Um jogo, de gráficos não muito vistosos, em que o jogador controla uma nave espacial e tem que eliminar alguns obstáculos que aparecem pelo caminho. É esta a lógica de Play to Cure: Genes in Space. Mas há mais do que à primeira vista aparenta. O percurso que os jogadores percorrem são na realidade caminhos baseados na sequência genética de mais de 2.000 casos de cancro da mama.

Como explica o Público, cada vez que o jogador vira a nave no telemóvel está a indicar aos cientistas quais são as regiões do genoma de tumores malignos com alterações de maior densidade. Desta maneira forma-se uma comunidade de apoiantes "amadores" à investigação, acelerando assim um processo que seria muito moroso se feito por apenas alguns investigadores.

Os dados também são recolhidos mesmo quando a aplicação está a ser executada em modo offline, fazendo a transmissão de dados assim que se estabeleça uma ligação à Internet.

Desta forma quem estiver a conduzir a nave está ao mesmo tempo a contribuir com dados valiosos para uma investigação sobre este tipo de doença. A iniciativa é da Cancer Research UK, uma organização sem fins lucrativos, e da investigação fazem parte dois cientistas portugueses: Carlos Caldas, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e Samuel Aparício, da Agência do Cancro da Columbia Britânica em Vancôver, no Canadá.

Quanto aos erros que podem existir na jogabilidade, Carlos Caldas foi muito claro: "Alguns vão-se enganar, mas a soma de todos os resultados será provavelmente melhor do que obteríamos com um computador. Portanto, basta jogar!", disse o investigador ao jornal.

Nalguns testes preliminares os resultados conseguidos através do jogo conseguiram ser inclusive 15% mais precisos do que os dados conseguidos através de outros métodos de análise, escreve o New York Times.

Play to Cure: Genes in Space está disponível para iOS e Android de forma gratuita.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico