Ainda que não descarte o reatar da relação com a Google, no uso de Android em futuros equipamentos, a Huawei desde cedo respondeu às limitações impostas pela administração de Donald Trump com o seu próprio sistema operativo, o HarmonyOS, ou como é conhecido na China, o HongmengOS. Ainda existem dúvidas sobre a data de lançamento no ocidente do seu verdadeiro sistema operativo, já que atualmente, nesta fase de transição, os mais recentes smartphones têm sido lançados no mercado com novas versões do EMUI, que é uma adaptação da versão open source de Android.

Muitos especialistas apontam para a chegada do HarmonyOS ainda este semestre, a acompanhar o lançamento do P50. Mas mesmo antes da sua estreia, a Huawei tem já traçados alguns objetivos ambiciosos para o seu novo sistema operativo, cuja versão 2.0 já está disponível para developers desde dezembro. Durante essa mesma conferência, dedicada aos developers, a fabricante afirmou que durante 2021 queria ter 100 milhões de equipamentos alimentados pelo seu SO.

Mas esses números parecem agora ainda mais ambiciosos. A Huawei Central citou o chefe de software da marca, Wang Chenglu, referindo que os equipamentos baseados em HarmonyOS podem chegar entre os 300 e 400 milhões durante este ano. Considerando os 2 mil milhões de equipamentos baseados em Android, a Huawei pretende reivindicar um quinto desse bolo de utilizadores.

Apesar da margem de utilizadores ser Android, a Huawei não parece obcecada com os números a “roubar” à sua, agora, rival. Wang Chenglu salienta que o HarmonyOS não é apenas uma alternativa ao Android ou iOS, de forma a contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos, e tampouco está limitado aos smartphones. O especialista afirmou que o seu novo sistema operativo é todo um ecossistema preparado para um futuro gerido pela Internet das Coisas.

Pretende assim ligar smartphones e computadores a wearables, televisões e qualquer eletrodoméstico ou componente inteligente de IoT. Até porque os números de vendas de smartphones, a nível global, continuam a cair, muito devido à pandemia, e a empresa procura explorar outros sectores.

A Huawei pretende chamar para o seu ecossistema cada vez mais developers e estúdios de produção, abrindo-lhes o acesso às capacidades do HarmonyOS 2.0, as respetivas APIs para a construção de novas aplicações, assim como ferramentas poderosas de inteligência artificial no contexto Seamless AI Life, em que os equipamentos inteligentes podem interagir entre si.

Um dos trunfos do HarmonyOS que a Huawei reclama, é que todas as aplicações, independentemente do sistema para o qual estão a ser desenvolvidos, apenas necessitam ser produzidas uma vez. É um atrativo para os developers, que podem reduzir muito o tempo de desenvolvimento, pois as apps são redimensionadas automaticamente mediante o equipamento onde está a ser utilizado. Deixa de ser preciso uma versão para smartphone, smartwatch ou tablet, por exemplo.

A visão da Huawei é a criação de experiências em múltiplos equipamentos alimentados por inteligência artificial e a velocidade das ligações 5G. A fabricante tinha referido em dezembro que mais de 120 developers mainstream de aplicações já tornaram o HarmonyOS o seu sistema principal, dando o exemplo de nomes como JD.com, China UnionPay, Youku Video e a iFlytek.