
A Sensor Tower publicou a mais recente edição do estudo State of Mobile Gaming, onde são apontadas as tendências na área dos videojogos para smartphones, mas também as grandes mudanças neste sector, sobretudo a nível de monetização e a forma como os estúdios estão a manter os jogadores agarrados aos seus títulos através de estratégias criativas.
O estudo indica que as receitas do gaming em equipamentos mobile registaram um crescimento das receitas de 4% e o tempo gasto a jogar também subiu 7,9%, numa média de sessões que aumentou 12% em 2024, quando comparado com o ano anterior. No ocidente, mais em concreto na América do Norte, os jogos casuais conduziram o maior crescimento, em contrapartida, na Ásia, as receitas das compras de microtransações dentro das apps diminuíram.
Veja na galeria mais dados sobre o estudo
Tal como tem acontecido com os jogos de PC e consolas, no mobile tem crescido a tendência dos chamados “live services”, neste caso transformando muitos dos títulos existentes para este modelo de negócio, devido à dificuldade de atrair audiências para novos jogos. Estes jogos são alimentados por conteúdos constantes, vendendo passes de temporada e itens cosméticos, mantendo os jogadores interessados e retidos o mais tempo possível.
Por outro lado, o estudo indica que a monetização hipercasual continua em crescimento, ou seja, a combinação de venda de conteúdos nas aplicações, suportado pelos anúncios.
Os developers têm vindo também a ter dificuldades em encontrar um lugar de destaque para os seus jogos. Num mercado altamente saturado, a descoberta dos novos lançamentos continua a ser um desafio para os estúdios. Por outro lado, as empresas estão cada vez melhores a reter os jogadores nos seus títulos, e com isso, aumentar as receitas médias por cada utilizador que paga pelos conteúdos.
O estudo indica que houve uma quebra dos downloads de 57,6 mil milhões registados em 2020 para 49,3 mil milhões em 2024. Mas para compensar, as receitas foram de 82 mil milhões de dólares, ultrapassando os anteriores dois anos. O documento aponta que o crescimento das receitas está relacionado com o aumento dos gastos por jogador do que o influxo de novos utilizadores.

Os ecossistemas dos jogos free to play estão agora mais amadurecidos e consolidados. Mas a Sensor Tower aponta a necessidade de inovação, não apenas para adquirir novos jogadores, mas para convencer os mesmos a pagar e a retê-los. O estudo indica que a App Store de jogos iOS continua a ser a plataforma mais valiosa no que diz respeito à conversão de jogadores que pagam pelos conteúdos, sobretudo a nível de jogos casuais e mid-core. Já na Play Store da Google, a plataforma domina a monetização através de vídeos de anúncios, sendo a preferida para os modelos hipercasuais e casuais híbridos.
A Sensor Tower aponta que 2024 foi um ano de estabilidade, onde os estúdios tiveram de dobrar a retenção da audiência e a interação com os jogadores. Como referido, as operações de live services foram determinantes para o sucesso a longo termo. Considerando que os jogadores de títulos mobile não estão a fazer o download de novos jogos, estes têm vindo a gastar mais tempo a jogar, aumentando dessa forma as receitas através desses serviços, mantendo o lançamento constante de conteúdos.
Relativamente aos jogos mais bem-sucedidos, a Sensor Tower aponta que os títulos de estratégia são aqueles onde os jogadores mais investem tempo a jogar a nível global. E o grande campeão é Brawl Stars, o título que teve um grande crescimento de jogadores em 2024. Outros géneros que mantêm a retenção dos jogadores foram os shooters, os simuladores, puzzles, desporto e arcade, liderados respetivamente por Free Fire, Roblox, Royal Match, EA Sports FC Mobile Soccer e Offline Games – No Wifi.

Numa análise às regiões, a América Latina teve um crescimento de 13% nas compras de conteúdos nas apps, liderado pelo Brasil. O mercado brasileiro tornou-se o mercado mais utilizado para os lançamentos iniciais de novos jogos, servindo para testar e refinar os jogos e modelos de negócio antes da expansão global. Dessa forma, o Brasil solidificou a posição como um mercado-chave para a expansão do negócio mobile.
Por outro lado, o Médio Oriente continua a investir nos jogos mobile, tendo crescido 18% em 2024 nas receitas de conteúdos vendidos nas apps, sendo o maior crescimento de todas as regiões. Ainda assim, os Estados Unidos continuam a ser, de longe, o maior mercado de jogos mobile e aquele que mais cresceu em 2024, seguindo-se a China e o Japão.
Comentários