para os eventos, por exemplo, elementos que podem depois ser “lidos” por smartphones em busca de informação.

O eVACUATE será colocado à prova já em setembro em San Sebastian, Espanha, numa situação em que voluntários simularão o abandono de um estádio com o apoio das tecnologias desenvolvidas no âmbito do projeto.

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