À medida que a pandemia de COVID-19 começa a afetar fortemente os Estados Unidos, milhões de cidadãos vêem-se agora obrigados a ficar em casa para tentar conter a disseminação da doença. O FBI tentou cair nas boas graças dos norte-americanos ao partilhar no Twitter a sua aplicação de exercício físico, incentivando os internautas “presos” em casa a experimentá-la. No entanto, além de dar indicações sobre como manter-se ativo, a aplicação recolhe os dados dos utilizadores, incluindo a sua localização e a que rede WiFi estão ligados.
O alerta foi dado por um utilizador do Twitter que decidiu experimentar a aplicação e que foi confrontado com uma série de pedidos de permissão que o deixaram alarmado. A publicação tornou-se viral e levou muitos a pensar que o FBI estaria na verdade a tentar arranjar uma forma dissimulada de garantir que as pessoas estão, de facto, em casa durante a pandemia.
Embora esteja a ser publicitada atualmente como uma espécie de personal trainer de quem está em isolamento, a FBI FitTest já existe desde 2018. Na altura em que foi lançada, a aplicação do FBI já levantava suspeitas acerca da forma potencialmente suspeita como recolhe e trata os dados dos utilizadores, noticiou a CNBC. De acordo com peritos, a linguagem utilizada nas políticas de privacidade da aplicação só tornava mais complicada a tarefa de decifrar o que a aplicação fazia às informações de quem a usava.
O FBI afirma que todos os dados recolhidos não são guardados pela entidade nem passados a outras organizações ou agências. No entanto, a política de privacidade indica que todos os indivíduos a usar a aplicação para aceder a páginas do website oficial do FBI estão sujeitos a serem monitorizados e gravados. O FBI ainda não esclareceu os verdadeiros propósitos da aplicação.
Os dados de localização dos smartphones estão a ser cada vez mais utilizados por Governos à volta do mundo como forma de garantir que os cidadãos cumprem as medidas obrigatórias de isolamento ou quarentena. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Governo de Donald Trump está em negociação com gigantes tecnológicas, como a Google, e com especialistas na área da saúde para desenvolver um plano que use este tipo de informação de forma a travar a disseminação da doença no país.
Já são vários os países que estão a recorrer à estratégia de recolha dos dados de localização dos utilizadores de smartphones ou, então, de aplicações de monitorização. O grupo de direitos digitais Top10VPN está a acompanhar o desenvolvimento da situação, compilando o que está a ser feito pelos Governos. Até ao momento, Portugal não consta da lista.
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