Não há dúvida que a notícia bizarra de um iPhone ter sobrevivido a uma queda de quase 5.000 metros de altitude, sem um único arranhão, é uma excelente manobra de marketing gratuita para a Apple, pela resistência dos seus equipamentos. Mas a sua descoberta revelou também uma enorme falha de segurança por parte do seu próprio utilizador.

É óbvio que quando se embarca num avião, a última coisa que se pensa é que uma das portas seja aberta em pleno voo. Mas foi isso que aconteceu ao Alaska Airlines voo 1282, num voo de rotina entre Portland no Oregão para Ontário na Califórnia com 171 passageiros e seis membros da tripulação a bordo. Poucos minutos após ter levantado voo, uma das portas abriu-se e desapareceu no horizonte, deixando um gigantesco buraco na lateral do avião.

Ninguém estava sentado nos assentos ligados a essa porta, que era considerado um local de emergência e não houve qualquer ferimento dos passageiros. Mas claro que houve uma despressurização abrupta da cabina, fazendo com que vários objetos, entre headsets e smartphones, voassem pelo buraco, como reporta a BBC.

Na altura do incidente, o avião voava a quase 5.000 metros de altitude e muito provavelmente nunca se vai encontrar auriculares e a maioria dos objetos que voaram. Mas o utilizador da rede social X, Seanathan Bates, partilhou fotos de um iPhone que encontrou à beira da estrada, afirmando que este estava a funcionar, em modo avião e com metade da bateria. Este foi o segundo smartphone encontrado, mas não sinais do paradeiro da porta.

Mas como é que este foi associado ao incidente do avião, e não de alguém que o deixou cair de um automóvel? É que o equipamento não tinha qualquer bloqueio de segurança, nem PIN nem FACE ID ativado, tendo bastado ao utilizador fazer swipe para aceder ao iPhone. Mal desbloqueou o equipamento, apareceu uma fatura da companhia sobre o check in da bagagem do passageiro.

Tal como reporta o BGR, esta falha de segurança do passageiro, dono do equipamento, poderia ter colocado em causa a sua vida digital, acesso a email e dados pessoais, pagamentos ou mesmo eventuais conteúdos sensíveis ou íntimos, entre tudo o resto que estivesse registado no smartphone.

Num mundo em que se discute a falta de cuidado e de segurança dos equipamentos, não ter as medidas básicas de proteção pode causar danos irreparáveis. Ironicamente, o passageiro preocupou-se em proteger o equipamento, pois tinha um protetor de ecrã contra riscos e um estojo de proteção, que terão ajudado a amortecer o impacto da queda e tornado o caso viral. Mas essa preocupação de proteção não foi estendida aos seus conteúdos, que em caso de roubo o colocaria na mesma situação.

O moral da história é que mesmo num voo a 5.000 metros de altitude, alguém vai estar sempre com os pés assentes em terra à espera de encontrar um smartphone desprotegido e aceder aos dados pessoais. Deverá sempre, em todas as situações, bloquear o ecrã, estabelecendo um PIN ou reconhecimento facial. Neste caso, até que ponto o passageiro Cuong Tran deverá confiar em Seanathan Bates, que até partilhou fotos do recibo onde consta o seu nome?