Desenvolver aplicações que ajudem a sociedade em muitos dos seus problemas e dificuldades. É este o mote da iniciativa Apps for Good, mas os resultados práticos são outros: criar espírito de empreendedor nos mais novos e colocá-los numa posição de autoaprendizagem e decisão.

No mês passado realizou-se a final regional Norte do concurso e o agrupamento de escolas D.Sancho II, no Alijó, levou para “casa” os dois primeiros lugares da iniciativa com os projetos SOS Senior e BabyCare.

Os projetos foram desenvolvidos por jovens do sétimo ano de escolaridade e como explicou ao TeK o professor Emanuel Teixeira, tudo está a cargo dos alunos: são eles quem têm as ideias, são eles quem desenvolvem os conteúdos e são eles quem programam.

No caso específico dos projetos dos alunos do Alijó o projeto SOS Senior consiste numa aplicação que coloca no smartphone, de forma simples e fácil de aceder, um conjunto de funções que são importantes para os idosos: contactos de emergência e de apoio como a Linha Saúde 24; alertas de medicação; interface com elementos de grande dimensão para uma utilização facilitada; marcação rápida de contactos; e geolocalização.

Já na aplicação BabyCare o objetivo é ser um apoio para as futuras mães, algo que de certa forma pode ajudar a promover o aumento da taxa de natalidade que se regista não só na região do interior do país no qual o município de Alijó se situa, como um pouco por todo o país.

Agendamento de consultas, calculadoras do índice de massa corporal e do melhor dia do mês para engravidar tendo por base o ciclo menstrual da mulher, contactos de emergência, também geolocalização e outras informações sobre o período de gestação são as funcionalidades e conteúdos disponíveis na app.

O agrupamento de escolas D.Sancho II conquistou ainda a quarta posição e teve inclusive projetos que preferiram não entrar a concurso. Isto para dizer o quê? A iniciativa fez mexer a comunidade escolar e entusiasmou os mais novos.

“Os alunos inscreveram-se por vontade própria, não houve obrigação letiva. Os miúdos transformaram-se em empreendedores e identificaram os problemas da sociedade”, salienta Emanuel Teixeira.

O professor de informática confessa que ao início os alunos ficaram confusos, pois a lógica de ensino era inversa: apenas a primeira aula foi expositiva, sendo que nas sessões seguintes foram os alunos quem assumiram o “leme”. “O empenho deles foi grande pois aprenderam que podiam fazer coisas”, destacou Emanuel Teixeira.

O professor salientou ainda que a capacidade de argumentação melhorou, assim como a autoestima dos alunos - algo que é importante sobretudo para jovens que têm origem em escalões sociais mais desfavorecidos, como o próprio professor explicou.

 

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Mais do que encontrar soluções, a iniciativa colocou os alunos em contacto com a programação. E para Emanuel Teixeira, este é um elemento importante pois “é uma linguagem de comunicação” tão ou mais importante do que outros idiomas.

“Fiquei fascinado com a facilidade com que as crianças conseguiam acompanhar o conceito”, confessou o professor.

Emanuel Teixeira defende que a programação devia ser incluída no programa de ensino português desde muito cedo. “Quanto mais cedo for absorvido, melhor será a próxima geração”, sentenciou.

Além dos resultados positivos que iniciativas semelhantes têm surtido noutros países, o docente acredita que ajudaria a resolver alguns problemas que existem com determinadas disciplinas, como por exemplo a matemática.

O professor de informática acredita no entanto que iniciativas como a Apps for Good estão a ajudar a Direção-Geral do Ensino a perceber que a programação nas escolas faz falta.

A final nacional da iniciativa acontece em setembro na cidade de Lisboa e os vencedores vão depois representar Portugal no evento internacional que vai decorrer em Londres, no Reino Unido.

Rui da Rocha Ferreira