Sérgio Varanda acredita que sim. “Penso que em 2016 [o mercado de produção de jogos] continuará a aumentar, com mais pequenos estúdios a aparecer em Portugal”, defende. E o Sérgio sabe bem do que fala.

Depois de um percurso que passou pelo Skype, Sérgio Varanda “reside” há alguns anos na Miniclip e criou em Portugal uma sucursal da empresa de videojogos dedicada ao desenvolvimento de jogos para telemóveis que já é a área mais bem sucedida da empresa e que emprega já 90 pessoas, o que a torna o maior estúdio dedicado a esta área em Portugal. E este ano quer contratar mais 50 colaboradores.

“Ainda há uma grande oportunidade de crescimento deste mercado em Portugal, um país como a Finlândia com menos habitantes em Portugal tem mais de 1000 empresas de videojogos registadas”, afirma o empreendedor. E a Finlândia é um excelente exemplo por ser a “casa” da Rovio dos Angry Games e da Supercell do Clash of Clans, e onde os últimos números indicam que são gerados mais de 2 mil milhões de dólares por ano.

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Em Portugal não há muitos números. No ano passado a consultora Statista estimava que o mercado de jogos para telemóveis devia valer 24,6 milhões de euros em 2015 e que chegaria aos 35,3 milhões de euros em 2017. Mas o dinheiro não seria todo distribuído pelos estúdios portuguese.

Em 2014 o TeK fez um trabalho alargado sobre quem dá cartas no mercado de videojogos em Portugal, analisando cada um dos principais estúdios e falando com os principais protagonistas da criatividade que suportava os projetos. Desde ai vários fecharam, outros abriram, mas o potencial continua cá, na criatividade e na qualidade de desenvolvimento, mesmo que falte depois (quase) tudo o resto: capacidade de investimento e de internacionalização dos produtos.

“Tornou-se cada vez mais complicado criar jogos que consigam vingar no Top Grossing da Apple e da Google. As grandes empresas continuam a apostar em muita publicidade para manter os seus jogos no Top. Diz-se que a King e a Machine Zone gastaram mais de 200 milhões de dólares só em publicidade televisiva em 2015. Isto não significa que alguns pequenos estúdios não tenham conseguido vingar no mercado numa escala mais pequena, mas continuam a ser uma minoria”, explica Sérgio Varanda.

Há também outras barreiras a um maior crescimento em Portugal e o executivo da Miniclip aponta a falta de conhecimento nas áreas de Game Design e Game Production. "Precisamos de mais alguns sucessos nacionais para começar a haver investimento nesta área", alerta. 

A aposta deve passar pela formação de mais jovens, sendo para isso necessário aumentar o número de formadores com conhecimento real do mercado global de videojogos. “Vários dos nossos colaboradores já estão também a dar formação em várias universidades e escolas, o que está a ajudar o mercado a crescer”.

 

Onde se jogam as tendências que vão dominar 2016?

Depois de em 2015 ter aparecido no top dos jogos grátis uma nova categoria, a “Super Casual” com poucas compras in app e quase sempre subsidiada por publicidade, liderada pela empresa Ketchapp com dezenas de jogos simples mas altamente viciantes, Sérgio Varanda acredita que as compras dentro das aplicações vai manter-se como tendência.

“O modelo fremium, de disponibilização gratuita dos jogos para vender produtos adicionais in-app, está para ficar”. São elas que dominam as receitas e “é cada vez mais difícil de rentabilizar um jogo pago do que um jogo grátis com IAPs”, afirma.

A Miniclip quer continuar na senda do sucesso que já provou com o 8 Ball Pool e o Agar.io e lançar outro jogo com a mesma trajetória na conquista dos tops, embora admita que vai ser difícil, até porque Agar.io foi a terceira palavra mais procurada em 2015 no Google.

Vingar no mercado asiático está também nos planos da empresa, mas até agora tem sido difícil. Quem sabe 2016 não trará boas notícias também nesta área?